Cidadão

Curta londrinense será exibido no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba

Produzido com patrocínio da Lei Paulo Gustavo, "Dança dos Vagalumes" foi gravado integralmente no Assentamento Eli Vive e aborda questões como a luta social no campo

O curta-metragem londrinense Dança dos Vagalumes, dirigido por Maikon Nery, foi selecionado para o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, um dos mais importantes festivais do país, no circuito de cinema independente e autoral. O filme integra a mostra Mirada Paranaense e terá duas sessões na Cinemateca de Curitiba: neste sábado (14), às 18h, e na terça-feira (17), às 20h15.

Gravado integralmente no Assentamento Eli Vive, na zona rural de Londrina, o filme se constrói como um ensaio poético sobre paisagens afetivas, fragmentos da memória coletiva e a luta social no campo. A trama mergulha na história de Joana, uma mulher de 30 anos que regressa ao assentamento onde cresceu para trabalhar como professora. Ao retornar ao território da infância, ela percorre memórias esquecidas, marcadas não só pela ausência, mas por uma luta ainda viva.

O projeto contou com recursos da Lei Paulo Gustavo, por meio do Ministério da Cultura, viabilizados pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC) de Londrina. Com roteiro e direção de Nery, o filme foi produzido pelo coletivo londrinense Filmes ao Vento, em parceria com Diogo Blanco e Yan Sorgi.

Conforme o diretor, a inspiração para realizar o curta veio de diferentes fontes como o livro A Sobrevivência dos Vaga-Lumes, de Georges Didi-Huberman, e estudos sobre a história dos conflitos agrários no Paraná e de movimentos populares como o MST.

Divulgação

Durante o processo de pesquisa e elaboração do roteiro, Nery ministrou três oficinas de atuação para crianças do 4º ano da Escola Municipal do Campo, Trabalho e Saber, sediada no Assentamento Eli Vive. Além disso, conheceu projetos culturais realizados no local, como a Orquestra Popular Camponesa.

Ele destacou que o envolvimento da comunidade foi fundamental para a realização do curta. “Tivemos a aceitação e o apoio da comunidade, principalmente da Escola Municipal, onde filmamos bastante. Inclusive, uma das estudantes da escola foi selecionada para fazer o papel da protagonista do filme, na época em que ela é criança. As pessoas do assentamento entenderam a proposta e viram que fazia sentido contar essa história”, disse.

Outra fonte de material para o filme foram imagens de arquivo de uma oficina de documentário realizada pela diretora Berenice Mendes no ano 2000, durante o Festival Internacional de Londrina (FILO), no assentamento Dorcelina Folador, em Arapongas. “Essas imagens foram integradas à trama do curta, então acaba sendo uma narrativa em que a ficção e a realidade se misturam”, salientou Nery.

Trajetória do diretor – Maikon Nery estudou Design Gráfico na Universidade Estadual de Londrina. Posteriormente, cursou pós-graduação em Pedagogia (UniFil), e atualmente leciona no curso de Design Gráfico na UniFil. Além de Dança dos Vaga-lumes dirigiu os curtas-metragens Visões (2022) e A Grande Nuvem de Magalhães (2022), sendo o segundo contemplado com patrocínio da Prefeitura de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), gerido pela Secretaria Municipal de Cultura.

O diretor contou que seu próximo projeto já está em desenvolvimento. “Pretendo fazer um documentário sobre uma viagem que o jornalista Vladimir Herzog fez a Canudos, Bahia, em 1975, meses antes do seu assassinato pela ditadura militar. A ideia é fazer um filme no gênero de documentário de criação, que tem mais espaço para a criatividade”, sublinhou.

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