Cidadão

Palipalan Arte e Cultura comemora 10 anos com mostra de teatro on-line

Produtora, que tem apoio da Prefeitura por meio da Cultura e Codel, realizará atividades entre os dias 26 e 28 de janeiro

A produtora cultural Palipalan Arte e Cultura comemora uma década de existência com a Mostra Palipalan Arte e Cultura 10 Anos, reunindo 11 espetáculos de diversas nacionalidades mais depoimentos de amigos e parceiros. As apresentações serão transmitidas ao vivo pelo YouTube, no canal da produtora (clique aqui). Os espetáculos serão exibidos simultaneamente, tendo início à meia-noite do dia 26, e ficarão disponíveis às 23h59 do dia 28 de janeiro.

Todo o conteúdo da mostra também poderá ser acessado pelo site www.palipalan.art.brA Palipalan recebe apoio da Prefeitura de Londrina, por meio do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel) e da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), e tem uma filial em Londrina.

A programação da mostra, totalmente on-line e gratuita, traz espetáculos de: Odin Teatret (Dinamarca) com “Sonho de Andersen”, Granhøj Dans (Dinamarca) com “Petrushcka Extended”, Open Program/ Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards (Itália) com “Dies Iræ – O Espetáculo Absurdo do Teatro Interior” e “I Am America”, Teatro Potlach (Itália) com “La Dolce Vita”, OpenLab Company (Itália) com “Natura Sonoris”, Aesop Studio (Itália/Alemanha) com “Holstebro Festuge”, Kiknteatr (Bolívia) com “155 Y Contando”, Mariana Percovich (Uruguai) com “Algo de Ricardo” e dos brasileiros Alexandre Dal Farra, com “Refúgio” e Michele Ferreira, com “Castor y Pólux, Uma Constelação”. 

Além dos espetáculos, o público também poderá assistir depoimentos de pessoas ligadas à história da Palipalan Arte e Cultura, amigos e parceiros do Brasil, Itália e Dinamarca. Serão falas de Eugenio Barba, diretor Odin Teatret; Julia Varley, atriz do Odin Teatret; Mario Biagini, diretor associado do Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards;  Pino di Buduo, diretor do Teatro Potlach; Nathalie Menta, atriz do Teatro Potlach; Daniela Regnoli, atriz do Teatro Potlach; Maria Tendlau, orientadora de Arte Dramática; atriz e diretora do Coletivo Bruto, Mary Raquel Balekian, iluminadora e coordenadora técnica e João Ribeiro, produtor. 

Sobre a produtoraA Palipalan é uma produtora voltada para o mercado da arte e cultura. Com sede em São Paulo, tem realizado diversos projetos e eventos visando a ampliação e diversificação de público, ações educativas e artísticas. Com a experiência adquirida em várias áreas que se complementam, se alia a outros parceiros com o intuito de contribuir e estimular o intercâmbio entre as mais diversas formas de expressão da criação artística.

Confira a seguir a descrição de cada espetáculo:

155 Y CONTANDO

Kiknteatr (Bolívia)

A força que a luta para se sustentar e para sustentar o que se quer (e o que se quer alcançar) requer o que se quer (e o que se quer alcançar), exige todo tipo de estratégias. Às vezes com sucesso, outras nem tanto… “155 Y CONTANDO (BATMAN)” é o relato pessoal de alguém em tal situação, alguém com tudo para alcançar o que quer alcançar. Em tal situação, alguém com tudo para alcançar o que se propõe a fazer, custe o que custar. Como você continua sendo quem você tem que ser no dia-a-dia, quando o que é mais valioso na vida está em risco?

Foto: Mariana Percovich/Divulgação

ALGO DE RICARDO

Mariana Percovich (Uruguai)

Obra do dramaturgo uruguaio Gabriel Calderón inspirada no poderoso texto Ricardo III de William Shakespeare, dirigido por Mariana Percovich. A versão objetiva visitar os mecanismos do poder contemporâneo, as relações do ator com o espectador e do teatro com seu público. A partir da revisão tanto da prosa como do verso, dos mecanismos de representação do teatro isabelino e do olhar que o gênero tem sobre os personagens, vamos conhecendo o ator que convidaram para protagonizar Ricardo III e que, como o famoso personagem de Shakespeare, encontra muitos obstáculos para atingir suas metas.

