Prefeitura cede espaço para o Movimento de Artistas de Rua de Londrina
Imóvel, localizado na Avenida Duque de Caxias, abriga diversos projetos culturais e artísticos, como de dança, teatro, capoeira, cinema e outros
Na manhã desta sexta-feira (7), o prefeito Marcelo Belinati assinou a Lei nº 12.802, que permite à Associação Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (AMARL) o uso do imóvel localizado na Avenida Duque de Caxias, 3.391, centro, que vem sendo ocupado pelo grupo de artistas desde junho de 2016. A assinatura da lei que autoriza a concessão foi feita, em solenidade, no próprio espaço cedido para o grupo.
No local, o MARL desenvolve diversas atividades, como grupos de teatro, rodas de capoeira, aulas de dança, projetos de cinema e de circo, já recebeu contações de histórias e realiza o Feirão da Resistência, nos segundos sábados de cada mês, com a comercialização de artesanatos e comidas. Há também a realização de apresentações culturais e artísticas e uma biblioteca com mais de 2 mil exemplares disponíveis para a consulta. Além disso, os artistas, grupos e coletivos podem usufruir do espaço para guardar seus materiais de trabalho.
A área cedida mede 750,00 m² e é de propriedade do Município de Londrina. Com a concessão de uso, ela deverá ser utilizada para a instalação e a manutenção de um Centro Cultural e de formação artística, aberto à comunidade e gratuito. Para isso, a associação deverá se encarregar de realizar as adequações ou reparos que forem necessários para a prestação do serviço aos cidadãos, mantendo assim um espaço em plenas condições de funcionamento e desenvolvimento das atividades. Também caberá à AMARL a responsabilidade pelo pagamento dos encargos civis, administrativos e tributários que incidirem sobre o espaço cedido. Além disso, os artistas que utilizarem este imóvel precisarão prestar contas à Secretaria Municipal de Cultura das atividades, oficinas, cursos e outras ações que desenvolverem no imóvel. Caso o grupo descumpra o estabelecido na Lei Municipal, o imóvel retornará automaticamente para a Prefeitura de Londrina.
Durante a solenidade, o prefeito Marcelo Belinati enfatizou que a cultura é um instrumento que permite mudar a vida das pessoas. Segundo ele, Londrina é uma cidade muito rica culturalmente e conta com produtores culturais que levam a cultura até o bairro, mudando a vida de muitas crianças. “É importante que o poder público tenha este olhar sensível e trabalhe em parceria com este tipo de movimento, para que possamos construir uma cidade melhor. O movimento está de parabéns e este é um ato de gratidão, da cidade, por tudo que ele tem desenvolvido aqui”, frisou.O secretário municipal de Cultura, Caio Cesaro, explicou que desde o início da gestão de Marcelo Belinati esse espaço público já estava ocupado pelo grupo de artistas, que vem desenvolvendo várias ações. “É um espaço que não vinha sendo utilizado pelo Município e que o movimento já estava ocupando. Eles fazem a integração de diversos projetos artísticos e culturais e ofertam um conjunto de atividades e programações para um público bem diversificado”, contou.
Cesaro destacou ainda que a cultura é uma marca de Londrina e disse que através dela os artistas e produtores levam o nome da cidade para outros locais. “Um município que tem a cultura como marca precisa ocupar, cada vez mais, espaços como este. O trabalho do Movimento dos Artistas de Rua, de reivindicar o uso de um espaço que historicamente pertenceu ao Movimento dos Estudantes Secundaristas de Londrina, também tem um peso histórico muito importante”, lembrou. Sobre o movimento – O Movimento dos Artistas de Rua de Londrina surgiu em 2012 com duas demandas principais, que eram a viabilização de atividades artísticas e culturais na rua e a ocupação de espaços públicos para o desenvolvimento da arte e da cultura. O primeiro ponto foi conquistado com a sanção da Lei Municipal nº 12.230 e o segundo está sendo atendido com a sanção da Lei Municipal nº 12.802.
A intenção do movimento é que o imóvel seja transformado em uma nova Vila Cultural de Londrina e assim consiga ampliar os projetos apoiados pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic) e ações de grande potencial cultural. “Estamos nos empenhando muito para construirmos uma nova consciência na população e deixarmos esse espaço como uma referência nacional para a cultura. Londrina talvez seja uma das únicas cidades do mundo em que o poder público referendou uma ocupação cultural, o que mostra que temos um grande potencial e já estamos à frente. Ficamos muito felizes e gratos ao poder público, que vê a importância da cultura para a cidade. Esse é um momento histórico para nós”, ressaltou o articulador e um dos fundadores do MARL, Rogério Francisco Costa.O projeto “Lugar de Vivências”, que recebe o apoio financeiro do Promic, está realizando um documentário e um livro sobre a história do imóvel, que é da década de 1950. A pretensão é que as pessoas que utilizaram o lugar quando ele oferecia bailes e ações sociais, no início da história de Londrina, possam contar suas memórias e experiências naquele ambiente. Além disso, estão sendo resgatados os documentos que contam essa história, como os exemplares da Folha de Londrina, do Jornal Oficial do Município, da Câmara de Vereadores e do Museu Histórico.
Um dos associados do local, Danilo Lagoeiro, contou que, para o futuro, a AMARL pretende continuar os projetos de memória, realizar muitos eventos e desenvolver novos projetos. “Temos vários grupos de teatro e de dança que estão pesquisando novas montagens e queremos ampliar o vínculo com as universidades. Atualmente temos cerca de 20 estagiários, da Universidade Norte do Paraná (Unopar) e Universidade Estadual de Londrina (UEL), que passam o ano conosco e a tendência é que isso se amplie. Enxergamos um futuro brilhante para o movimento, com a realização de muito trabalho”, concluiu.
Também estiveram presentes na solenidade, o presidente da AMARL, João Poças; o vereador Jairo Tamura; representando a Comissão de Empresários da Avenida Duque de Caxias, Gilberto Mensato; as crianças da Associação de Pais e Amigos de Portadores de Síndrome de Down (APS-Down); além de artistas que participam das atividades no local.