Londrina é destaque em encontro estadual com projeto sobre cuidados paliativos
Prêmio foi entregue no 3º Encontro Estadual do PlanificaSUS; iniciativa da Secretaria Municipal de Saúde incluiu oficinas para municípios da 17ª Regional

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Londrina foi premiada no 3º Encontro Estadual do PlanificaSUS Paraná – Saúde em Movimento, realizado essa semana em Foz do Iguaçu pela Secretaria de Estado da Saúde (SESA). O trabalho “Cuidado Paliativo em Londrina: A contribuição da Planificação para os avanços desta Política” também foi um dos 10 selecionados, entre 310 inscritos, para apresentação oral no evento.

A premiação destacou iniciativas que estão aprimorando a Atenção Primária à Saúde (APS) e a Atenção Ambulatorial Especializada (AAE), impulsionando a inovação e a qualificação no atendimento à população. Além disso, durante o evento, outras 20 experiências bem-sucedidas foram exibidas ao público em painéis interativos distribuídos pelo local.
O PlanificaSUS é um método de qualificação do trabalho implementado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Israelita Albert Einsten. No Paraná, a primeira região de saúde a adotá-lo foi Irati, em 2019. O município de Londrina vem aplicando essa metodologia desde sua adesão e, em 2024, concluiu o primeiro ciclo de participação envolvendo seis Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Todas as iniciativas inscritas foram divididas em 10 eixos temáticos e cada um foi avaliado por especialistas, com critérios como impacto, aplicabilidade e resultados obtidos. O trabalho da SMS integrou o Eixo 2 – Cuidados Paliativos na APS e Atenção Ambulatorial Especializada (AAE): papel do PlanificaSUS Paraná para potencializar os cuidados nos territórios. A gerente de Programas Especiais da Diretoria de Atenção Primária à Saúde da SMS, Vânia Alcântara, que também é tutora do PlanificaSUS, inscreveu o trabalho e foi responsável por conduzir a apresentação.
“Nosso time da Diretoria de Atenção Primária à Saúde participou de forma muito presente, inclusive ganhando o prêmio de primeiro lugar em um dos eixos. É uma alegria o reconhecimento do trabalho que foi feito, quero, inclusive, reconhecer as pessoas que passaram antes e participaram do projeto. A apresentação da Vânia foi brilhante, representou todo nosso escopo de servidores envolvidos. E para nós é uma alegria participar de um evento dessa monta, trazer o protagonismo de Londrina na saúde do Estado do Paraná, e é isso que queremos. É um trabalho que traz resultados práticos a pacientes com doenças crônicas, e que precisam de acalento para sua dor com cuidados continuados”, comemorou a secretária municipal de Saúde, Vivian Feijó.

Vânia Alcântara explicou que, dentre as diferentes etapas previstas pela metodologia do PlanificaSUS, a etapa 8 traz como tema “Cuidados Continuados e Paliativos na APS e AAE”. “Então nesse momento da etapa 8, eu e a doutora Beatriz Zampar fomos convidadas pela 17ª Regional de Saúde para fazer uma oficina sobre cuidado paliativo na atenção primária. Isso foi em julho do ano passado, com duas turmas, e a gente pôde capacitar e estender para a Regional toda a capacitação que Londrina já fazia. Como a gente já tinha essa ‘expertise’, dividimos com eles um pouco do que nós trabalhamos com as nossas equipes de atenção primária aqui em Londrina. E foi um momento muito rico, de muita troca de experiência”, contou.
Para Alcântara, o fato de o PlanificaSUS abordar os cuidados paliativos é algo muito relevante, pois se trata de um programa implementado em todo país. “É essencial incluir o cuidado paliativo nesse modelo de construção social da saúde, porque ele traz qualidade de vida, traz alívio de sintomas, e traz a oportunidade de uma pessoa, que vive com uma doença que ameaça a continuidade da vida, viver bem. Essa pessoa não é uma doença, não é um diagnóstico, ela é alguém que pode ressignificar sua vida. Mas, para isso, ela precisa dos profissionais de saúde para ajudar a aliviar os sintomas que incomodam, que trazem desconforto. E a gente precisa de capacitação para entender que não podemos curar a doença, mas podemos cuidar e dar alívio de sintomas; esse é o foco”, detalhou.
Em Londrina, a rede municipal tem avançado na implementação dessa política, contando com iniciativas como o Grupo de Trabalho Municipal de Cuidados Paliativos, que reúne representantes de diversos serviços de saúde. Além disso, a recente política nacional possibilita o credenciamento de equipes com cofinanciamento federal. “É muito importante dar visibilidade a esse trabalho, ter essa premiação, para as pessoas começarem a entender que cuidado paliativo não é abandonar, não é deixar de ofertar um tratamento curativo. Muito pelo contrário, ele coexiste com o tratamento curativo, visando ofertar qualidade de vida. Quando uma pessoa recebe o cuidado paliativo, ela está sendo muito bem cuidada, ela não está sendo abandonada, muito pelo contrário, há muito para fazer por ela. E é isso que o SUS, a planificação, a atenção primária, a saúde de Londrina quer ofertar para as pessoas, a qualidade de vida”, complementou Alcântara.
A médica Beatriz Zampar, especialista em Cuidados Paliativos e mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), citou algumas das atividades promovidas pelo Grupo Técnico (GT) Intersetorial de Cuidados Paliativos, como a capacitação que reuniu mais de 550 profissionais das redes municipal e estadual, e o matriciamento da Atenção Primária.
Também foram realizadas capacitações para equipes do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), SAMU, equipes de saúde bucal e do eMulti (antigo NASF). “Esse GT se reúne mensalmente para organizar as ações de cuidados paliativos em rede, garantindo que o atendimento ao paciente ocorra de forma integrada. O diferencial de Londrina é justamente essa abordagem em rede, permitindo a discussão de fluxos, referências e contrarreferências para melhorar o atendimento. Embora ainda haja desafios a superar, o grupo tem conseguido avançar significativamente nessa organização. E o trabalho conjunto tem fortalecido a oferta de cuidados paliativos e melhorado a qualidade de vida dos pacientes atendidos pela rede pública de Londrina”, ressaltou.
Com informações da Agência Estadual de Notícias