CASTOR Y PÓLUX, Uma Constelação

Michele Ferreira (Brasil)

Uma constelação. Peça que se passa nos dias atuais, mas que é uma espécie de seta apontada para o futuro. Três personagens que buscam, nos dias finais da vida sobre a Terra, saída para algum lugar no qual possam continuar a viver, ao mesmo tempo que pretendem esclarecer entre si suas relações mal resolvidas de uma vida inteira. A equipe conta que iniciou os estudos a partir dos mitos de Caim e Abel e de Castor e Pólux e temas em comum e caros surgiram durante o processo: a relação fraterna como organizadora da noção do “eu” – o outro que se assemelha e se diferencia e que gera amor e ódio; a dominação e o descolamento do homem da natureza – monocultura versus permacultura; a situação de paralisia e lacunar de espaço e tempo – entre passado e futuro – em referência à filósofa Hanna Arendt; e, o retorno e ascensão no mundo de regimes, governos e pensamentos autoritários e retrógrados. O projeto se debruça em reflexões formais e de conteúdos sobre um momento do mundo – também no que se refere ao isolamento imposto pelo COVID-19 – em que todos estamos voltados: a necessidade de mudanças de perspectiva de humanidade e a possibilidade da extinção dos seres humanos no planeta. Partindo da reflexão de Freud sobre as três feridas narcísicas da humanidade, que nos foram infringidas por Copérnico, Darwin e pelo próprio Freud, o presente projeto põe em cena personagens que tem ressonâncias com figuras bíblicas e mitológicas. No entanto, os coloca em um momento atual, misturados às pesquisas de ponta sobre fotossíntese e tecnologia, e em um intrincado jogo de relacionamentos humanos entre irmãos e amores mal resolvidos do passado. Em meio a esse emaranhado humano surge o momento crucial: o que fazer em meio ao final dos tempos? Como sairemos dessa enrascada? O roteiro e direção de Michelle Ferreira apontam para uma linguagem híbrida – entre teatro, cinema e videoarte – que intensifica a sensação de final dos tempos e engendra à trama um tom frenético, poético e de horror. A inserção das imagens sublimes e grandiosas do videoartista ítalo-alemão Stefano Di Buduo, potencializam e contrapõem às imagens captadas pelos atores em suas residências e suas participações ao vivo, criando assim, uma atmosfera que caminha no limite entre o absurdo e o real. Tudo isso se junta à história que se passa com os personagens tendo que resolver dois dos maiores enigmas da humanidade: como desenvolver fotossíntese por nós mesmos? O que fazer quando a Terra chegar no seu limite?

DIES IRÆ – THE PREPOSTEROUS THEATRUM INTERIORIS SHOW

Open Program – Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards (Itália)

“Dies Iræ – o espetáculo absurdo do teatro interior”, apresentado de 2003 a 2006, e criado no Theater des Augenblicks (Viena, Áustria), inclui textos de T.S. Eliot e F. Kafka, e escritos da tradição gnóstica, com cantos gregorianos e chineses. Um homem abre seus olhos no palco do seu mundo interior. No escuro, duas figuras aparentemente concretas ganham vida. Unidos por uma comédia absurda, procuram uma resposta, tentando de realizar uma tarefa que lhes foi dada. Esta aventura poderia ser também uma cruel investigação sobre a dúbia essência da arte teatral. Estes fantasmas formam uma companhia teatral com uma ideia de arte muito singular. Os atores do drama que se desenrola dentro do homem seguem uma liturgia. Onde se esconde a sua alma? A cada dia, uma loteria casual para encontrá-la. É possível que a escolha se transforme no recipiente de uma força redentora? Essa tentativa grotesca morrerá ou alçará voo?

HOLSTEBRO FESTUGE

AESOP Studio (Itália/Alemanha)

Palavras de Stefano Di Buduo: “Em 2011, Eugenio Barba pediu ao Estúdio Aesop que registrasse a participação do Odin Teatret no Holstebro Festuge, com película de cinema. Filmamos cada evento do Festival e produzimos um vídeo para cada dia. Agora, para o 50º aniversário do Odin Teatret, Eugenio me pediu que reeditasse meus vídeos e fizesse um filme a partir dele. Iniciado em 1989 para celebrar o 25º aniversário do Odin Teatret, o Holstebro Festuge mistura instituições oficiais locais e organizações de base com artistas e grupos de teatro estrangeiros em um processo teatral que dura nove dias e nove noites. Ele acontece a cada três anos com o Odin Teatret como principal motor artístico e coordenador. O que torna o Holstebro Festuge especial é que os habitantes não são apenas o público, mas participam ativamente através de seu próprio trabalho e de seus interesses recreativos. A ideia básica é reunir vários meios locais que normalmente não interagem, estabelecendo colaborações e projetos inovadores mútuos que são surpreendentes e podem ser vistos como expressões de desempenho organizado. Clubes esportivos, instituições culturais e educacionais, igrejas e seus paroquianos, minorias étnicas e religiosas, as associações militares, empresariais e comerciais, hospitais e casas de repouso – mais de 100 mil participam de múltiplas atividades inter-relacionadas dentro de uma estrutura teatral criada pelo Odin Teatret e artistas convidados”.

