Documentário Caminhos do Graffiti estreia nesta sexta (16) em sessão aberta ao público
Obra registra o processo de produção dos grafites nos viadutos da Avenida Dez de Dezembro; entrada é gratuita e não há necessidade de inscrição
O projeto Caminhos do Graffiti, que trouxe intervenções artísticas para sete viadutos da Avenida Dez de Dezembro com temas referentes à história e cultura de Londrina, ganhou um documentário, que será exibido em cerimônia de lançamento nesta sexta-feira (16). Produzido pela Vertigo Filmes, o documentário, que tem 20 minutos de duração, será mostrado após cerimonial e entrega de certificados dos participantes das oficinas do programa. O evento terá também o lançamento do site do projeto, do mapa do programa e de uma exposição fotográfica virtual. A entrada é gratuita e aberta ao público em geral, e a atividade começa às 19h na Escola de Circo de Londrina, localizada na Avenida Saul Elkind, 790, no bairro Maria Cecília, região Norte.
A realização do projeto Caminhos do Graffiti contou com patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), e foi executado pela Associação Londrinense de Circo, Coletivo Capstyle e a Fábrica – Rede Popular de Cultura.
De acordo com o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, a estreia marca a celebração da presença permanente do grafite na paisagem e na vida da cidade. “O documentário inaugura um novo momento dessa arte de rua, que vem crescendo há décadas, formando e preparando artistas e se relacionando com a população num verdadeiro museu de arte de rua a céu aberto. É um registro muito importante de toda essa atividade que movimentou os coletivos de grafite de Londrina. Teremos depoimentos dos artistas, um mosaico das obras que foram colocadas em destaque e depoimentos de londrinenses”, afirmou.
O secretário revelou ainda que o site do projeto, que será lançado no evento, terá registrada toda a história da iniciativa. “Servirá como referência para turistas e outros artistas que queiram conhecer esse trabalho”, contou.
Segundo o artista do Coletivo Capstyle, Tadeu Roberto Júnior, conhecido como Carão, as intervenções nos muros dos viadutos tiveram sete fases, uma para cada viaduto, que começaram em fevereiro de 2022 e foram até maio. “Cada viaduto teve como responsável um grafiteiro do coletivo. Em cada etapa, que durava uma semana, foi oferecida uma oficina na Escola de Circo, que tinha aulas de terça a quinta, coordenadas pelo responsável da respectiva fase, e de sexta a domingo das mesmas semanas era feita a pintura do viaduto, cada um conforme um tema”, contou.
Carão explicou que para o viaduto da sétima etapa, localizado no cruzamento das avenidas Dez de Dezembro e Leste-Oeste, próximo à Rodoviária de Londrina, todos os integrantes do Coletivo participaram. “O tema do último foi diversidade. Foi um prazer para todos nós e eu, como artista, sinto uma satisfação enorme. As oficinas também deram muito resultado, os alunos que participaram continuam trabalhando, estão pintando muito”, revelou.
Além de Carão, foram coordenadores de oficinas e autores das obras também os artistas integrantes do Capstyle: Korneta, Napa, Huggo Rocha, Kenia, Sabota e Zion. (Veja lista com as obras de cada um abaixo).
Caminhos do Graffiti
Segundo o jornalista e diretor da Vertigo Filmes, Luciano Pascoal, o documentário foi filmado ao longo de todo o processo do Caminhos do Graffiti, desde as oficinas, que eram ofertadas na Escola de Circo, até a realização do grafite nos viadutos, das quais os alunos também participaram. “Eu fui convidado pela Associação de Circo para filmar o documentário, e foi uma experiência incrível”, contou. O filme mostra cada etapa dos procedimentos, e conta com depoimentos dos alunos e artistas.
Pascoal destacou a participação de meninas nas oficinas. “É uma arte que geralmente está muito associada a meninos. Mas, nas entrevistas, nós conseguimos mostrar o quanto as meninas que participaram são conscientes sobre a importância de passar a mensagem delas também. O projeto permitiu que a garotada de regiões periféricas pudesse deixar a sua marca na cidade, é mais uma demonstração de que a cultura, a arte, abre novas perspectivas para a vida das pessoas”, ressaltou.
Além da exibição desta sexta, o diretor contou que tem intenção de inscrever o filme no Festival de Cinema de Londrina, que será em novembro. “Será uma forma de trazer mais visibilidade às mensagens deixadas pelos grafiteiros. Foi um grande prazer trabalhar com o projeto, é muito bom trazer vida a esses locais, pois é algo que chama a atenção das pessoas que passam, convida a população a experienciar a cidade e considerar as perspectivas dos artistas de rua”, avaliou.
O coordenador do Fábrica Rede Popular de Cultura, Valdir Grandini, enfatizou a importância da arte estar presente no dia a dia da população. “É um tipo de galeria, de museu a céu aberto, e não só é gratuito, como é feito a partir do espaço urbano, visível a todos e deixa a cidade mais bonita e expressiva”, destacou.
Grandini contou que a Avenida Dez de Dezembro foi escolhida como espaço inicial do projeto por ser um espaço com bastante fluxo. “Ela corta a cidade de uma forma interessante, faz ligação da região norte com a sul e passa pela rodoviária, que é um espaço importante de movimento de pessoas e de gente que vem de fora também. Esse foi o primeiro eixo que identificamos como importante também historicamente para a formação e desenvolvimento da cidade”, afirmou.
De acordo com Grandini, a Secretaria de Cultura já está planejando uma nova edição do projeto. “Como é um programa, a função dele é favorecer um processo continuado dentro do município, nesse caso, de embelezamento e criação de roteiros de exposição dessa arte. Nossa intenção é que ele continue, não temos ainda data de um próximo edital, mas já estamos preparando”, indicou.
Ele acrescentou, ainda, que o documentário vem para registrar o talento dos jovens artistas que foram alunos das oficinas. “O grafite é uma arte do movimento hip hop e que tem alta presença nas periferias das cidades, por meio da qual essa população pode mostrar sua leitura de mundo e potencial artístico. O documentário nasce para que isso fique registrado. Às vezes, a maior riqueza no fazer artístico não está no produto final, e o que é mais bonito ainda que a grafitagem é ver uma juventude nova de artistas encontrando um canal para a arte, que foi o que aconteceu nesse processo de aprendizagem, de transferência de conhecimento de grafiteiros que estão passando para uma nova geração de novos criadores”, concluiu.
Temas dos viadutos
Confira os temas e artistas responsáveis de cada viaduto, bem como o período de oficinas e pintura:
– 1ª etapa: Tema: “Café” – Local: Viaduto da Rua Attílio Octávio Bisatto (oficinas e graffiti realizados de 22 a 27 de fevereiro de 2022, coordenados por Huggo)
– 2ª etapa: Tema: “Pioneiros” – Local: Viaduto da Avenida Celso Garcia Cid, sobre a Avenida Dez de Dezembro (de 8 a 13 de março, coordenados por Napa)
– 3ª etapa: Tema: “Londrina, Cidade das Artes” – Local: Viaduto da Avenida Celso Garcia Cid, sobre a Avenida Dez de Dezembro (de 22 a 27 de março, coordenados por Kenia)
– 4ª etapa: Tema: “Aviação” – Local: Viaduto da Avenida Santos Dumont, sobre a Avenida Dez de Dezembro (de 5 a 10 de abril, coordenados por Zion)
– 5ª etapa: Tema: “Vilanova Artigas” – Local: Viaduto da Avenida Santos Dumont, sobre a Avenida Dez de Dezembro (de 19 a 24 de abril, coordenados por Korneta)
– 6ª etapa: Tema: “História da TV e do Rádio em Londrina” – Local: Viaduto da Avenida Juscelino Kubitschek, sobre a Avenida Dez de Dezembro (de 10 a 15 de maio, coordenados por Carão)
– 7ª etapa: Tema: “Diversidade étnica e cultural” – Local: cruzamento das avenidas Dez de Dezembro e Leste-Oeste, próximo à Rodoviária de Londrina (de 23 a 27 de maio, todos participaram)
Texto: Débora Mantovani, sob supervisão dos jornalistas do Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina