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Viveiro Municipal mantém viva a natureza em Londrina

A partir de análise própria ou pedidos da comunidade, órgão conduz há 13 anos uma importante tarefa para a cidade: a arborização urbana

Talvez no frio esse pensamento não ocorra com tanta frequência, mas nos dias mais quentes, quando o sol parece querer engolir tudo, é comum desejar uma sombra e brisa fresca mais do que qualquer coisa. Nesses momentos, quando se sente na pele, é que o valor de preservar a natureza também nos espaços urbanos acaba sendo entendido por grande parte das pessoas.

Para efetuar esta tarefa e garantir que a “selva de pedra” não engula por completo as áreas verdes da cidade, o Viveiro Municipal atua desde 2011 em Londrina, realizando o plantio de mudas em locais designados ou escolhidos pela equipe da Secretaria Municipal do Ambiente (Sema). A equipe é composta por oito servidores municipais.

Sirlei de Souza, coordenadora do Viveiro Municipal. Foto: Emerson Dias/ NCom

“Tem a questão das árvores fazerem sujeira nas calçadas, mas a importância que essas plantas têm para o microclima é imenso. Quando as pessoas caminham em espaços arborizados, elas sentem a diferença que faz”, apontou a coordenadora Sirlei Julio de Souza, que há 12 anos atua no Viveiro Municipal.

O projeto mapeia espaços da cidade onde há menor índice de arborização, realizando as mobilizações necessárias para que o plantio seja feito. Além disso, recebem pedidos de munícipes através do Sistema Eletrônico de Informações (SEI), no Portal da prefeitura de Londrina, indicando ambientes para que o serviço atue. O órgão foca suas ações também nos fundos de vale, buscando evitar acúmulo de lixo e intervenções humanas impróprias.

“No dia a dia, observamos os espaços que não possuem arborização e vamos encaixando no cronograma para realizar o plantio. Também recebemos solicitações apontando áreas e espaços vagos para plantar árvores”, contou o diretor de Áreas Verdes da Sema, Gerson Galdino.

Com o local decidido, a equipe do Viveiro realiza uma visita para decidir quantas e de quais espécies serão as árvores plantadas no espaço. Após isso, voltam ao local com as ferramentas necessárias para efetivamente plantar as mudas, utilizando, em alguns casos, o hidrogel, substância capaz de absorver água e liberar aos poucos para a planta, possibilitando sua sobrevivência em situações adversas.

Foto: Emerson Dias/ NCom

Durante a análise do terreno, toma-se o cuidado para que a espécie escolhida não prejudique a calçada, fiações elétricas próximas e até outras vegetações do local. A sibipiruna, por exemplo, não pode ser plantada em qualquer lugar, já que é uma árvore de “gigante porte”, como explicou Sirlei. No caso desta planta específica, sempre que uma morre, o Viveiro Municipal coloca outra da mesma espécie no lugar.

Em alguns casos, o projeto acompanha o desenvolvimento das árvores plantadas por alguns anos, zelando para que cresçam saudáveis.

No início de sua implantação, as atividades incluíam a produção de flores, mas com o passar do tempo, passou a focar apenas em mudas de árvores das mais diversas espécies. Hoje, o Viveiro possui mais de 16 mil exemplares de mudas, de no mínimo 20 espécies diferentes, misto entre nativas da mata atlântica e exóticas, vindas de outras regiões do país e do exterior, como China, Índia, entre outros.

Foto: Emerson Dias/ NCom

Naturais da Mata Atlântica, o espaço conta com espécies como aroeira, sibipiruna, grumixama, angico, guaçatonga, além de ipês das mais diversas variações. De plantas exóticas, há exemplos como a cerejeira, canela e tipuana. Há ainda plantas protegidas por lei, como é o caso da peroba-rosa e o pau-brasil.

São disponibilizadas também espécies pouco conhecidas, como é o caso da “preciosa”, muda que chegou no Viveiro com apenas essa palavra na etiqueta. “Para mim, se tratava de uma acácia-rosa, mas pesquisando vi que é uma híbrida do pau-rosa, lá da Amazônia, de onde é extraído essência para o perfume Chanel Nº 5”, contou Sirlei. O uso do pau-rosa é regulamentado pelo Ibama devido à exploração excessiva e o risco de extinção. Segundo Sirlei, isso levou acadêmicos a criarem essa espécie híbrida no processo para extrair os recursos das folhas e da madeira.