I AM AMERICA

Open Program – Workcenter of Jerzy Grotowski and Thomas Richards (Itália)  

Apresentado de 2009 a 2015, “I Am America” (Eu Sou América) é uma das obras do “Ciclo Ginsberg” do Open Program. A filmagem mostra uma versão de 2014: uma alegre ópera rock que explora o mito e as sombras dos EUA por meio dos poemas de Allen Ginsberg, musicados pelo Open Program. Escute: “…se você voltar para trás, de Blake a Paracelso e Plotino e Jakob Böhme, ainda mais para trás até Pitágoras, para trás, até aqueles dias, até os mistérios de Eléusis e os mistérios dionisíacos, os cultos dos mistérios, até o Oriente Médio, para atrás até a fonte de tudo isso – você chega a mesma fonte…” mas tão rapidamente as palavras novas nascem por cima das velhas, história empilhada sobre história, que a memória da fonte se acha enterrada. Entretanto, uma força subterrânea rola e atravessa os livros de história: um torrente escavando a rocha, a poesia. E a memória se perpetua nos cantos dos poetas. Acordo em uma cidade. Um poeta me vê e canta, me chama: América. E uma fogueira de visões se transforma em canto, novas palavras nascidas em cima das antigas. Olha, no meu rosto iridescente, tenho um milhão de olhos e milhões de mãos. Hoje, ao alvorecer de um novo dia, te ofereço a minha profecia de um amanhã nascente.

LA DOLCE VITA

Teatro Potlach (Itália)

Um espetáculo multidisciplinar original e inédito, que tem origem na realidade mundana da segunda metade do século passado, representada na grande tela pelo cineasta Federico Fellini. Inspirados pelas visões do gênio italiano, situações e personagens que agora fazem parte de nossos arquétipos culturais voltam à vida, graças à ação no palco de quatro atores e ao imersivo sistema cenográfico de luzes e projeções de vídeo. A vida mundana de Roma nos anos 50 e 60, tão bem representada no filme homônimo, é o pano de fundo desta colagem “felliniana”, na qual algumas cenas de outros filmes do mestre são ambientadas, expressando a grande imaginação associativa deste gênio da comunicação visual italiana, e são reinterpretadas em uma chave moderna. Teatro, dança e projeções de vídeo fazem parte deste espetáculo onírico, no qual os personagens entram e saem à vontade e levam os espectadores de todo o mundo para uma “outra” dimensão. Entre teatro e cinema, entre sonho e realidade, o espetáculo questiona, antes de tudo: a dolce vita ainda existe?

NATURA SONORIS

OpenLab Company (Itália)

Fragmentos de narrativa onde a escrita coreográfica e luminosa substitui a dramaturgia textual. Uma percepção microscópica que ressalta uma análise introspectiva por meio do silêncio e da proximidade. Natura Sonoris explora a complexidade da relação entre dois elementos, a dialética entre duas linguagens, duas matérias, orgânica e não orgânica, vivente e não vivente, corpo e luz. A composição não segue um princípio combinatório, mas respeita a especificidade e a natureza de cada elemento. Alimentam uns aos outros e ganham vida. No palco vazio o escuro é seguido por sinais luminosos desenhados em tempo real e que enquanto se propagam interceptam os limites do espaço revelando a matéria e o corpo da performer. Universos em contínua multiplicação são revelados no encontro com movimento, nas suas evoluções perdem e reencontram seus significados criando e transformando identidades infinitas. A extensão do corpo reconfigura a relação elástica entre espaço e tempo, empresta do passado e evoca o futuro, desafiando a percepção normal das coisas. O abstrato e figurativo confundem nosso olhar, abalam a fronteira entre o corpo humano e a paisagem. Fragmentos de narrativa onde a escrita coreográfica e luminosa substitui a dramaturgia textual. A palavra é perdida. O som evoca outro lugar. A Open Lab Company nasceu em 1991 do encontro de Laura Colombo – performer – e Luca Ruzza – arquiteto e cenógrafo -. Desde então a companhia está presente no teatro internacional com performances e instalações que utilizam uma linguagem onde a ausência da palavra, aliada a composição e elaboração do movimento, dá formas e complexidade a uma peculiar escritura cênica. Nos últimos anos a companhia atinge sua maturidade através de intercâmbios e projetos, resultado das suas pesquisas com alta tecnologia ligada às artes cênicas.

