Projeto “Focinhos que Salvam” é realizado com pacientes do CAPS III
Pessoas com transtornos psiquiátricos graves recebem, uma vez por semana, visita de animais como cachorro, gatos e tartaruga
Os pacientes atendidos no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS III) estão participando do projeto “Focinhos que Salvam”, que oferece terapia assistida com animais, desde o início de março. A iniciativa é desenvolvida pelos alunos e professores dos cursos de Veterinária, Psicologia e Fisioterapia da Universidade Filadélfia (Unifil), com o objetivo de promover o bem-estar, alegria e amor através da interação com os animais.
O projeto existe desde 2016 e já beneficiou mais de 1.000 pessoas. Além do CAPS III, a iniciativa atende diversas entidades como hospitais, escolas, creches, abrigos e lares. No Centro de Atenção Psicossocial os encontros estão acontecendo todas as sextas-feiras, às 13h30. Até agora, foram realizadas três visitas e a próxima acontecerá na sexta-feira (6), na Rua Alba Bertoleti Clivati, 162, Alto da Boa Vista, região norte. A ação será desenvolvida no CAPS até o final do ano e, em média, participam 30 pacientes por vez, variando conforme os atendimentos do dia.
Além da equipe da Unifil, estão presentes nos encontros a psicóloga do CAPS III, Isabela Temis Pupin, e a terapeuta ocupacional do Centro, Maristela Handchucka. Segundo a coordenadora do CAPS III, Juliana Perez Moreira Baratto, participam do projeto os pacientes atendidos pelo Centro, que são aqueles que possuem transtornos mentais graves, como esquizofrenia, bipolaridade e depressão grave.
Juliana explicou que embora a ação esteja apenas começando no CAPS, já percebeu os benefícios da visita dos animais. “Os encontro estão sendo muito terapêuticos. Alguns pacientes são introspectivos e percebemos que com os animais eles acabam se soltando, recebendo e demonstrando afeto, o que é muito importante para eles. Notamos também que eles ficam mais calmos e felizes durante as visitas” contou. A coordenadora enfatizou ainda que todos os pacientes estão gostando muito da iniciativa, tanto que outros, que são atendidos em outros dias da semana, também desejam participar.
A coordenadora do CAPS III contou que a ideia partiu da psicóloga do local, que tomou conhecimento sobre o projeto. “A partir disso entramos em contato com a equipe da Unifil e fizemos o convite para que a iniciativa fosse executada conosco. O ‘Focinhos que Salvam’ não havia sido realizado com pacientes com transtornos mentais, mas a equipe aceitou o convite e estamos muito satisfeitos com os resultados até aqui”, enfatizou.
A diretora de Serviços Complementares em Saúde, onde o CAPS III está inserido, Claudia Denise Garcia, ressaltou que alguns pacientes do centro têm histórico de agressividade, impulsividade e de sofrimento emocional, e que poder conviver com os animais, que passam tanta afetividade, é fantástico. “O principal benefício é o resgate das questões emocionais e afetivas com os pacientes”, disse.
Segundo a psicológica Isabela Temis Pupin, os três encontros realizados no CAPS III já trouxeram resultados positivos. “Percebemos que há uma relação de afeto entre os pacientes e os animais e isso é muito positivo. Quando eles estão na presença dos animais, é notória a expressão de alegria e de afeto deles”, contou. A psicóloga contou ainda que, depois do primeiro contato com os bichos, é feita uma dinâmica em grupo. “Percebemos que houve melhora na interação entre os pacientes, neste momento”, completou.
A coordenadora do projeto, Suellen Tulio Cordova Gobetti, contou que a maioria dos cachorros, gatos e tartarugas é de alunos e de professores que participam da iniciativa. Ela explicou que antes de ingressar no projeto, os animais passam por seleção, treinamento e uma bateria de exames, para atestar a saúde deles. “Estando saudáveis e aptos ao convívio com os humanos e com outros animais eles passam a participar”, disse.
Suellen explicou ainda sobre a dinâmica dos encontros. Segundo ela, pela manhã, antes da visita, os animais são higienizados e um pouco antes do contato com as pessoas é feita a higiene da boca e das patas dos bichos. Após o encontro, eles recebem nova higienização. “A seleção do local onde os animais vão atuar é feita com base na personalidade de cada animal”, explicou.
A coordenadora falou também sobre como está sendo para o projeto, atuar com pacientes com transtornos psiquiátricos. “Recebemos o convite do CAPS III e nossa equipe de psicologia já estava apta para prestar este tipo de terapia. Os alunos relatam que quando chegam no Centro, alguns pacientes não querem participar, mas logo após o primeiro contato eles já se aproximam, querem conversar e interagir. E o bacana é que, naturalmente, eles estão participando de uma terapia, sem perceber”, finalizou.
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