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Restaurado, Museu de Arte terá entrega das obras na próxima semana

Fechado há quase seis anos, o espaço ganhou várias melhorias e, após a entrega, será reaberto aos visitantes em fevereiro de 2026; local é Patrimônio Cultural Brasileiro tombado pelo Iphan

Um dos espaços e símbolos mais importantes da cidade está prestes a pulsar novamente no coração do Centro Histórico londrinense. O Museu de Arte, antiga Rodoviária do município, notável obra arquitetônica de Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, passou por ampla restauração em 2025 e terá as obras entregues pela Prefeitura na próxima quinta-feira, 18 de dezembro. O anúncio foi feito pelo prefeito Tiago Amaral e o secretário municipal de Cultura, Marcão Kareca, durante visita ao local nesta sexta-feira (12). Trata-se de mais um grande presente para Londrina no período de comemoração de seus 91 anos.

Haverá apresentações musicais e culturais para celebrar o êxito das obras no dia 18. Já a reabertura aos visitantes, de fato, será feita em fevereiro de 2026, quando voltarão oficialmente os eventos, exposições e atividades. O local está fechado desde 2019, quando recebeu a primeira etapa de recuperação, finalizada em 2020. O endereço é rua Sergipe, 640.

Foto: Emerson Dias / N.Com

No momento, o Museu de Arte recebe os arremates derradeiros com limpeza geral das dependências, incluindo pisos, ambientes internos e externos, janelas, outros detalhes de acabamentos, e ainda receberá os mobiliários. O valor total das obras foi de R$ 2,1 milhões, com  R$ 1 milhão advindo da Lei Aldir Blanc, mais R$ 420 mil por meio de uma emenda parlamentar do deputado federal Padovani, e o restante investido como contrapartida pelo Município de Londrina.

Construída no final da década de 1940 e inaugurada em 1952, a edificação foi a quarta rodoviária de Londrina e é considerada Patrimônio Cultural Brasileiro, desde 2021, com tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), inscrita também no Livro das Belas Artes. É o primeiro bem do Norte do Paraná a ser tombado nacionalmente, e um dos poucos entre cidades jovens com menos de 100 anos de história, reforçando o caráter pujante e inovador de Londrina. Antes, em 1974, o Museu de Arte já havia sido reconhecido como Patrimônio Estadual do Paraná. O local funcionou como rodoviária até 1988, se tornando efetivamente Museu de Arte em 1993.

Foto: Emerson Dias / N.Com

Percorrendo o Museu, o prefeito Tiago Amaral expressou empolgação ao falar do simbolismo que tem o resgate do espaço para os londrinenses. “Falar de cultura é falar da história da cidade, de preservar nossas origens, forças e marcos culturais. Temos aqui grandes obras arquitetônicas. Queremos transformar isso em um local que faça parte real do dia a dia das pessoas, para que voltem a conviver e curtir, usufruir de um lugar incrível e de expressão. Estou feliz em poder ajudar a devolver o Museu à população, e logo teremos as atividades culturais fervilhando aqui. Queremos explorar o visual, a arquitetura, a memória contida. Sonho ainda em reconectar este espaço com o Museu Histórico e a Praça Rocha Pombo, valorizando um ramal do nosso passado de forma empreendedora”, afirmou.

Foto: Emerson Dias / N.Com

O secretário municipal de Cultura, Marcão Kareca, enalteceu a restauração do Museu de Arte e a iminência de sua reabertura após tantos anos do espaço fechado aos visitantes. “É uma imensa alegria poder fazer a entrega nas comemorações de 91 anos de Londrina. O prédio habita uma das áreas mais importantes de Londrina, é parte imponente da nossa história, tem grande valor arquitetônico, simbólico e afetivo, sendo patrimônio cultural do Brasil. Exatamente por isso, o processo de restauração foi totalmente cuidadoso em cada detalhe para não alterarmos as características originais, incluindo trabalhos manuais minuciosos. Teremos um Museu muito bonito, seguro, confortável e acessível para que seja utilizado pela população”, comemorou.

Foto: Emerson Dias / N.Com

O assessor de gabinete da Secretaria Municipal de Cultura, que também integra a diretoria de Patrimônio Artístico e Histórico-Cultural da pasta, Marcos Parisotto, é servidor de carreira há vários anos e acompanhou de perto todas as etapas da restauração. Ele salientou que essa não é uma obra comum, levando em conta todo o detalhamento técnico e necessidade de adequações aos padrões originais, conforme o tombamento patrimonial.