Foto: Potlach/Divulgação

PETRUSHKA EXTENDED

Granhøj Dans (Dinamarca)

Quatro bailarinos e uma pianista estão numa sala de ensaio três semanas antes da estreia de um novo espetáculo. O coreógrafo, que de fato acredita que ele tem o elenco perfeito, luta para fazer com que as relações entre os personagens evoluam de modo a refletir suas próprias expectativas. Figuras dançam, jogam e discutem com ansiedade, mas eles não se entendem uma vez que todos falam o seu próprio idioma, russo, polonês, escocês, grego e húngaro. Um dos principais nomes da dança na Europa, o diretor dinamarquês Palle Granhoj decidiu assumir um novo desafio e mais uma vez tem uma composição de Igor Stravinsky como ponto de partida de seu trabalho. Com o apoio do Instituto Cultural da Dinamarca, neste novo trabalho o coreógrafo pretende, antes de tudo, aprofundar seu encontro com a obra de Stravinsky, iniciado anteriormente com a montagem de Sagração da Primavera Extended (2013) e ROSE: Sagração da Primavera Extedend e que ainda hoje é considerada bastante progressiva, caracterizada por seus ritmos irregulares, sons orquestrais incomuns e acordes estranhos, que na época causou grande indignação, sendo o trabalho maciçamente rejeitado pelos críticos. Em Petrushcka, o coreógrafo faz a fusão entre um concerto de piano e um espetáculo de dança. A Dans Granhoj obteve os direitos musicais para desenvolver uma pesquisa contínua na obra do artista russo ao ponto de estender a composição de 35 minutos em 1h a partir da livre interpretação de sua partitura.

REFÚGIO

Alexandre Dal Farra (Brasil)

Com uma estrutura onde nada se explica completamente, em que a linguagem lacunar das personagens não se deve às suas características psicológicas, mas sim a uma indefinição objetiva da própria realidade, a trama da peça flerta com o ambiente do thriller, por um lado, e também, por outro, com o teatro do pós-guerra europeu – com uma inversão a partir da qual poder-se-ia arriscar denominá-la uma peça de pré-guerra. Em um contexto aparentemente cotidiano, algumas pessoas começam a ir embora, não se sabe para onde nem para quê. Uma mulher procura entender o que está acontecendo, seu marido a acompanha nesta busca. O mundo ao redor deles caminha para uma completa desestruturação, e ela mergulha cada vez mais em uma angústia sem solução, até que tudo se transforma em algo completamente novo e estranho. Refúgio foi indicado ao Prêmio Shell 2018 nas categorias de melhor autor, para Alexandre Dal Farra e melhor atriz, para Fabiana Gugli

SONHO DE ANDERSEN

Odin Teatret (Dinamarca)

“O Sonho de Andersen”, com o ensemble do Odin Teatret

Duração: 72 minutos – Classificação Indicativa: 14 anos

Uma comunidade de artistas se reúne em um jardim na Dinamarca. É uma manhã brilhante. Eles esperam a noite de verão, quando o sol se põe e dança. Um amigo está prestes a juntar-se a eles de outro continente. Com ele, divagando farão uma peregrinação às regiões de conto de fadas de Andersen. A Europa está em paz. Pelo menos o país deles está. Ou, talvez, apenas o jardim deles. Nesse espaço estreito, as horas parecem parar e liquefazer-se. No verão, a neve cai em flocos e fica preta. As fantasias deles navegam em um sonho tenebroso: um navio que transporta homens e mulheres acorrentados. Os artistas sentem o peso das invisíveis correntes. Eles também são escravos? Quando a peregrinação chega ao fim, os sonhadores a olhos abertos, percebem que esse dia de verão durou uma vida inteira. A cama do sono sem sonhos os espera. Seriam fantasmas, bonecos ou brinquedos essas figuras que aparecem para pegá-los? Que tipo de vida nós vivemos quando paramos de sonhar E que tragédia ou farsa dança o sol?

 

Texto: Samir Kadri, sob supervisão dos jornalistas do Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina e com informações da Assessoria de Imprensa  

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