Atualmente, todas as mudas do Viveiro foram recebidas como contrapartida ambiental, isto é, entregues por alguma instituição que causou algum prejuízo ao meio ambiente, colaborando desta forma para compensar o impacto de sua ação.

Para definir quantas mudas devem ser doadas como contrapartida ambiental, é quantificada o número de árvores no espaço afetado, identificando se são nativas, exóticas ou ameaçadas de extinção. Após isso, mede-se o diâmetro do tronco da árvore, definindo a quantidade de mudas a partir de uma tabela.

Foto: Emerson Dias/ NCom

Durante este processo para receber mudas como contrapartida ambiental, a equipe do projeto levanta e informa às entidades quais espécies estão em falta, para serem priorizadas na doação. Melaleuca de folha fina e alecrim-de-campinas, por exemplo, são espécies com relativa dificuldade em conseguir mudas.

Uma vez que as mudas chegam no Viveiro Municipal, são colocadas em baias, onde há aspersores alimentados por um poço artesiano. Quando o clima está mais quente, é realizada uma irrigação complementar com mangueira. O espaço é limpo regularmente, retirando moitas que surgem e podem prejudicar o armazenamento das plantas.

Qualquer pessoa pode ir até o Viveiro Municipal, localizado na Avenida Europa, Jardim Vale Azul, para retirar uma muda, sendo necessário apresentar apenas um comprovante de residência e documento pessoal. Neste processo, o órgão analisa o espaço onde o cidadão pretende realizar o plantio e, caso seja um ambiente propício para a espécie desejada, a muda é liberada. Em casos onde o espaço não é compatível com a planta desejada, os responsáveis apresentam uma vastidão de outras espécies mais indicadas para o local, auxiliando a pessoa a encontrar alguma que tenha interesse e possa ser colocada na área selecionada.

Uma vez adquirida, a própria pessoa fica responsável por realizar o plantio. O número de exemplares retirados depende do espaço disponível apresentado pelo interessado. Propriedades no meio do quarteirão costumam receber uma muda, enquanto propriedades em esquina normalmente têm acesso a três ou quatro mudas.

Foto: Emerson Dias/ NCom

Em julho deste ano, o Viveiro Municipal bateu o recorde de plantio mensal, com 1.530 árvores urbanas e nativas plantadas.

O secretário municipal do Ambiente, André Chen, destacou o impacto que esse trabalho proporciona ao solo londrinense, sobretudo diante das alterações climáticas recentes. “O reforço na política de ampliação e manutenção da arborização urbana é de extrema importância. Nós temos que entender que cada árvore plantada na área urbana se reverte em benefícios para todas as pessoas da cidade”, comentou.

Para a derrubada de uma árvore por um cidadão, independente da condição, é necessário formalizar um pedido junto à Sema, para que seja feita uma análise técnica da situação. Caso este processo não seja seguido, a remoção é cabível de multa.

Foto: Sema/Divulgação

“Uma vez constatado que a árvore está com problema, ela é abatida e outra tem que ser plantada no local”, contou a coordenadora do Viveiro.

Vale ressaltar que, de acordo com o artigo 52 da Lei Municipal nº 11.996, de 30 de dezembro de 2013, a topiaria, isto é, a poda ornamental, é uma ação proibida em Londrina, uma vez que prejudica o desenvolvimento saudável da árvore.

Outra designação importante, baseada na Lei Municipal nº 11.996, de 30 de dezembro de 2013, define como obrigação de todo imóvel ter uma árvore plantada em sua frente, com ao menos 1,80 cm, como parte da arborização urbana. Sem cumprir essa medida, o proprietário pode ficar impossibilitado de emitir o Habite-se, documento concedido pelas autoridades municipais que atestam que determinado local está em condições adequadas.

A solicitação de plantio de árvores em área pública pode ser feita a partir deste link.

Texto: Gabriel Navas, sob supervisão dos jornalistas do Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina.

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