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Filme londrinense “Quase Inverno” é selecionado para laboratório do Olhar de Cinema

CURITIBAlab, que integra o Festival Internacional de Curitiba, oferece consultorias de montagem, marketing e vendas internacionais para longas-metragens brasileiros de ficção

O longa-metragem londrinense “Quase Inverno”, do cineasta Rodrigo Grota, foi selecionado para o CURITIBAlab, um laboratório voltado para filmes em finalização. A iniciativa integra o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba em correalização com o Projeto Paradiso. “Quase Inverno” é uma produção da Kinopus, que conta com patrocínio do Governo Federal via Ancine, FSA e BRDE em edital de Arranjos Regionais com a Prefeitura de Londrina.

Programado para ocorrer entre os dias 12 e 14 de junho, no Cine Passeio, o CURITIBAlab é uma atividade de desenvolvimento dedicada ao desenho de audiência, distribuição e corte final de longas-metragens brasileiros de ficção. Suas atividades incluem consultorias de montagem, marketing e vendas internacionais, realizadas em Curitiba durante o festival Olhar de Cinema. Para esse ano foram selecionados seis longas.

Além do diretor, roteirista e montador do filme, Rodrigo Grota, participarão da iniciativa o produtor Guilherme Peraro e a assistente de direção, Roberta Takamatsu, que também colaborou com o roteiro. Segundo Grota, participar do CURITIBAlab é uma oportunidade de conhecer as perspectivas de consultores que não estão na equipe da produção, e que poderão trazer contribuições importantes para que o filme atinja seu público.

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Para o cineasta, é essencial que os profissionais do audiovisual busquem constantemente a atualização, porque essa área evolui muito rápido. “Essa evolução não abrange somente mudanças técnicas, mas também questões relacionadas à linguagem do cinema e às correntes estéticas. Por isso, é muito bom poder participar de festivais que mostram boa parte da produção contemporânea, para que você possa ter acesso ao que tem sido produzido e discutido em outras cidades e países. É ótimo para Londrina que um longa feito aqui, com uma equipe majoritariamente composta por profissionais da cidade, esteja conseguindo esse espaço, em um laboratório de pós-produção de um festival que já está consolidado”, disse.

Além do CURITIBAlab, Grota participará do Mercado do Cinema Independente (MECI), realizado na capital paranaense entre 16 e 18 de junho. Para esse evento, levará o filme O Assassinato de Pé de Veludo, também dirigido por ele e atualmente em desenvolvimento. A produção conta com patrocínio da Prefeitura de Marília (SP) e do Governo Federal.

Sobre Quase Inverno – Escrito em 2015, o longa foi rodado entre julho e agosto de 2024 em locações em Londrina e Rolândia (Fazenda Bimini). Ambientado na Londrina dos anos 1970, o filme conta a história de três irmãs que retornam à fazenda da família devido ao agravamento da doença da matriarca. Em meio ao noivado do único filho que ficou na fazenda, a família recebe integrantes do Exército. No elenco principal, estão Ondina Clais (Catarina), Simone Iliescu (Elena), Luiza Quinteiro (Valentina), Guilherme Kirchheim (Ariel), Sabrina Greve (Natasha), Erom Cordeiro (Julian), Fernando Alves Pinto (Estevan) e Esther Góes (Esther).

De acordo com Grota, a obra é inspirada na peça As Três Irmãs, de Anton Tchekhov, bem como no desejo do diretor de explorar uma abordagem dramática voltada para o universo feminino. “Eu me lembrei de histórias que minha mãe e minhas tias, as irmãs dela, contavam sobre a infância delas na cidade de Marília, no interior de São Paulo, onde eu nasci. Já a peça do Tchekhov é ambientada na Rússia, entre o final do século XIX e o começo do século XX, e tem uma abordagem mais próxima de um novo realismo. Ele tenta esculpir um pouco do universo interno das personagens, a partir de ações dramáticas, nas quais você tateia as motivações de cada uma delas. Esse tipo de abordagem dramática me interessou bastante, e eu queria explorar isso com o filme”, afirmou.

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O diretor destacou que a Fazenda Bimini, onde grande parte do filme foi rodada, também havia sediado as locações de seu curta-metragem “Haruo Ohara”, produzido em 2009. Segundo ele, a opção por ambientar a trama na década de 70 tem a ver com a efervescência cultural que Londrina vivia na época, e que contrastava com o período de ditadura militar. Outra inspiração foi o impacto causada pela Geada Negra de 1975 na produção cafeeira da região.

“O Festival Internacional de Londrina (FILO) estava se consolidando nos anos 70, e naquela época o Arrigo Barnabé estava criando o seu álbum “Clara Crocodilo” aqui. Além disso, a Universidade Estadual de Londrina começava a ser implantada, e a cidade iniciava uma vida universitária, criando uma resistência cultural ao regime opressor da ditadura. Também era um ambiente de opressão masculina às mulheres, o que poderia reverberar na trama. Outro ponto interessante era a decadência do ciclo do café, e como as famílias cafeicultoras lidaram com esse momento de crise. Então, esses eventos externos se relacionam com o universo interno das personagens, que é o foco principal da trama”, realçou.

O cineasta sublinhou, ainda, a importância do edital de Arranjos Regionais, viabilizado em parceria entre o Governo Federal e a Prefeitura de Londrina. “Esse edital possibilitou a realização de vários curtas, projetos de desenvolvimento de roteiros e o longa “Quase Inverno”. Agora, a Ancine está para soltar um novo edital de Arranjos Regionais, então é muito importante que o “Quase Inverno” tenha essa visibilidade para incentivar Londrina a participar novamente dessa iniciativa. Isso é muito benéfico para a cidade, inclusive porque o setor do audiovisual gera empregos e fortalece a economia criativa”, concluiu.

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