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Londrina inaugura biofábrica do Método Wolbachia de combate à dengue

A unidade tem laboratório, profissionais treinados e vai desenvolver as etapas finais do Método Wolbachia, uma das principais estratégias e nova tecnologia no combate à dengue, zika e chikungunya

Começou a funcionar em Londrina, hoje (30), a biofábrica do Método Wolbachia, uma das principais estratégias e nova tecnologia no combate à dengue e outras arboviroses. A unidade, que tem cerca de 225 m2 e fica na Avenida Tiradentes, 6.565, conta com laboratório e profissionais treinados para desenvolver as etapas finais do Método Wolbachia, com a eclosão de ovos do Aedes aegypti. Na manhã desta terça-feira (30), foi realizada a solenidade de inauguração da biofábrica, com a presença de autoridades, visita guiada, e soltura simbólica de alguns mosquitos com Wolbachia.

Foto: Vivian Honorato / NCom

A iniciativa é da Prefeitura de Londrina, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em conjunto com o Ministério da Saúde (MS), Governo do Paraná, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e World Mosquito Program (WMP). O investimento em Londrina é de cerca de R$ 5 milhões, com recursos do Ministério da Saúde, e a previsão é que a biofábrica atue por 12 meses na cidade.

O método consiste na liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam no inseto, evitando a transmissão das doenças. Estes mosquitos, chamados de Wolbitos, não são geneticamente modificados e não transmitem outras doenças.

A previsão é liberar cerca de 3 milhões de mosquitos (Wolbitos), por semana, em Londrina, nos bairros da região norte e sul (União da Vitória, Califórnia e PIND); da região leste (Califórnia, Vila Fraternidade, Antares, Ernani Moura Lima, Abussaf, Lindóia e Ideal); região oeste (Jardim Bandeirantes, Leonor e Olímpico); e região central (Vila Brasil, Vila Recreio, Vila Nova, Shangri-lá e Vila Casoni).

A área de cobertura dos mosquitos atingirá 294 mil habitantes e as regiões foram definidas por um estudo técnico realizado pela equipe de Endemias da SMS, da Fiocruz e do MS. As liberações acontecerão de segunda a sexta, por 20 semanas, e a SMS estima que, dentro de 60 dias, seja possível identificar algum resultado com relação à transmissão de dengue na cidade.

Em todo o Brasil, apenas seis municípios foram selecionados nesta fase: além de Londrina, Foz do Iguaçu, Uberlândia, Presidente Prudente, Natal e Joinville também participam do projeto. De acordo com a Fiocruz, o Método Wolbachia tem eficácia comprovada e o impacto positivo da Wolbachia na redução das taxas de transmissão de arbovírus tem sido observado em várias cidades do mundo, inclusive em Niterói/RJ, onde o número de casos de dengue foi reduzido em 70%, chikungunya em 56% e Zika em 37%. Além disso, um Estudo Clínico Controlado Randomizado (RCT, sigla em inglês), realizado em Yogyakarta, Indonésia, aponta uma redução de 77% na incidência de dengue em áreas tratadas com Wolbachia.

Foto: Vivian Honorato / NCom

O líder de relações governamentais e institucionais do WMP Brasil, Diogo Chalegre, contou que a liberação dos mosquitos deve acontecer nas próximas semanas. Antes disso, segundo ele, foi feita uma atividade com a comunidade, chamada de engajamento comunitário, onde a equipe dialogou com a população. “Em Londrina, conseguimos engajar 133 mil pessoas e tivemos o número impressionante de 99% de aceitação do método. Isso demonstra o tanto que a população quer este método na cidade. As liberações dos mosquitos devem acontecer a partir do dia 16 de agosto, data em que chegam na cidade os tubos que conterão os mosquitos, os quais estão vindo da China. A liberação se estenderá por 20 semanas, e, ao longo deste tempo, o mosquito vai se estabelecendo nos territórios”, apontou.

O secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Rivaldo Cunha, lembrou que o Brasil vivenciou, neste ano, uma grande epidemia de dengue e de chikungunya, que infelizmente ceifou muitas vidas. “No caso da dengue, estamos falando de uma doença com a qual convivemos por 40 anos ininterruptos. Por isso, estamos elaborando, já em fase final, um plano para enfrentamento destas arboviroses, com um olhar especial para a substancial redução das mortes provocadas pela dengue e chikungunya. Afinal, é inconcebível que depois de 40 anos tantos brasileiros ainda estejam morrendo em decorrência destas doenças”, afirmou.

Com relação ao método, Cunha enfatizou que, finalmente, hoje há uma ferramenta diferente de tudo aquilo que era utilizado, que é a Wolbachia. “Por meio deste método, o mosquito perde a capacidade de transmissão do vírus da dengue, zika e chikungunya. Isso nos abre a perspectiva concreta para que possamos reduzir a utilização de inseticidas, como o fumacê, pois apesar de ser excelente para matar o mosquito Aedes, que está voando, também mata borboletas, lagartas, abelhas e pequenos pássaros. Além disso, provoca alergias respiratórias em crianças que têm tendência. Esperamos ampliar a atuação deste método, de maneira intensa, na região sul do país, com uma biofábrica que está em construção, em Curitiba. E no Nordeste, construiremos uma outra fábrica no Ceará”, contou.

Foto: Vivian Honorato / NCom

A diretora da 17ª Regional de Saúde do Governo do Paraná, Lucia Lopes, disse que os Wolbitos são muito bem-vindos em Londrina, pois o Estado vivenciou epidemias de dengue em 2024, 2023 e 2019. “A dengue é uma doença muito séria e o engajamento da população se explica por esta ótica, pois só quem viveu esta doença ou teve alguém quem ama com ela, sabe o ela significa. Agradecemos muito por esta iniciativa estar acontecendo em Londrina e esperamos que este projeto se expanda para os demais municípios do Paraná e tenhamos resultados promissores, como aconteceu em outras cidades”, frisou.

Foto: Vivian Honorato / NCom

Sobre o método – A Wolbachia é um microrganismo intracelular presente em cerca de 50% dos insetos da natureza, mas que não está no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, ela impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se desenvolvam dentro do inseto, contribuindo para redução destas doenças.

Uma vez que os mosquitos com Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com mosquitos de campo e ajudam a criar uma nova geração com Wolbachia. Com o tempo, a porcentagem de insetos que carregam a Wolbachia aumenta, até que permaneça alta, sem a necessidade de novas liberações.

Atualmente, o método está presente em mais de 20 cidades de 14 países. Os dados de monitoramento revelam que os Wolbitos estão se estabelecendo em níveis muito positivos nos territórios. O Método Wolbachia é uma medida complementar, ou seja, a população deve manter todas as ações para o controle da dengue, zika e chikungunya.

*Com informações da Agência Estadual e Notícias

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Dayane Albuquerque

Gestora de Comunicação - Jornalista da Prefeitura Municipal de Londrina, especialista em Comunicação Organizacional

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