Pioneiros negros são tema de documentário exibido no Museu Histórico de Londrina
Filme investiga a trajetória de uma família negra nas fazendas de café e doa ao Museu acervo inédito de documentos e entrevistas
O Museu Histórico de Londrina recebe nesta quarta-feira (17), em duas sessões, o lançamento do documentário Valongo: cada cidade do Brasil é um porto, dirigido pela jornalista e pesquisadora Isabela de Faria Cunha. O filme reconstrói a história de uma família negra trabalhadora rural no Norte do Paraná, e busca incluir na história oficial a memória desses trabalhadores negros, geralmente esquecidos pelo país. O filme é parte de um projeto de pesquisa sobre memórias negras e teve financiamento do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), da Prefeitura de Londrina.
“Eu cresci escutando essas histórias. Histórias de uma vida de migração e de trabalho nas fazendas de café de Londrina”, contou Isabela Cunha, diretora do filme. “Conforme fui crescendo, comecei a me perguntar porque a história dos trabalhadores rurais não figurava nos museus, nas homenagens aos pioneiros, por exemplo. Foi isso o que me provocou a fazer este trabalho”, explicou.
Entre casas sem banheiro e aposentadorias negadas, o filme relata a migração, a chegada ao Paraná e as três décadas que essa família negra viveu e trabalhou em um latifúndio tradicional da era cafeeira londrinense. A partir de entrevistas, visitas e documentos, o filme elabora lembranças e revela, por meio da oralidade, as condições de trabalho, relações de poder e a dinâmica cotidiana das colônias, trazendo à tona o ponto de vista de quem construiu, com as próprias mãos, a história agrícola do Paraná e do Brasil.

“Olhando o resultado, eu vejo que se trata de um capítulo raramente contado da questão agrária brasileira: o olhar dos trabalhadores e trabalhadoras rurais negros, cujas trajetórias, embora centrais para o desenvolvimento do país, quase nunca são registradas pelos arquivos oficiais”, reflete Isabela.
Lançamento – Valongo terá duas exibições no Museu Histórico de Londrina, às 16h e às 19h, o lançamento celebra também a entrega ao acervo do Museu Histórico de Londrina de todo o material reunido durante a pesquisa do filme: fotografias, documentos, registros familiares e as entrevistas completas, sem cortes ficarão sob guarda do museu
“Existe no filme esse compromisso com a história local. É um filme familiar, claro, mas partimos do princípio de que essa é uma história comum, de muitas famílias, que precisa se fazer presente nos espaços oficiais de memória”, disse Isabela.
O gesto reforça o compromisso do projeto com a memória pública e com o acesso coletivo às histórias que compõem a cidade Valongo: cada cidade do Brasil é um porto é, ao mesmo tempo, um filme íntimo e um documento histórico, que devolve visibilidade à vida de trabalhadores apagados da narrativa
Sinopse:
Valongo: cada cidade do Brasil é um porto é um documentário que reconstrói a história de uma família negra trabalhadora rural no Norte do Paraná, revelando o que a memória oficial do país costuma esquecer. Entre casas sem banheiro e aposentadorias negadas, o filme relata a migração, a chegada ao Paraná e as três décadas vividas por essas famílias em uma grande fazenda de café .Da roça ao escritório, passando pela vida na casa grande, o filme acaba por reconstituir as condições de trabalho, de educação e de vida, bem como as diferenças sociais experimentadas por estes trabalhadores que, ao fim e ao cabo, sustentaram o desenvolvimento agrário do país até serem expulsos do campo. Valongo é um retrato íntimo, sensível e, ao mesmo tempo, político e coletivo, uma travessia pela memória que visa devolver dignidade às histórias que nunca chegaram aos arquivos oficiais, mas que resistem, e dão verdadeira forma à grande história do nosso país.
Texto: Assessoria de Imprensa




