INCA lança diretriz nacional do câncer em Londrina

Escolha da cidade foi feita pelo reconhecimento das pesquisas sobre as doenças relacionadas ao trabalho realizadas pelo CEREST, da Secretaria de Saúde
O Instituto Nacional do Câncer (INCA), com sede no Rio de Janeiro, lançou hoje (26) o piloto da diretriz nacional para atendimento de pacientes com câncer relacionado ao trabalho, relacionado o trabalho ao ambiente, com intuito de sisitematização das notificações. O INCA escolheu Londrina para ser cidade piloto do protocolo pelo reconhecimento das pesquisas desenvolvidas pelo Centro de Referência da Saúde do Trabalhador (CEREST), da Secretaria Municipal de Saúde.
Estiveram presentes no lançamento a secretária municipal de Saúde, Ana Olympia Dornellas, a representante da Secretaria Estadual de Saúde, Nádia Souza Takimura, e o secretário de Gestão Pública e de Governo, Marco Cito, representando o prefeito Barbosa Neto que está em Brasília.
A secretária de Saúde, Ana Olympia Dornellas, destacou a importância da cidade ter sido escolhida e do reconhecimento do trabalho desenvolvido no CEREST. “Esse trabalho chamou a atenção do Instituto Nacional do Câncer e por isso Londrina foi escolhida como cidade piloto para o lançamento das diretrizes. É um projeto piloto das diretrizes nacionais de vigilância da saúde do trabalhador vinculado ao câncer.”
Esse protocolo deve passar por diversas etapas até chegar ao documento final que será lançado nacional com previsão para o segundo semestre desse ano. Além de Londrina, o Rio Grande do Norte também foi escolhido para testar as diretrizes.
Sobre a implantação do protocolo na cidade, a secretária afirmou ser importante não só pela questão do controle, mas pelas ações de prevenção. “Hoje nós não temos um serviço de notificação sistematizado para conhecer os casos de câncer relacionado ao trabalho. O próximo passo do protocolo é trabalhar as questões de prevenção do câncer relacionado ao trabalho.”
O protocolo de diretrizes vai melhorar o trabalho na Secretaria de Saúde, conforme apontou Ana Olympia. “Em primeiro lugar, as diretrizes estão dentro de todos os princípios do SUS. Nós vamos trabalhar em rede e essas redes estão integradas tanto nas questões de vigilância da saúde como toda a questão de atendimento das Unidades Básicas de Saúde.”
“Isso para nós é importante, é uma prerrogativa dessa administração trabalhar em rede e nós queremos que essa rede seja constituída dentro da saúde do trabalhador, com as notificações, a vigilância em saúde que é tão importante dentro das diretrizes do Sistema Único de Saúde”, concluiu a secretária.
A representante da Secretaria Estadual de Saúde, Nádia Souza Takimura, parabenizou as pesquisadoras do CEREST pelo trabalho desenvolvido e a escolha do INCA por Londrina. “A Secretaria Estadual de Saúde também colocou dentro das prioridades para esse ano a saúde do trabalhador, principalmente a questão das notificações. Hoje nós não temos um diagnóstico das doenças que mais acometem os trabalhadores.”
“Diretrizes de vigilância do câncer relacionado ao trabalho”
Em parceria com o INCA, a administração municipal aproveitou a ocasião para promover o curso “Diretrizes de vigilância do câncer relacionado ao trabalho”, direcionado para profissionais dos setores de Epidemiologia e Vigilância Sanitária das secretarias municipal e estadual de Saúde.
O curso prossegue até a próxima quinta-feira e será ministrado pelas professoras Fátima Sueli Ribeiro e Helena Beatriz Garbin, ambas do INCA. “É uma oportunidade para que os profissionais sejam capacitados e tenham consciência de que um trabalho bem feito pode salvar uma vida”, afirmou a fisioterapeuta do CEREST, Claudete Romaniszen, uma das responsáveis pelo trabalho que resultou na escolha de Londrina.
De acordo com a fisioterapeuta, a sociedade deve estar ciente de que a relação entre câncer e o trabalho é estreita. Uma pesquisa divulgada em 2009 pelo CEREST analisou o atendimento feito a pessoas que contraíram a doença no Hospital do Câncer em 2005. A amostragem tinha um total de 784 pacientes com câncer, dos quais 296 entraram na lista de câncer relacionado ao trabalho. “Detectamos em primeiro lugar o câncer de pele, com 59%. Logo após há o de estômago, com 19%, e a laringe e o pulmão, que empataram em 12%”, disse.
Claudete Romaniszen abordou que a pesquisa traz alguns dados interessantes e que merecem atenção dos profissionais, como o risco diário que o trabalhador rural corre por não se proteger contra a exposição ao sol (causa do câncer de pele) e as pessoas que trabalham e mexem com pó de sílica, material que acaba contaminando o pulmão e provocando a doença.
Depois do levantamento, o INCA soube da iniciativa da Secretaria de Saúde em melhorar o atendimento aos pacientes com câncer e convidou técnicos do CEREST para elaborar o protocolo no ano passado. “Foi um trabalho árduo, mas muito satisfatório. O objetivo é simples: capacitar os profissionais para que a doença seja controlada e o paciente saia com êxito dessa situação”, completou a fisioterapeuta.
Fotos:Luiz Jacobs.




