Conjuntura nacional é pano de fundo de longas metragens nas sessões desta terça-feira no Ouro Verde; trabalho conta com patrocínio do Promic
A programação desta terça-feira, 14 de novembro, do Festival de Cinema de Londrina envolve muita ficção e alguma realidade – ou vice-versa. O fato é que a tela do Cine-Teatro Ouro Verde exibirá filmes cujo pano de fundo é o conturbado momento político do Brasil, a exemplo da obra de Heloísa Passos, que fecha as sessões do dia, às 21h30. “Construindo Pontes”, com 72 minutos de duração, retrata a relação da própria cineasta com seu pai, um engenheiro que teve seu momento de glória durante o
regime militar que vigorou no País entre 1964 e 1985.
Heloísa Passos assina a direção de fotografia de mais de 20 filmes, premiados nacional e internacionalmente. “Construindo Pontes” recebeu o prêmio IDFA de melhor pitching no DocMontevideo de 2016 e o Prêmio Marco Antônio Guimarães no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro deste ano. A cineasta estará no Ouro Verde, para apresentar o filme e, depois, debater com a plateia.
Missão: matar JK – Enquanto Heloísa usa projeções, mapas e fotos como pontes para chegar ao passado, Adirley Queirós recorre a um ambiente intergaláctico em “Era Uma Vez Brasília”, com exibição marcada para as 19h30. Em 1959, preso por fazer um loteamento ilegal, o agente WA4 é lançado ao espaço. E recebe uma missão: voltar à Terra para matar o presidente Juscelino Kubitschek no dia da inauguração da Capital Federal. Sua nave, porém, perde-se no tempo e aterrissa em Ceilândia,
cidade-satélite de Brasília, em 2016, que a obra de Queirós considera o ano zero P.G.(pós golpe).
“Era Uma Vez Brasília” conquistou os prêmios de melhor direção de fotografia e som do Festival de Brasília deste ano e Menção Especial do Júri no Festival de Locarno, Suíça, também em 2017. A trajetória de Adirley Queirós inclui os principais prêmios do Festival de Brasília de 2005 com o curta “Rap, O Canto da Ceilândia” e de 2014 com o longa “Branco Sai, Preto Fica”, este premiado também em Mar del Plata (Argentina), Ficunam (México) e Viennale (Áustria).
A periferia de ‘Baronesa’ – A sessão das 17h reserva mais um momento de reflexão sobre o momento nacional. “Baronesa”, de Juliana Antunes, aborda a realidade na periferia de uma grande metrópole a partir de uma perspectiva feminina, de uma maneira que ainda não tinha sido vista no cinema. Uma experiência única e poderosa, segundo a autora, inclusive por entender que “realidade” é um conceito que sempre incluirá fabulação, imaginário e autoficção, “pois também disso se forma o real”.
O filme de Juliana Antunes – programadora da Cine 104 e curadora do Cineclube Aranha – foi considerado pelo júri da crítica o melhor -longa da Mostra Aurora e conquistou o Prêmio Helena Ignez para o destaque feminino na 20ª Mostra de Cinema de Tiradentes, em 2017.
Fuga para Berlim – A abertura da programação de terça, às 15h, fica por conta de “Muito Romântico”, produção germânico-brasileira de 2016, assinada pelo casal Melissa Dullius e Gustavo Jahn. Eles formam o duo artístico Distruktur desde 2006, quando deixam o Brasil para viver em Berlim. No filme, que recebeu menção honrosa no Festival Internacional de Cinema Nowe Horyzonty, o mais popular da Polônia, em 2016, Melissa e Gustavo atravessam o Atlântico em busca de uma nova vida na
capital alemã. Seguem fazendo filmes, amizades e música, mas um segredo revelado faz o medo vir à tona. Perdem o rumo, até o dia em que encontram um portal para o cosmos, expandindo a travessia para além do tempo e do espaço.
O Festival Kinoarte de Cinema é uma realização da Kinoarte (Instituto de Cinema de Londrina) com produção da Produtora LesteBR e patrocínio da Prefeitura de Londrina via Programa Municipal de Incentivo à Cultura ( Promic). A 19ª Edição do Festival conta com o apoio da Casa de Cultura e da Universidade Estadual de Londrina, da Viação Garcia e Brasil Sul, Supermercados Viscardi, Refriko, ACIL e promoção da RPC e do programa Trem das Onze, da rádio da UEL.
