Secretaria de Educação realiza II Mostra de Hortas Escolares
Intenção foi mostrar à comunidade os projetos desenvolvidos nas escolas e CMEIs de Londrina; ideia é estimular a sustentabilidade ambiental, a alimentação saudável e a preservação dos recursos naturais

A Secretaria Municipal de Educação (SME) realizou a II Mostra de Hortas Escolares durante a 3ª Semana de Alimentação Saudável, em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (SMAA) e o Programa Municipal de Agricultura Urbana e Periurbana (AgriUrbana). A mostra aconteceu nos dias 20, 21 e 22 de outubro, dentro do Parque de Exposições Governador Ney Braga, junto ao Londrina Mais Gente.
O projeto das hortas escolares busca sensibilizar os alunos para questões de sustentabilidade ambiental, preservação dos recursos naturais e estimulá-los a buscar uma alimentação saudável. Para isso, os estudantes da rede pública são convidados a interagir com a natureza, plantando verduras, folhas verdes e até pés de frutas nos terrenos das escolas. Todos os ensinamentos e aprendizados servem como instrumento pedagógico. Atualmente, mais de 40 unidades escolares fazem parte da iniciativa.

Neste projeto, a Secretaria de Educação conta com o apoio do presidente do Rotary Club de Londrina, Paulo Terciotti e do diretor da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção (Acomac), Pedro Garcia, sendo que, durante a última mostra, o Rotary Club deu um kit de ferramentas, para ser usado no trabalho com a terra. Os kits continham instrumentos importantes para o trabalho na terra, como o ancinho com cabo; sacho coração com cabo; pazinha larga com cabo de madeira; pazinha estreita com cabo de madeira, ancinho com cabo de madeira e mangueira.

A coordenadora pedagógica do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Clélia Regina Guilherme de Almeida Zotelli, Keila Ramos Borini, explicou que a unidade escolar realiza a horta escolar desde 2019. A ideia sempre foi produzir conhecimentos científicos a partir da germinação das sementes, dos micro-organismos e dos pés plantados no pomar. Porém, a primeira horta acabou ficando muito grande, o que demandou muito trabalho para a manutenção. Isso porque, só para construi-la foram necessários quatro sábados de trabalhos com a ajuda de diversas pessoas, entre eles, os professores. Após a primeira colheita, a unidade escolar pediu a ajuda e orientação do engenheiro agrônomo da Secretaria de Educação, Paulo Roberto Guilherme, e um dos responsáveis pelo Projeto Hortas Escolares.
Após a avaliação do espaço, o engenheiro sugeriu a modificação da horta em caixaria de 3m x 3m, com sombrite, que foi feita com a ajuda do patronato. Assim, desde janeiro deste ano, as crianças do CMEI contam com um pomar com árvores frutíferas – que tem Muntingia calabura, acerola, jabuticaba, mamão, pitaia, amora e até ramos de mandioca – e uma horta com cenoura em vaso, alface, couve, tomate, cebolinha; além de um espaço sensorial com ervas aromáticas, como lavanda, alecrim, erva-doce, índigo japonês e outras. “O Paulo sugeriu a horta em caixaria e a transformação do antigo espaço em um pomar, onde cada turma plantou uma árvore. Esse ano, as crianças já conseguiram comer amora e aprenderam que mamão tem o fruto macho e fêmea, onde a fêmea tem mais sementes. É muito aprendizado para os professores e para as crianças, que gostam muito das aulas na horta”, contou Borini.

A coordenadora pedagógica também explicou que, como o ensino nos CMEIs é interdisciplinar devido à idade das crianças, a horta e o pomar são usados a cada 15 dias, por meio de revezamento entre todas as turmas. Ali, os pequenos seguem um cronograma de plantio e colheita, além de poderem fazer pesquisas.
O último estudo realizado por eles teve o objetivo de encontrar um repelente natural para lagartas, que não poluísse o meio ambiente e nem fizesse mal ao ser humano. Após pesquisas na comunidade, com os mais velhos, familiares, vizinhos e pela internet, as crianças propuseram seis fórmulas naturais. Cada uma delas foi testada em um pé de couve diferente, quando se percebeu que a sexta delas foi a melhor e está sendo usada agora. “As próprias crianças pesquisaram, fizeram a receita e deixaram fermentando para depois aplicar nos pés de couve. Foi realmente uma pesquisa científica. Agora, nós descobrimos que ela pode ser usada para afastar as abelhas europeias, que estavam no pé de poejo, e que são perigosas para as crianças”, explicou.
Outra unidade escolar que participa do projeto é a Escola Municipal Ruth Ferreira de Souza, cujo diretor Simão Paulo de Oliveira, contou que há cerca de dois anos implantou a horta. O espaço é usado por alunos do 1º ao 5º ano, Cebeja e EJA, o que soma mais de 300 estudantes. Segundo ele, a horta tem dado tão certo que em boas safras, as crianças conseguem levar mudas de verdura para casa, além de comerem na merenda escolar e de os professores também poderem colher sua própria salada na hora do almoço.
Nesta escola municipal, há plantação de couve, almeirão, cebolinha, salsinha, repolho, alface e ervas medicinais. “Usamos um espaço que era morto, onde só crescia mato, para fazer a horta. O engenheiro Paulo veio aqui e ensinou a equilibrar o solo para podermos prepará-lo para o plantio, porque com o retorno da pandemia ele estava seco e improdutivo. Hoje, as crianças adoram a horta. Elas gostam tanto que acabam reproduzindo isso em casa. Vejo que aqui no bairro tem tanto terreno ocioso, onde poderia ser feito o mesmo. Isso é uma forma de contribuir para a melhora da condição alimentar das pessoas”, disse o diretor.

Sobre as mostras – A I Mostra de Hortas Escolares aconteceu em 2019, sendo que a deste ano é a segunda edição, em que 35 unidades escolares participaram. Nos anos de 2020 e 2021, não foram realizadas ações presenciais devido à pandemia.
Apesar disso, em 2021, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) contemplou o projeto Hortas Escolares durante a 17ª e 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Com isso, a ação recebeu dois aportes, um de R$ 20 mil e outro de R$ 12 mil. Com o dinheiro, foi possível automatizar o sistema de irrigação de hortas escolares de Londrina e região, instalar sensores de chuva, comprar equipamentos para as hortas e criar um site de Educação Ambiental para demonstrar as ações desenvolvidas por todas as unidades. O projeto contemplou, ainda, a formação de professores e produção de material didático e nas duas edições, 20 unidades escolares do município de Londrina e outras quatro de municípios vizinhos foram atendidas.
São responsáveis pelo Projeto Hortas Escolas da Secretaria Municipal de Educação, a professora Cristina da Silva Borba, que integra a equipe do Apoio Pedagógico de Ciências da Gerência de Ensino Fundamental e o Engenheiro Agrônomo da Secretaria de Educação, Paulo Roberto Guilherme. Estiveram presentes na solenidade da II Mostra de Hortas Escolares, a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, o vice-prefeito, João Mendonça, o secretário municipal de Agricultura e Abastecimento, Régis Choucino; e os professores responsáveis pelo projeto, Cristina Borba e Paulo Guilhermo.