Sessão Kinopus leva filmes londrinenses ao Espaço Villa Rica neste sábado (8)
Serão exibidos quatro curtas produzidos por cineastas londrinenses, incluindo uma obra com premiação nacional, seguido por uma sessão de debate com seus realizadores
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Neste sábado (8), o cineclube Sessão Kinopus realiza uma edição especial de exibições, levando ao Espaço Villa Rica quatro curtas londrinenses. O projeto exibirá as obras “Dodói”, de Raquel Deliberador; “Marmita”, de Guilherme Peraro; “O Roubo do Trator”, de Diogo Blanco; e “Rastro de Sangue”, de Victor Hugo Santos.
A sessão ocorre às 14h30, com entrada franca. Exibidos em sequência, os curtas “Marmita” e “Dodói” têm classificação indicativa livre, enquanto “Rastros de Sangue” e “O Roubo do Trator” têm classificação indicativa para 12 anos.
Após a exibição dos filmes na Sala de Cinema do Espaço Villa Rica, será realizado um debate sobre as obras na Sala Londrina, ao lado da cafeteria do cinema, mediado pelo cineasta Rodrigo Grota, com a presença dos diretores de cada filme. Tanto a sessão quanto o debate são abertos ao público. O Espaço Villa Rica está localizado na Rua Piauí, 211, no Centro.
“É essencial que o público londrinense possa ter acesso aos filmes que são produzidos na cidade, ainda mais quando esses filmes contam com recursos públicos. Dessa forma, se cumpre um aspecto central da política pública do município que é a de democratizar o acesso aos bens culturais. Além desse aspecto, há também uma troca muito saudável que se dá entre público e realizadores quando promovemos sessões como essa. Tanto o público pode apresentar suas dúvidas aos realizadores, como os diretores podem compreender melhor as reações que o público teve durante a exibição”, destacou Grota.
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Entre as obras exibidas, está “Rastro de Sangue”, primeiro curta do cineasta londrinense Victor Hugo Santos. Na história, três homens estão presos em uma mercearia, com um corpo diante deles e uma decisão a ser tomada. “O Rastro de Sangue explora a amargura de homens abandonados à sua própria incapacidade de lidar com o mundo, o que faz com que usem da violência como única forma de comunicação”, contou.
O roteiro foi inspirado no contexto brasileiro da época em que foi escrito, com a discussão sobre porte de armas, ideias de família e subjetividades. No campo estético, a principal fonte foi o cinema noir, compondo uma atmosfera sombria e misteriosa que condiz com personagens cínicos e a situação de um crime.
A primeira versão do roteiro nasceu em 2019, mas permaneceu engavetada até 2023. Graças ao patrocínio do Ministério da Cultura por meio da Lei Paulo Gustavo, que é gerido no Município pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC), a obra pode ser produzida.
A pré-produção do filme iniciou em março de 2024, com ensaio dos atores em maio e filmagens de maio a junho. Após o tratamento final, com correção de cor, tratamento de som e recursos de acessibilidade, a obra foi finalizada em dezembro. Esta será a terceira vez do filme sendo exibido em Londrina.
“Contamos com uma equipe totalmente londrinense, mesclando profissionais consolidados no audiovisual local e jovens que estão começando na área, trazendo ao set muita vontade de fazer e aprender sem ter medo de errar. Muitas reflexões e provocações foram feitas em todo o processo de concepção do filme, conforme cada integrante da equipe entrava no projeto e trazia novos olhares e leituras”, destacou Santos.
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Outra obra de destaque na exibição é o curta “Marmita”, que conquistou em janeiro o prêmio Canal Brasil de Melhor Curta na 28ª Mostra de Cinema de Tiradentes. O filme já havia conquistado uma Menção Honrosa em seu lançamento, ocorrido durante a Mostra Curta Velho Oeste, em outubro de 2024, na cidade de Assis, interior de São Paulo.
Com roteiro e direção de Guilherme Peraro, a obra conta a história de dois operários da construção civil que precisam lidar com uma criança que trabalha para o tráfico de drogas e rouba suas marmitas. Esta será a primeira vez do filme sendo exibido em Londrina. “Eu venho da engenharia civil e trabalhava em uma construtora em meados de 2010. Nessa época, tínhamos uma obra de construção de um centro comunitário em um bairro dominado pelo tráfico. Foi quando dois trabalhadores sumiram e uma semana depois me ligaram, dizendo que não queriam mais ficar lá pois suas marmitas estavam sendo roubadas por uma criança ligada ao tráfico. Toda essa situação me inspirou a escrever este curta”, contou Peraro.
Apesar da história ter sido escrita em Londrina, o curta foi produzido em Assis, no interior de São Paulo, recebendo patrocínio do Programa de Ação Cultural (Proac), do Governo de São Paulo. O primeiro rascunho da história foi desenvolvido em 2015, com a primeira versão do roteiro ficando pronta em 2017. No Proac, foi aprovado em 2022, com as filmagens ocorrendo em 2023 e finalizando o filme em 2024.
“Quando você recebe um prêmio, ainda mais de nível nacional, com vários filmes de todos os cantos do Brasil, isso ajuda a gente a pensar que está no caminho certo. Estou no cinema desde 1998, então a premiação é algo que vem coroar essa caminhada. Além disso, uma premiação sempre ajuda a atrair a atenção do público, ainda mais para uma produção local. É semelhante ao que vem acontecendo com “Ainda Estou Aqui”, em nível internacional. Com isso, também acaba proporcionando um resgate ao público do cinema”, disse Peraro.
O cineasta ainda aponta como a premiação celebra o cinema interiorano, com o olhar de quem vive essa realidade no cotidiano.
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Na edição especial de curtas do Sessão Kinopus, será também exibido a animação “Dodói”, que conta a história de um menino que machuca o joelho, sendo demonstrado de forma lúdica o funcionamento do organismo para lidar com a lesão. Estará também presente o curta londrinense “O Roubo do Trator”, ambientado em 1977, contando a história de um jornalista sensacionalista e seu envolvimento no roubo de um trator, onde duas partes tentam solucionar o mistério de acordo com seus interesses pessoais.
Sessão Kinopus – As atividades do cineclube Sessão Kinopus iniciaram em 27 de abril de 2015. Ao longo dos anos iniciais, o projeto realizava sessões no antigo Centro Cultural Sesi, hoje sede do espaço cultural da Associação Médica de Londrina (AML Cultural), além do Sesc Cadeião e, desde 2022, no Espaço Villa Rica.
“Temos privilegiado sessões em salas de cinema, então a tendência é que nos próximos meses todas as sessões ocorram no Espaço Villa Rica”, pontuou o idealizador e coordenador do cineclube, Rodrigo Grota, que também é sócio da Kinopus ao lado de Guilherme Peraro.
As sessões do cineclube costumam ser mensais. Em fevereiro, como não houve um encontro em janeiro, serão realizadas duas edições, ao longo dos dois próximos sábados.
Após o especial com curtas londrinenses, será exibido na semana seguinte (15) o longa “Baby”, de Marcelo Caetano. No próximo mês, no dia 22, será a vez de “Malu”, de Pedro Freire. Em ambos os casos, as sessões serão seguidas por um debate online dos diretores com o público presente no Espaço Villa Rica.
Texto: Gabriel Navas, sob supervisão dos jornalistas do Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina