Espaço da manifestação artística e popular, Concha Acústica de Londrina completa 64 anos
Inaugurada em 1º de maio de 1957, a Concha reúne em sua história momentos que refletem a transformação da cidade em metrópole

Neste sábado (1°), a Concha Acústica de Londrina completa 64 anos. O espaço é considerado um dos símbolos da cidade, como tradicional palco para apresentações e eventos culturais, ações sociais e encontros da comunidade. Situada na Praça 1° de Maio, bem no cruzamento das ruas Piauí e Senador Souza Naves, área central, a Concha é também um retrato da arquitetura moderna dos anos 50.
Construída durante a gestão do prefeito Antonio Fernandes Sobrinho, a Concha Acústica de Londrina foi inspirada em uma visita do então prefeito a um município no Espírito do Santo, onde havia um coreto público de estrutura similar. O projeto foi elaborado por Henrique Mindlim, e executado por José Augusto Queiroz, com inauguração em 1° de maio de 1957.

Para o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, a Concha Acústica é, provavelmente, o primeiro centro cultural de Londrina. “No início da década de 50, era naquela área que a população se reunia em concurso de canto, instalação de parques e como ponto rodoviário. Então quando a Concha foi construída e inaugurada, em 1957, já havia essa tradição de ocupação”, citou.
Próximo à praça, estava consolidada a Biblioteca Pública da cidade. “E na junção da Biblioteca com a Concha nasceu esse monumento de Londrina”, detalhou Pellegrini.
Dentre as lembranças em destaque da Concha Acústica, o secretário municipal de Cultura indicou a performance da Orquestra de Metais da Marinha Americana e a Feira das Nações, na década de 60. “Desde então, o londrinense viu a Concha ser palco de grandes eventos, discursos políticos, espetáculos e shows. Ela está gravada no coração de Londrina”, frisou.

Os grandes festivais da cidade, de música, dança e teatro, fizeram ali muitas performances memoráveis ao longo das décadas seguintes. Nos anos 2000, havia a tradicional “Sexta na Concha”. E na década seguinte, as batalhas de rima reuniam jovens e adolescentes com a poesia característica do rap e hip hop.
Por conta da pandemia de Covid-19, o uso do espaço foi restringido para que não ocorram aglomerações, que potencializam a transmissão do novo coronavírus. Excepcionalmente, para celebrar os 64 anos da inauguração, a Concha volta a ser palco de uma programação especial neste sábado (1º), que será transmitida on-line.
O Circuito de Artes e Conceitos de Londrina (CICLO) executa, às 12h20 e 18h30, a canção “Londrina”, de Arrigo Barnabé, com uma iluminação cênica à noite. Haverá ainda instalação artística pelo artista plástico Danillo Villa, das 12h às 20h. A comemoração do aniversário incluiu ainda a revitalização de todo o espaço, feita pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU).
“É uma alegria enorme, mesmo em meio a essa ausência física do ato público por conta da pandemia, podermos celebrar o aniversário da Concha, com a performance tão linda que o CICLO preparou para presentear a cidade. Teremos ali uma instalação com a grandeza e dignidade que a Concha merece, com participação de toda administração para transformar esse evento em algo singular”, celebrou o secretário de Cultura.

A diretora de Patrimônio Histórico-Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Solange Batigliana, citou que a Concha Acústica integra as imediações da Casa da Criança, primeiro bem tombado pelo Patrimônio Municipal. “Por estar nesse entorno, ela tem uma proteção. Suas características não podem ser alteradas ou modificadas, pois ela compõe um espaço muito importante”, disse.
Desde a sua prospecção, a estrutura foi pensada em garantir voz àqueles que ali se apresentam. “A Concha foi construída permitindo a projeção vocal de forma que, dependendo de onde você está posicionado, consegue ser ouvido sem qualquer sonorização complementar. Fazendo jus ao nome, ela dispõe dessa tecnologia”, acrescentou a diretora de Patrimônio Histórico-Cultural da SMC.
Ao longo dos 64 anos de inauguração da Concha Acústica, Londrina despontou como capital do Café, mudou o enfoque da sua economia, multiplicou sua população para muito acima do previsto, e avança como metrópole de forma relevante. “A Concha testemunhou Londrina crescer e se erguer como uma cidade moderna; que possamos mantê-la sempre como um espaço democrático e significativo de arte, cultura, lazer e manifestação”, finalizou Batigliana.