Em estreia solo, cantora Carolinaa Sanches lança o álbum Curva de Rio
Disco conta com diversas participações e estará em todas as plataformas digitais a partir de sexta-feira (8); projeto teve patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Promic
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Após disponibilizar dois singles, Carolinaa Sanches lança nesta sexta-feira (8) seu primeiro disco solo, “Curva de Rio”, que estará disponível em todas as plataformas digitais de streaming. O trabalho de estreia vem para reafirmar o talento e maturidade artística da cantora, que integra os grupos Caburé Canela e Pisada da Jurema, além de ser artista visual e uma das gestoras da editora artesanal Grafatório. O público pode acessar o link para o pré-save do disco clicando aqui.
“Curva de Rio” é aberto com a canção “Cantar”, segundo single apresentado ao público, que conta sobre o mágico, difícil e sagrado ofício do verbo que lhe empresta o título. Ela se acerca de gerações distintas de cantores, nas presenças da veterana Alzira E., além de Gustavo Galo (da Trupe Chá de Boldo) e Isabela Lorena, também da Pisada da Jurema. O disco conta com patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic).
“Quando você chegou, eu quis comemorar, eu quis dançar até o amanhecer, eu quis beijar você”, segue a música “Instante”, segunda faixa do álbum. A esta altura o ouvinte já está envolvido e bem poderia ser ele, ela, qualquer um de nós, devolvendo à Carolinaa a declaração. Cantada a seis vozes – além de Carolinaa e a parceira, Caruh Spisla, Francesco Mugnari, Guilherme Kirchheim e Mariana Franco –, um clima samba-jazzy se instala, no diálogo entre contrabaixo (Mariana Franco), teclado (Lucas Oliveira) e bateria (João Bolognini).
O álbum “Curva de rio” é delicado, bonito, gostoso de ouvir. Um alento nestes tempos trevosos. Letras inteligentes dialogam com melodias que convidam à dança. Carolinaa Sanches põe o coração na voz. “Cartas claras sobre a mesa, desfrutar dos nossos sóis, e a gente de peito aberto, cada vez chega mais perto de entender o que é nós”, como diz na letra de “Nós”, canção de amor que se equilibra entre o xote e o jazz, pontuada pelos contrabaixos de Mariana Franco – que também canta na faixa – a bateria de Paulo Moraes e o clarinete de Pedro José, os três, seus colegas de Caburé Canela.
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Ao longo do disco, Carolinaa revela-se, desnuda-se, derrama-se, entrega-se por completo. “Entre uma palavra e outra, entra uma palavra noutra, nenhuma boca chama assim meu nome, nenhuma boca deixa em chama assim”, começa a letra de “Primeira primavera”, cantada em dueto com Fernanda Branco Polse. Sim, o amor (e suas declarações) permeia(m) “Curva de rio” – um rio que transborda amores –, mas aqui o mais universal (e manjado) dos temas de música e poesia é cantado de forma extremamente original.
Se “amar é um elo entre o azul e amarelo”, como diria o conterrâneo Paulo Leminski – ele curitibano, ela londrinense –, a cantora e compositora dialoga com o universo do poeta em “Profundo amarelo”, outra faixa em que baixo e clarinete se destacam. Versos como “não fosse tanto era quase, não fosse isso era menos” invertem o título do famoso livro do artista multimídia – antes de o termo ser inventado – o que ela também é, mantendo o diálogo, o respeito e fazendo merecida reverência.
Em “Órbita”, a canção mais experimental do disco, ela canta, em quarteto com Pedro José, Mariana Leon e Mariana Franco: “sentir seu coração faz-me entrar em outra constelação, e mesmo sem entrar em órbita eu já consigo tirar meus pés do chão”. O ouvinte é tripulante da nave musical, viagem sem volta tanto a quem já conhecia a artista dos grupos que ela integra quanto àqueles a quem será apresentada por este lançamento.
Primeiro single lançado, em fevereiro passado, e primeira faixa a ganhar videoclipe, “Petricor”, literalmente o cheiro da chuva, é canção ensolarada – e não reside aí nenhuma contradição –, espécie de arco-íris do disco. O baião, de autoria da percussionista da Caburé Canela, reafirma a estreita ligação de Carolinaa Sanches com a cultura popular nordestina, algo percebido ao longo de todo “Curva de rio”.
O inspirado disco termina com “É”, canção de despedida com os dois pés nos terreiros das religiões de matriz africana, infelizmente ainda alvos de tanta discriminação e violência. A faixa reflete sobre o individual e o coletivo, reivindicando o respeito aos seres humanos, mais que independentemente de suas diferenças, mas para além e também por causa delas. É faixa quase exclusivamente feminina, a que comparecem Thais Hamer (alfaia e voz), Maria Thomé (tambor de mão e voz), Edna Aguiar (voz), Guilherme Kirchheim (voz), Isabela Lorena (voz), Naná Souza (voz), Thunay Tartari (voz) e Mariana Franco (voz). “Junto ser único”, palavra de ordem.
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Banda e colaborações – Carolinaa Sanches não anda só; além de aqui e acolá seus colegas de bandas comparecerem, ao álbum plural se fazem presentes mais de 20 artistas, entre autores, intérpretes e instrumentistas. Artista de raro talento, em seu solo ela está muito bem acompanhada, como a subverter o dito popular: Gabriel Kruczeveski (flauta transversal, efeitos, violão e voz), João Bolognini (bateria), Lara Moratto (flauta transversal), Lucas Oliveira (teclado), Maria Thomé (tambor de mão, caxixi, zabumba, triângulo e voz), Mariana Franco (contrabaixos, violão e voz), Paulo Moraes (bateria) e Pedro José (clarinete, viola caipira e voz) formam sua banda base.
Essa soma de talentos e a entrega de cada um/a a cada nota, garantem uma diversidade de timbres que mantém o disco distante de qualquer sintoma de monotonia. “Curva de rio” foi gravado em Londrina, no Toqô Estúdio, por Gabriel Kruczeveski, que assina também sua mixagem e masterização. A direção musical é de Mariana Franco. A capa é assinada pela própria Carolinaa Sanches, sobre foto de Paula Viana.
Conceito – Carolinaa Sanches resume o conceito por trás do título do disco: “A princípio pensava na curva de rio como um espaço onde as “coisas” param. No meio do processo fui entendendo que as coisas param por um tempo, pois o rio está sempre em movimento e as leva para outros lugares. Então as coisas passam pela curva. As “coisas”, nesse trabalho, dizem respeito mais às “pessoas” mesmo. Como é um trabalho que envolve muitos anos, envolve diferentes amores em que me inspirei para as músicas, e também, foi um álbum construído a muitas mãos. Tenho pensado que a curva sou eu. O espaço que permitiu que outras acessassem e conhecessem essa parte do rio. Aceitando a impermanência e também a permanência das relações. A curva de rio pode ser vista de cima e também de dentro, mergulhada nos amores profundos, que mesmo que findem, ficam”, relatou a cantora.
Texto: com informações da assessoria de imprensa do projeto