Projeto para desassorear o Lago Igapó é aprovado pelo Programa Águas Brasileiras
Orçado em R$ 87,745 milhões, trabalho apresentado pela Prefeitura de Londrina passa a compor o banco de projetos do programa do Ministério do Desenvolvimento Regional
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Um projeto para desassoreamento do Lago Igapó desenvolvido pela Prefeitura de Londrina e entidades parceiras foi aprovado e selecionado pelo Programa Águas Brasileiras, do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). Com 84 inscritos, o Chamamento Público n° 02/2021 do MDR aprovou 57 projetos de entidades públicas e privadas, todos voltados à revitalização de bacias hidrográficas, e o resultado foi divulgado em 18 de fevereiro. Agora, o projeto do Município está apto a captar R$ 87,745 milhões para sua execução e passa a compor o banco de projetos do programa.
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A proposta do Município irá utilizar estratégias de Soluções Baseadas na Natureza para desassorear os Lagos Igapó I, II, III e IV. Além de remover os sedimentos que estão no leito do lago, o plano engloba uma série de ações para reter e impedir a chegada desses sedimentos bem como a poluição da água do Igapó, com o intuito de torná-la segura para abastecimento da população em casos de escassez hídrica.
O projeto de Londrina prevê que os sedimentos retirados sejam utilizados no próprio entorno do lago, como substrato de compactação e vegetativo, evitando o transporte por longas distâncias. Caso isso não seja possível, será preciso providenciar uma área adequada para receber esses rejeitos. E, de forma contínua, será feito o monitoramento e acompanhamento das Soluções Baseadas na Natureza (SBN) implementadas para retenção e filtração da poluição.
Na Prefeitura, o grupo responsável pelo projeto envolve representantes das secretarias municipais de Planejamento, Orçamento e Tecnologia (SMPOT); Obras e Pavimentação; Ambiente; e do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul). A equipe também é formada por integrantes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) – Campus Londrina e Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar).
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O secretário municipal de Planejamento, Orçamento e Tecnologia, Marcelo Canhada, destacou que uma das primeiras conquistas do projeto foi sua elaboração de forma multissetorial e integrada, com diferentes entes envolvidos. “O projeto foi elaborado por várias mãos porque desassorear os lagos é um dos desafios que Londrina tem, e estamos debruçados sobre isso. Agora o desafio será captar esses recursos e envolver a iniciativa privada e o governo federal, fazendo um grande esforço para que em um futuro próximo os lagos urbanos sejam desassoreados. Isso será uma grande conquista para Londrina, do ponto de vista ambiental e turístico”, frisou.
Somando a extensão dos quatro lagos e seus aterros, o Igapó ocupa uma área de 4.500 metros que cruza a cidade de oeste a leste. O primeiro lago foi inaugurado no aniversário da cidade em 1959 e, desde então, passou a ser mais do que um escoadouro das águas pluviais, ganhando múltiplas funções: é considerado o principal cartão postal da cidade e amplamente utilizado para práticas de atividades físicas e de lazer, tanto pelos londrinenses como seus visitantes.
Ao longo dessas seis décadas, o Igapó já passou por cinco esvaziamentos, para desassoreamentos e ações de manutenção das margens, barragem e vias públicas. Ainda assim, a condição atual é de alto nível de assoreamento, o que prejudica seriamente sua capacidade de absorção das águas oriundas de chuvas.
Os métodos conservadores de desassoreamento (esvaziar o lago e remover os sedimentos), além de possuírem um alto custo, não impedem a poluição dessas águas. Por isso o projeto encabeçado pela Prefeitura quer utilizar as estratégias sustentáveis e contínuas, como explicou a arquiteta da SMPOT e coordenadora do projeto, Denise Ziober.
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“As soluções precisam ter longevidade. Com as chuvas cada vez mais torrenciais, a água chega com cada vez mais velocidade, carregando tudo para os rios e córregos. Londrina quer investir recursos no desassoreamento, mas também incorporar elementos que reduzam a velocidade da água, que retenham esses resíduos. Fazer uma bacia intermediária de retenção de resíduos deixa que a água limpa vá para os córregos e os resíduos fiquem em local para serem retirados. E não só para diminuir custos, mas também preservar a natureza e o ambiente urbano de forma sustentável”, frisou a arquiteta da SMPOT.
O cronograma de execução do projeto foi dividido em várias fases, e prevê o início das atividades nos lagos III e IV, pontos onde serão instaladas as áreas de retenção de resíduos. Formadas por telas ou pedras, essas barreiras bloqueiam a vinda de entulhos e lixos, permitindo apenas a passagem da água. “A entrada de cada nascente ou braço do lago teria uma área dessas. Ter essa retenção na entrada dos lagos permite que a água passe e os resíduos fiquem, e nesses pontos faremos a limpeza de forma concentrada”, contou a arquiteta.
Agora, o projeto deve ser selecionado por alguma instituição da iniciativa privada para patrocínio que viabilize sua execução. Essa etapa é intermediada pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, e os recursos destinados serão na modalidade de fundo perdido.
Ziober complementa que o trabalho poderá recuperar o Igapó, beneficiar toda a população que reside em seu entorno e utiliza os lagos, além de desonerar o Município ao economizar recursos públicos frente aos métodos tradicionais. “O Igapó, quando foi criado, foi instituído para conter as enchentes provocadas pelas chuvas. Hoje, acabou se tornando um ponto turístico importante para descanso, lazer, atividades esportivas, ou seja, tem um grande atrativo. Além de contribuir com a paisagem urbana, porque com a evaporação ele alivia as ilhas de calor, umidificando o ar. Aplicar as recuperações das matas ciliares, a preocupação com as margens, e ter políticas adequadas às Soluções Baseadas na Natureza são políticas que quebram e mudam os paradigmas de áreas de águas urbanas”, finalizou.