Servidores contam relatos de suas trajetórias na Prefeitura de Londrina
Iniciativa é uma homenagem ao Dia do Servidor Público, celebrado anualmente em 28 de outubro

Com a volatilidade do mercado de trabalho, a troca de empregos tornou-se algo comum, por isso não é difícil encontrarmos profissionais que não se enxergam trabalhando, na mesma empresa ou instituição, durante anos e anos. Porém, na Prefeitura de Londrina ainda existem aqueles se dedicam ao público há décadas. Em homenagem ao Dia do Servidor Público, celebrado em 28 de outubro, a Secretaria Municipal de Recursos Humanos (SMRH) e o Núcleo de Comunicação (N.Com) da Prefeitura de Londrina apresentarão algumas dessas histórias de dedicação e amor à profissão.
Segundo os registros da SMRH, dentre os mais de 10 mil servidores públicos municipais, atualmente existem 43 funcionários com mais de 35 anos de serviços prestados pela Prefeitura de Londrina. Além deles, há outros 42 profissionais que estão há exatos 35 anos no órgão municipal, 85 que trabalham exatamente há 30 anos e quase 500 que estão há duas décadas e meio no serviço público.

O funcionário com o maior tempo de contribuição no serviço municipal é o contador do Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Rubens Bento, que atua há mais de 46 anos na Prefeitura de Londrina. Natural de Jaborandí (SP), sr. Bento ingressou na Prefeitura Municipal em 1969, com apenas 28 anos. Há quase 5 décadas, por meio de concurso público com outros 28 concorrentes, ele conseguiu a única vaga de contador existente no extinto Serviço Autárquico de Saneamento (SAS).
“Tive algumas experiências de trabalho, como funcionário de uma exportadora de café. Porém, quando surgiu a oportunidade na Prefeitura, prestei o concurso com a finalidade de entrar no SAS. Fiquei lá por 5 anos até o Governo Militar obrigar cada estado a ter uma única empresa de saneamento. O prefeito, na ocasião, passou o órgão para a Companhia de Saneamento do Paraná, a SANEPAR. Fiquei lá por mais um ano e, então, fui convidado para ser contador na Codel, que acabara de ser criada”, relatou.
O computador e a internet foram implementados como instrumentos de trabalho da Prefeitura muito tempo depois de sr. Bento ingressar no serviço público. Para ele, o advento das novas tecnologias foi muito benéfico aos trabalhadores, porque facilitou a dinâmica do profissional, visto que, antes, tudo era feito à mão. “Era difícil reproduzir as técnicas de cruzamento e fechamento de dados. Os impressos eram enormes e datilografados na máquina, com relatórios de 20 a 30 páginas.Quando havia um erro, era necessário apagar e refazer tudo. Hoje, temos os softwares que resolvem isso e o computador que facilitou muito as nossas vidas”, completou o servidor.

Sobre o trabalho – Para quem pensa que o serviço público é uma ocupação de pouca produtividade, servidores como sr. Bento mostram o contrário. Ele lembra que, embora muitos critiquem quem atua como servidor público, o cargo traz consigo muita dedicação à sociedade e ao Município onde se vive e trabalha. É comum, por exemplo, verificar melhorias feitas no ambiente de trabalho pelos próprios funcionários, mesmo que isso signifique a aplicação de recursos financeiros próprios. “Faço várias coisas que, às vezes, não têm a ver diretamente com a Codel, mas me sinto bem podendo ajudar a cidade, que adotei para morar. É uma missão com o objetivo de atender bem o contribuinte. Às vezes, ficamos tristes com as críticas, mas isto não pode ser generalizado”, finalizou Bento.
Além do contador de 79 anos de idade, a Prefeitura de Londrina também pode contar com a dedicação da coordenadora de Recursos Humanos da Codel, Marli Aparecida Lepre. Assim como ele, a servidora já está há mais de quatro décadas trabalhando para os londrinenses. “Cheguei em Londrina em 1976, com 22 anos. Estava em busca de um emprego e vi que a Codel precisava de um datilógrafo. Fiz um teste e passei. É uma profissão muito gratificante e essencial para o funcionamento do município. Foi a experiência perfeita para a minha vida”, ressaltou Lepre.

Ela também lembrou quando as máquinas de escrever foram substituídas pelos computadores. “Lembro que quando engravidei, o manuseio das máquinas era complicado, pois eram muito aparelhos grandes. Quando entrou o computador, participamos de um treinamento e tudo melhorou muito”, frisou a servidora.
Ainda atuando – Tanto sr. Rubens, quanto sra. Marli já se aposentaram através do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas continuam na ativa na Prefeitura. Ele foi responsável por fundar a Casa do Empreendedor, em 1997, onde atua até hoje. “Em maio de 2021 completarei 80 anos. Não tenho perfil para ficar em casa parado. Me sinto bem trabalhando. Montei a Casa do Empreendedor, que hoje é um sucesso e empresta dinheiro para os pequenos empreendimentos. Vou lá pela manhã e à tarde na Codel”, informou.
Já Marli acreditava que quando chegasse aos 65 anos iria aposentar, hoje não se vê sem o trabalho regular. “Trabalho fora desde os 14 anos. No ano passado, tive um câncer de mama. Perguntei para o médico se precisava parar de trabalhar e ele me disse que não. Fiz a quimioterapia e consegui me curar deste mal. Pretendo continuar mais uns anos na Prefeitura e quando eu fizer uns 70 anos, aí eu paro”, destacou.
Texto: Pedro Nunes sob supervisão das jornalistas Ana Paula Hedler e Sônia Lenira de Carvalho