“O projeto foi contratado e feito por arquitetos especialistas, havendo estudos e sendo aprovado pelo Iphan. Precisamos seguir à risca e não dá para alterar processos, tentando manter o prédio mais próximo da sua realidade da época. Algumas ‘imperfeições’, inclusive, são parte disso e devem ser mantidas, para contarmos a história do prédio corretamente e haver um entendimento de como era, ampliando a experiência. A execução dos serviços correu bem e estamos entregando a obra neste fim de ano, mesmo com as complexidades”, explicou Parisotto, contando que possui apego afetivo e nostálgico com este lugar. “Minha tia trabalhou como telefonista na antiga Rodoviária, nos anos 1980, e desde garoto cresci circulando por esse local e região”, compartilhou.

Foto: Emerson Dias / N.Com

Revigorado e aprimorado – Com mão de obra especializada, empreendida pela NS Engenharia e Construções, houve várias adequações feitas na segunda e última etapa de restauração do Museu, iniciada em abril de 2025. A calçada externa foi recuperada, mantendo o piso em petit pavé da década de 1980, e o prédio ganhou pintura geral, nova grade externa, além de um sistema moderno de ar-condicionado para climatizar seus ambientes. Outras novidades são o projeto luminotécnico interno das áreas expositoras e para realçar a fachada do museu, com equipamento próprio de iluminação cênica; e uma área de embarque e desembarque na entrada para facilitar paradas rápidas de automóveis.

Mais um item inédito é o para-raios implantado abaixo do solo no pátio dos arcos onde estacionavam os veículos da antiga Rodoviária. O padrão de energia do imóvel foi atualizado para trazer mais eficiência, os banheiros foram repaginados e tornaram-se mais acessíveis, bem como o piso da entrada do edifício, área interna e seu entorno também foram adaptados para acessibilidade.

Nas janelas do piso superior da área de exposições, foram recompostas as chamadas brises, elementos com mais de 50 anos, que são grandes ‘pás’ articuladas para permitir a ventilação e controle de entrada de luz natural. O pacote ainda contou com paisagismo completo, desde nova grama e colocação de plantas, e novo sistema de segurança composto por câmeras e alarmes que será integrado, futuramente, ao monitoramento da Guarda Municipal.

Foto: Emerson Dias / N.Com

Novas perspectivas de uso – Para Marcão Kareca, é necessário que Londrina preserve sua história e consiga contar para a atual e futuras gerações como foi construída e como se desenvolveu, destacando como o Museu de Arte é grandioso. Sobre as perspectivas de uso, ele adiantou que a expectativa é resgatar modelos de eventos que já existiram na cidade, e também emplacar atividades e aplicações inéditas para o local. “Tínhamos aqui a Festa Nordestina, feiras tradicionais, vamos tentar retomar elas e incorporar novos elementos, até porque teremos custos de manutenção e gestão após a reabertura. Por que não usar o local para festas e eventos, ter alguma sala utilizada por entidade. Temos que ter efetividade na ocupação, o prédio tem que ser visitado, consumido, senão cai novamente no abandono. Nós estamos de passagem, mas a arte o museu permanecerão”, vislumbrou.

Foto: Emerson Dias / N.Com

Nesse contexto, Marcão Kareca citou o projeto de lei do Patrocínio, em trâmite na Câmara Municipal, que prevê cessão de uso de espaços da cidade de forma patrocinada. “Isso já existe em outras cidades de forma exitosa, queremos que Londrina tenha também essa possibilidade. Há estádios de futebol, arenas, teatros, museus com nomes de patrocinadores em parceria com o setor privado, então por que não imaginar que o Museu de Arte, ou áreas dele, possam ter sua gestão aprimorada para que seja um equipamento mais produtivo e de alta qualidade para todos? É uma forma de pensar que pode gerar bons frutos, tendo empresas interessadas em colaborar financeiramente e termos mais visibilidade”, projetou.

Evento de entrega das obras – No dia 18 de dezembro, às 19h, será realizado um encontro festivo que marca a conclusão do restauro do Museu de Arte de Londrina. A proposta é ser um momento aberto para a classe artística e cultural, com o descerramento de placa e apresentações musicais e culturais. “Estão previstos pocket shows e atrações surpresas de diferentes segmentos, de forma inclusiva, agregando participação de projetos locais de música, dança, grafismo. Um pessoal da Funcart vai trazer um recorte de um espetáculo de dança. Terá também flash mob e intervenções ao longo do evento”, citou Marcão Kareca.

Características arquitetônicas – O edifício do Museu de Arte é um marco da arquitetura modernista no Paraná, projetado pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi. Sobre o perfil predial, a presença de um conjunto de sete cascas de concreto armado em forma de abóbada, onde antes funcionava o embarque e desembarque, é um dos aspectos mais marcantes da edificação. O contraste entre linhas curvas e retas e a transparência da fachada em vidro, entre outras características da obra, mostram que a intenção foi elaborar bem mais que um abrigo de ônibus: a construção pode ser considerada um símbolo do desenvolvimento e da modernidade.

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