Primeira exposição “Memórias de uma Londrina Sertaneja” será na próxima terça (29)
Mostra terá discos, gramofone e outros objetos que remetem ao passado rural da cidade, além de apresentações musicais ao vivo; evento é aberto a toda comunidade

Na próxima terça-feira (29), a Associação de Arte e Cultura Corre promove a primeira exposição “Memórias de uma Londrina Sertaneja”, na Escola Municipal (E.M.) Zumbi dos Palmares. Serão expostos discos de vinil, gramofone, viola caipira, roda de carroça e diversos outros itens que irão transportar o público para o passado rural de Londrina. Os alunos de todas as turmas da escola poderão visitar a exposição das 8h às 20h, e receberão apresentação ao vivo de uma dupla de viola e de um sanfoneiro.

A mostra foi desenvolvida com curadoria do historiador Renê Faria Filho, e ficará aberta ao público, com entrada gratuita, das 12h às 13h e também no período noturno. A E.M. Zumbi dos Palmares está localizada na Rodovia João Alves da Rocha Loures, 3655, Conjunto União da Vitória. “Memórias de uma Londrina Sertaneja” tem patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), e apoio do Instituto Memória Caipira.
Segundo a coordenadora geral do Corre Cultura e da exposição, Rose Andréia Castanho, o objetivo é apresentar esses aspectos culturais às crianças de Londrina. “É muito importante fazer esse resgate da memória caipira, pois é uma cultura que acaba sendo esquecida, principalmente para as novas gerações. Muitas crianças têm avós ou, até mesmo os pais, que viveram essa realidade rural, mas não a conhecem. A ideia é reavivar essa memória, pois é a nossa história”, contou.
Castanho informou que todas as turmas da E.M. Zumbi dos Palmares vão visitar a mostra ao longo do dia. “Já a comunidade poderá participar no horário de almoço e à noite, junto com os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). A ideia é receber principalmente a população da região, mas todos podem participar”, explicou. Serão realizadas, no total, oito exposições, sete em escolas municipais de diferentes regiões de Londrina, e uma em um colégio estadual, até julho de 2023.
A coordenadora da E.M. Zumbi dos Palmares, Celiane Purity, revelou que os alunos do 5º ano estudaram sobre música sertaneja “raiz”. “Nós demos a eles a tarefa de conversar com os pais e avós e trazer uma música sertaneja antiga que fosse uma lembrança importante para eles. Depois, fizeram desenhos que representassem as músicas, e vamos expor os desenhos durante a mostra também. Foi muito interessante, porque vários alunos não sabiam que existiam diferentes tipos de música sertaneja, muitos nunca tinham ouvido as canções raiz. Foi muito legal para eles terem esse contato com as músicas que os pais e até os avós ouviam”, destacou.
Acervo e cenário

O historiador Renê Faria Filho, curador da exposição e diretor do Instituto Memória Caipira, contou que desde 1997 reúne objetos relacionados ao passado rural de Londrina, com foco na história da música sertaneja. “Sou apaixonado pela cultura caipira, há anos pesquiso essa área. Quando publiquei meu primeiro livro sobre música sertaneja, comecei a juntar os itens que hoje compõem o acervo. O que vou tentar recriar na escola é o cenário da minha infância”, revelou.
Além dos discos de música sertaneja antiga e do gramofone a manivela, no qual o curador vai tocar uma versão dos anos 1950 da música “Cavalo Preto” para as crianças, ele vai montar também um cenário rural, com porteira e animais feitos por artesãos para ilustrar o ambiente do campo. “Vai ser muito bacana e prazeroso. Tentei adaptar o acervo para as crianças, pois quero que eles possam ter contato com todo esse cenário rural, que possam ver exemplos da fauna e flora também. Fiz uma porteira, que vai ficar na entrada da exposição, vai ter também uma carroça antiga, um monjolo, uma viola. A ideia é recriar esse ambiente caipira para mostrar às crianças como era, e para que a comunidade também possa reviver momentos de sua infância”, explicou.
Os animais e alguns elementos do cenário foram feitos de madeira reciclada. “Fiz também a reprodução de uma igrejinha, vou levar pipas, passarinhos de madeira. Além disso, soube que os professores estão desenvolvendo algumas didáticas com as crianças relacionadas à música sertaneja. É uma oportunidade muito especial de valorizar essa memória sertaneja, e tem um aspecto educacional e de inclusão social muito importantes”, apontou.
Texto: Débora Mantovani, sob supervisão dos jornalistas do Núcleo de Comunicação da Prefeitura de Londrina