Cidadão

Literatura na Biblioteca discute o livro “Cartas Chilenas”, de Tomás Gonzaga

Palestra será nesta segunda-feira (12), na Biblioteca Pública Municipal; todas as reuniões do projeto começam às 18h30 e têm entrada livre e gratuita

O Projeto Literatura na Biblioteca traz uma discussão, nesta segunda-feira (12), sobre a obra “Cartas Chilenas”, do escritor Tomás Antônio Gonzaga. O livro faz parte da lista de leituras cobradas no vestibular da Universidade Estadual de Londrina (UEL), e será apresentado pela professora Dra. Gisele Gemmi Chiari, que é pós-doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da UEL. Após a explicação sobre os principais pontos de “Cartas Chilenas”, todos poderão conversar e discutir os assuntos da obra.

As palestras do projeto têm participação gratuita e aberta a todos, e são sempre às 18h30, na Biblioteca Pública Municipal Pedro Viriato Parigot de Souza, que fica na avenida Rio de Janeiro, 413, no Centro.  A iniciativa é realizada desde 2017, pela Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Diretoria de Bibliotecas Públicas de Londrina, em parceria com o PPGL da UEL.

Divulgação

Segundo o técnico de gestão da Biblioteca Pública, Guilherme Yung Wing Li, as discussões do projeto não serão mais transmitidas de forma on-line. “Estamos tentando retornar às atividades de forma totalmente presencial”, contou. Quem quiser acessar as conversas anteriores do projeto pode encontrá-las no canal do YouTube das Bibliotecas Públicas de Londrina (clique aqui).

De acordo com o técnico, o Literatura na Biblioteca é sempre apresentado por professores ou estudantes do PPGL da UEL. “É um projeto muito importante, pois já passaram por aqui muitas pessoas que, depois, foram aprovadas no vestibular. As palestras ajudam muito, são momentos em que os vestibulandos podem ter uma troca muito valiosa com pessoas que estudam a fundo a literatura”, avaliou.

A pós-doutoranda Gisele Gemmi Chiari, que ministrará a conversa nesta terça, contou que é a primeira vez que participa presencialmente do projeto. “Sou de São Paulo e cheguei no ano passado à UEL, então participei da edição anterior, de forma on-line. É um projeto muito bacana, pois ao levar essas conversas sobre literatura à biblioteca, é possível estabelecer a relação de um público mais abrangente com a literatura, o que desmistifica a ideia de que literatura é para uma elite”, comentou.

Chiari destacou, também, a importância do diálogo sobre as obras. “Podemos também auxiliar os estudantes que estão nesse processo de tentar garantir o ensino superior e, para os que não são vestibulandos, promover esse acesso a uma conversa sobre literatura”, apontou.

Cartas Chilenas – A professora explicou que a obra foi escrita, provavelmente, entre os anos 1783 e 1789. “É difícil especificar o ano, pois o que temos hoje são apenas cópias de panfletos da época. Demorou, por conta disso, até mesmo para ser aferida a autoria, que é atribuída a Tomás Antônio Gonzaga. Sabemos que não podem ter sido escritas depois de 1789, pois nesse ano Gonzaga foi preso por ter participado da Inconfidência Mineira”, explicou. A obra contém 13 cartas, que não têm uma ordem definitiva, pelos mesmos motivos.

Nas cartas, é descrito o “Fanfarrão Minésio”, que é, na verdade, uma caricatura de Luís da Cunha Meneses, o governador da Capitania de Minas Gerais na época. Chiari contou que o personagem governa de forma corrupta, com muito nepotismo, abuso de poder e tirania. “Ele é hipócrita. Finge-se devoto, mas não tem compaixão. Para os que são culpados ele dá liberdade e, para outros, ele abusa do poder e aplica castigos muito duros, que são descritos no livro. Além disso, ele não escuta o Senado e seus pares, e tem um séquito que o segue e apoia”, descreveu.

As cartas são poemas satíricos compostos em versos decassílabos brancos. “Isso significa que cada um pode ser dividido em dez sílabas poéticas, e não rimam entre si, por isso são classificados como ‘brancos’”, explicou.

Chiari destacou ainda a importância da obra ser lida e discutida até os dias de hoje. “Apesar de o autor usar muitas figuras de linguagem, temos na obra um retrato do Brasil colonial. Pensando na libertação desta herança colonial, é preciso compreender como era essa estrutura, pois essa herança permanece nas relações atuais, na maneira como se dão as relações sociais e de poder. É muito importante entendermos isso para termos um olhar crítico com as nossas estruturas hoje, e saber o que podemos repensar e tentar modificar”, concluiu.

A última palestra do projeto foi em 31 de agosto, quando foi discutida a obra “Contos Novos”, de Mário de Andrade. Confira o cronograma dos próximos livros que serão discutidos pelo projeto, que compõem a lista de obras pedidas no Vestibular da UEL para o biênio de 2023/2024:

– 26/09 – O Rei da Vela, de Oswald de Andrade (palestrante: Sonia Pascolati)

– 03/10 – Histórias que os jornais não contam, de Moacyr Scliar (palestrante: Mateus F. Oliveira)

– 17/10 – Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus (palestrante: Amanda C. Ferreira)

– 28/10 – Niketche: Uma História de Poligamia, de Paulina Chiziane (palestrante: Jhenifer Rodrigues)

– 07/11 – Melhores Poemas, de Fernando Pessoa (palestrante: Felipe Frasson)

– 21/11 – Torto Arado, de Itamar Vieira Junior (palestrantes: Gabriel Camilo e Jefferson Ruiz)

– 05/12 – Chove Sobre a Minha Infância, de Miguel Sanches Neto (palestrante: Fernando Leite)

– 12/12 – O Seminarista, de Bernardo Guimarães (palestrante: André Alcântara) 

Texto: Débora Mantovani, sob supervisão dos jornalistas do Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina

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