Cidadão
Projeto vai melhorar a competitividade da Coopersil
Prefeito Barbosa Neto apresentou o projeto desenvolvido pela UTFPr e incentivado pela SETI que vai ampliar a reduzir custos da cooperativa de catadores de reciclagem
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Ao todo, serão investidos no projeto R$ 96.024,00, que vai possibilitar à Cooperativa contar com a assessoria de quatro professores universitários, um advogado e dois administradores recém-formados, além de quatro estagiários do ProUni. O professor de administração da UTFPr, Marco Antonio Ferreira será o coordenador do projeto.
A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) também vai colaborar com o trabalho dos acadêmicos, oferecendo apoio na reestruturação da logística da cooperativa, auxiliando a criação de uma modelagem para o processo de gestão e dando suporte legal à implementação das ações na cooperativa.
A gestora de coleta seletiva da CMTU ,Marilys Garani ressaltou que a parceria com a UTFPr cumpre uma indicação do Consemma, do Ministério Público e de entidades de sociedade civil organizada que previa uma assessoria técnica, que buscasse a profissionalização da coleta seletiva em Londrina. “Com isso a administração municipal valoriza a história e a experiência acumulada do catador, disponibilizando os avanços tecnológicos através de uma instituição de ensino.”
Marilys Garani, explicou que o projeto vai ser desenvolvido em três etapas. “Em um primeiro momento, os catadores vão receber orientação de como deve ser feita a organização interna, no sentido de dar maior produtividade, com menor esforço físico, e sobre como adequar os barracões as normas de segurança e da legislação ambiental, garantindo mais proteção e mais renda para os trabalhadores”, explicou.
O presidente do Conselho Municipal do Ambiente ( Consemma), Fernando Barros, enalteceu que a profissionalização dos catadores da coleta seletiva foi um grande passo para os avanços ambientais em Londrina. “O trabalho da Coopersil vai beneficiar a população de Londrina, pois estamos deixando de poluir fundos de vales, jogar ainda mais lixo no aterro, por exemplo”, destacou Barros.
A promotora de Defesa do Meio Ambiente, Solange Vicentin, comentou que o projeto ajuda Londrina a permanecer como referência em separação de lixo, e que a “longa luta” para as melhorias dos trabalhadores da cooperativa. Solange Vicentin comentou que a Coopersil colabora para a diminuição do da exploração de catadores, realizada com interesses próprios. “Os trabalhadores ganham dignidade, locais adequados de trabalho e recebem aquilo que tem direito”, completou a promotora.
O presidente da Coopersil, Zaqueo Vieira, agradeceu ao prefeito Barbosa Neto pela iniciativa em colaborar com o crescimento da cooperativa. Vieira lembrou, inclusive, dos papeis doados ontem (8) à Coopersil, através do “Dia do Descarte” no prédio da Prefeitura.
Segundo o diretor geral do campus UTFPr – Londrina, Marcos Imamura, falou que a universidade vai executar o projeto de forma ampla, e se empenhar para colaborar com o desenvolvimento social e profissional dos catadores.
A ex-secretária de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto, explicou sobre como funciona o desenvolvimento social, através das parcerias entre as universidades e a comunidade, como vem acontecendo entre os catadores e a UTFPr – Londrina. Lygia Pupatto disse que “tem certeza” de que o projeto vai dar certo na cidade, pois há pessoas responsáveis tanto no poder público, quanto na sociedade civil organizada.
O prefeito Barbosa Neto parabenizou a iniciativa da universidade e destacou que a organização da Coopersil possibiliotu os catadores ganharem uma renda fixa mensal de aproximadamente, R$ 700,00 com possibilidade de aumentar os ganhos, conforme os resultados das melhorias feitas na cooperativa. Barbosa explicou, por exemplo, que mensalmente, é depositada uma quantia de dinheiro, que no fim do ano será destinada ao 13º dos catadores.
Barbosa Neto falou também sobre a resistência de algumas Ong’s de Londrina que não se associaram à Coopersil, comentando que elas devem criar outra cooperativa, para ajudar no crescimento econômico de qualidade. O prefeito parabenizou secretário municipal da Fazenda, Lindomar Mota, pela paciência e iniciativa na construção do projeto, bem com a gestora de coleta seletiva da CMTU, Marilys Garani.
A segunda etapa será a realização de um estudo nos centros de triagem, que a partir da medição da quantidade dos produtos recolhidos e das rotas atuais, será feita uma nova logística que observará menos custos com aumento da coleta seletiva. Num terceiro momento, os cooperados vão receber suporte para profissionalização, para que eles, conhecendo o produto e as condições do mercado, possam montar o seu plano de negócio. “Vamos fazer com que o valor justo do trabalho aumente”, completou professor de administração da UTFPr, Marco Antonio Ferreira.
Além disso, o professor destacou outros benefícios proporcionados pelo projeto. “Vamos dar oportunidade a estudantes recém-formados de terem o primeiro emprego, além de promover a transferência de tecnologia, aproximar a Universidade da sociedade, e, claro, colaborar para a sustentabilidade do meio ambiente”, afirmou.
Além do prefeito, compareceram ao anúncio, gestora de coleta seletiva da CMTU, Marilys Garani; o presidente do Conselho Municipal do Ambiente, Fernando Barros; a promotora de Defesa do Meio Ambiente, Solange Vicentin; presidente da Coopersil, Zaqueo Vieira e a ex-secretária de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto. Diversos cooperados da Coopersil prestigiaram a coletiva semanal.
Empreendedorismo e humanização
A Coopersil foi fundada em setembro de 2009, com o apoio da Prefeitura Municipal de Londrina, agregando 70% de todos os trabalhadores que antes atuavam separadamente, em Organizações Não-Governamentais (ONGs). Desde então, já recebeu doações de duas prensas para embalagens Tetra Pak e seis carrinhos elétricos, que humanizaram o trabalho dos catadores. Outros três estão sendo adquiridos.
Se antes o trabalhador tinha de carregar, manualmente, cerca de 300kg de material reciclável por coleta, com os carrinhos elétricos ele pode transportar a mesma quantidade, com a sensação de 10kg. As prensas doadas pela Tetra Pak também foram uma forma de valorização do trabalho dos catadores, já que otimizam o armazenamento e agregam preço no material a ser comercializado. Além disso, com os recursos repassados pelo contrato da CMTU com a Coopersil, os catadores contam hoje com uma sede administrativa, cinco galpões e pagamento previdenciário para os cooperados.
Atualmente, Londrina tem o maior índice nacional de reciclagem de lixo. De todos os resíduos produzidos na cidade, 23% são recolhidos para reciclagem. Com todos estes investimentos, as entidades de coleta seletiva já chegam a nove de cada 10 pontos onde o lixo é gerado (residências, comércios e indústrias). Tais ações renderam ao município o recebimento do prêmio internacional “Água e Saneamento”, na categoria Resíduos Sólidos, concedido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), recebido no México, em novembro do ano passado.
(Londrina, 9 de junho de 2010)
Foto: Luiz Jacobs