Programa municipal de residência médica está com inscrições abertas
Exame Nacional de Residência vai selecionar novos integrantes para a Residência em Medicina da Família e Comunidade
O Programa Municipal de Residência em Medicina de Família e Comunidade (MFC) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) está com inscrições abertas até a próxima quinta-feira (14). São ofertadas seis vagas, com uma bolsa-residência mensal no valor de R$ 4.106,09 para até 60h semanais de formação. A seleção faz parte da 4ª Edição do Exame Nacional de Residência (Enare), e as inscrições devem ser feitas com o preenchimento do formulário disponível no link https://enare.ebserh.gov.br/.
Os inscritos serão classificados por meio de uma prova objetiva, agendada para o dia 29 de outubro e que vai compor 90% da nota final. Até o dia 15 de setembro, os candidatos precisam efetuar o pagamento da taxa de inscrição, no valor de R$310,00, e encaminhar os documentos que serão utilizados para a segunda etapa do processo seletivo, que compreende a análise curricular. Todos os detalhes podem ser conferidos diretamente no edital do Enare.
Para ingressar no Programa Municipal de Residência em MFC, os candidatos devem ter graduação concluída em Medicina, ou estar cursando o último semestre, com a colação de grau prevista para, no máximo, a data de início da residência. As aulas devem começar no dia 1° de março de 2024.
O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, lembrou que a Residência em MFC de Londrina é uma das primeiras do país, com seus primeiros residentes ingressando em 2016. “Londrina sempre primou por esse tipo de atendimento, porque todos os estudos técnicos mostram que de 80% até 90% dos problemas de saúde de uma população podem ser resolvidos na atenção básica, nos postos de saúde. E quanto mais qualificado com médicos de Família nossa equipe estiver, mais vamos conseguir nos aproximar desse número. É um programa que começou pequeno, com uma residência que tinha duas vagas, e hoje já são 17 residentes que estão passando por todas as nossas unidades com um papel fundamental”, comentou.
Para Machado, o diferencial da formação em Medicina de Família e Comunidade é o enfoque dado ao paciente, privilegiando seu bem-estar geral. “Com essa residência, a gente busca consolidar essa formação e esse perfil do médico que pense na pessoa como um todo, que tenha esse olhar centrado para as necessidades do indivíduo e não só para seu problema de saúde daquele momento. Isso faz a diferença num atendimento de qualidade e humanizado. Aproveito para fazer um chamado àqueles médicos que têm essa vontade, que tem o objetivo de se tornar um médico de Família, que venham participar da nossa residência. Nossas unidades de saúde, na sua grande maioria, estão reformadas ou novas, com um ambiente agradável de trabalho. Temos equipes capacitadas e, acima de tudo, os melhores preceptores, os melhores professores para ensinarem e colocarem todo o conteúdo necessário na formação desses novos profissionais”, enfatizou.
A coordenadora do Programa Municipal de Residência da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Sonia Orquiza, reforçou que o Programa Municipal de Residência Médica em MFC é um curso de pós-graduação padrão ouro na formação de médicos. “Tem por objetivo formar médicos para a Atenção Primária à Saúde do SUS que sejam qualificados e resolutivos na área clínica, com uma prática integradora e continuada, inserida nas comunidades sob seus cuidados e voltada à construção da cidadania. Assim, desenvolvem suas ações com base no modelo de Vigilância à Saúde e nos princípios da Atenção Primária à Saúde”, complementou.
Orquiza, que também é médica de Família e Comunidade, apontou que o Programa Municipal permite formar médicos com conhecimentos e habilidades em prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e recuperação dos agravos mais frequentes, buscando altos índices de resolutividade na atenção à população londrinense. “Além disso, os programas de residência médica se tornam a melhor forma de preparar um médico, através do treinamento em serviço, onde o preceptor tem um papel fundamental em sua formação, integrando o processo de desenvolvimento profissional contínuo, visando atender da melhor forma as necessidades do SUS. Outro ganho do programa de residência envolve ampliar a formação de Médicos de Família e Comunidade, qualificar a Estratégia de Saúde da Família e contribuir para reduzir o déficit de Médicos de Família e Comunidade na cidade”, apontou.
Em 2023, pelo segundo ano consecutivo, a residência teve todas as suas vagas preenchidas. Atualmente, há 17 profissionais cursando a residência, dos quais oito são R1. E nesse grupo, está a médica Isabella Gobetti, que se formou em Londrina em 2018. Após alguns anos atuando como plantonista clínica geral em Pronto Socorro (PS), ela optou pela MFC diante da dificuldade em escolher uma especialidade focalizada. “Meus interesses eram múltiplos. A MFC é uma especialidade ampla e a residência nos permite ter contato com os mais diversos públicos em nosso consultório. Gostamos de dizer que nossa especialidade é cuidar de gente”, comentou.
Sobre o primeiro ano da formação, Gobetti contou que têm sido um período muito intenso, já que a atuação do Médico de Família e Comunidade compreende todas as faixas etárias. “Somos treinados para realizar acompanhamentos de pré-natal, puericultura, atendimentos à saúde de crianças e adolescentes, e de homens e mulheres em todas as faixas etárias, inclusive em Cuidados Paliativos. Assim, dividimos nossa rotina entre atendimentos à população nas UBSs, aulas teóricas e estágios práticos. Semanalmente, temos encontros presenciais com os nossos preceptores, em que os residentes do primeiro ano apresentam seminários sobre algum tema relevante. A rotina é cansativa, mas o conhecimento adquirido nesse período é sem igual”, avaliou.
Desde então, a médica residente tem se surpreendido com a pluralidade da população atendida pela MFC, o que demanda uma capacitação que envolva não apenas resolver as demandas principais, mas também coordenar o cuidado do indivíduo e fazer a ponte com outras especialidades. “Costumamos dizer que não damos alta para nenhum de nossos pacientes, já que estaremos com eles durante a prevenção, tratamento e durante sua reabilitação. Somos formados para sermos o médico com quem o paciente sempre poderá contar, independente da fase da vida que ele esteja passando. Minha expectativa, após concluir a residência, é utilizar meus conhecimentos para auxiliar da melhor maneira a população atendida por mim, principalmente àqueles que dependem do SUS”, contou.