Cidadão

Documentário debate o parto e as políticas públicas voltadas à gestação

População pode assistir ao documentário, que conta a realidade das gestantes de Fernando de Noronha, em dois horários distintos, às 9h e às 19h

Nesta sexta-feira (9), das 9h às 11h, o público londrinense está convidado a assistir e debater o documentário “Proibido Nascer no Paraíso”, lançado em março de 2021. A produção traz uma reflexão sobre os desafios das políticas públicas de assistência à gestação e ao parto, e sobre a violência obstétrica, sendo que essa sessão é dedicada aos profissionais, conselheiras dos direitos das mulheres e ativistas da área da saúde da mulher. A exibição será feita na sede do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região (Av. Rio de Janeiro, 854, no Centro). A entrada é gratuita e aberta ao público em geral.

Durante a sessão de debate, estarão presentes a diretora do documentário, Joana Jin (de forma remota); a pesquisadora de pós-doutorado na Clínica de Direitos Humanos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ana Franzon; e a doula e estudante de Serviço Social, Milene Souza. Além delas, estarão na discussão a presidenta do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres (CMDM), Sueli Galhardi; a integrante da Rede Feminista de Saúde da Regional Paraná, Elaine Galvão; a Conselheira Municipal pelos Direitos das Mulheres, Karime Vilela; e a integrante da Rede Feminista de Saúde e do Néias Observatório de Feminicídios de Londrina, Meire Moreno.

Além da sessão de debates, no mesmo dia (9), às 19h, irá ocorrer outra sessão do documentário, seguida de uma roda de conversa na Vila Cultural Canto do MARL, que fica na avenida Duque de Caxias, 3241, no Centro. A entrada também é gratuita e aberta ao público em geral.

Segundo a presidenta do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres (CMDM), Sueli Galhardi, a transmissão do filme e os debates integram a segunda capacitação do CMDM, que trata sobre educação permanente em controle social e políticas para as mulheres. “Um dos nossos eixos do Plano Municipal de Políticas para as Mulheres é a saúde da mulher e uma das metas desse plano é fortalecer e qualificar os serviços de saúde, para garantir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres em todos os ciclos da vida, e o filme traz essa proposta de reflexão sobre os direitos reprodutivos e a assistência ao parto. Por isso, esse momento servirá de capacitação para as conselheiras municipais”, elucidou Galhardi.

O documentário em questão conta a história da realidade vivenciada pelas mulheres que residem no Arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco. Desde 2004, as gestantes são obrigadas a se afastar de casa para terem seus filhos, pois o único hospital local não está preparado para realizar partos. Segundo o filme, as mulheres que se recusam a sair do arquipélago para ter o bebê, muitas vezes, sofrem coação. A proibição coincide com a explosão do turismo na ilha e gera conflito entre empresários e aqueles que têm direito à terra. O documentário acompanha a saga de três gestantes de famílias tradicionais, da gravidez até o parto.

De acordo com a integrante da Rede Feminista de Saúde, Elaine Galvão, apesar de a situação retratada no filme ser bem específica, o documentário traz elementos que levantam o debate sobre as dificuldades enfrentadas por mulheres de diferentes partes do Brasil, sobre suas escolhas durante a gravidez e o parto. “O objetivo é promover o debate sobre a forma como estão organizadas as políticas de assistência à gravidez e ao parto, a partir das experiências das mulheres. Pretendemos reunir profissionais da área, conselheiras municipais dos direitos das mulheres, ativistas e demais pessoas interessadas no tema, numa troca de experiências que nos possibilite identificar situações que limitam a autonomia das mulheres e que aponte caminhos para que possamos superá-las”, explicou Galvão.

A diretora do filme, Joana Nin, contou que depois de ter pesquisado sobre a situação durante alguns anos, ela compreendeu a complexidade de montar um serviço de referência como uma maternidade na ilha. “Mas nunca vou entender a opção do Estado de decidir pelas mulheres sobre algo que deveria levar em conta os desejos delas. Por que não fornecer informação e o melhor atendimento possível para aquelas que decidirem ficar? Fico me perguntando se a obsessão por as forçar a sair não levou o hospital local a fechar o centro cirúrgico que atendia também outros tipos de emergência, tamanho o medo que se tem das mulheres desrespeitarem essa regra esdrúxula de as obrigar a se afastar de casa por longos meses para ter seus filhos”, afirmou Nin.

O documentário é uma organização da Rede Feminista de Saúde – Regional Paraná; Frente Feminista de Londrina; do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Londrina; e conta com o apoio da Prefeitura de Londrina, por meio da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SMPM) e da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), patrocinadora da Vila Cultural Canto do MARL, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), e do Sindicato dos Bancários de Londrina e Região. A produção é da Sambaqui Cultural, com distribuição da Boulevard Filmes, e fomento da Ancine/FSA/BRDE. Também incentivam a ação a Copel, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), Paraná Profice, e a Secretaria de Comunicação e Cultura do Paraná.

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Ana Paula Hedler

Gestora de Comunicação, formada em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, especialista em Comunicação com o Mercado pela Universidade Estadual de Londrina e Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná.

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