A história pelas lentes de quem a viveu
Museu Histórico vai sediar, a partir de 24 de agosto, exposição com fotos oriundas de arquivos familiares londrinenses; iniciativa conta com patrocínio do Promic
A história tradicional, da maneira como é relatada pelos livros, tende a ser ilustrada principalmente por imagens de personalidades famosas e eventos oficiais. Porém, existe a possibilidade de um enfoque diferenciado, realizado por meio de recortes históricos alternativos. Um exemplo disso é a exposição Acervos Familiares Contam a História dos 80 Anos de Londrina, que estará aberta à visitação a partir do próximo domingo (24), Dia do Pioneiro, às 9 horas, no Museu Padre Carlos Weiss, na rua Benjamin Constant, 900.
A exposição teve como gênese o grupo virtual Londrina Memória Viva, uma página do Facebook que desde 2012 dedica-se a divulgar fotos inéditas da cidade, tiradas entre as décadas de 1950 e 1980. As imagens são publicadas pelos próprios membros do grupo, que já contém cerca de 5.000 pessoas.
“Com a aproximação do aniversário de 80 anos de Londrina, vimos que seria interessante usar a ideia do grupo para fazer uma exposição fotográfica”, contou a fundadora do Londrina Memória Viva e uma das idealizadoras do Acervos Familiares Hylea Ferraz.
Iniciado pelo Londrina Memória Viva, o projeto conta com a participação de outras instituições. Além do apoio do Museu Histórico e do patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), obtido junto à Secretaria Municipal de Cultura, outros parceiros são a Universidade Estadual de Londrina, Associação dos Amigos do Museu Histórico, Norpave, Midiograf e Unopar.
Em conjunto com o Museu Histórico, o grupo divulgou a iniciativa através dos meios de comunicação londrinenses, convidando a população da cidade a enviar imagens. Até o dia 7 de julho, o projeto recebeu cerca de 1.000 fotos, provenientes de todas as regiões de Londrina. Dentre essas, 31 foram selecionadas para serem expostas no Museu. “A resposta foi muito positiva, a comunidade londrinense participou de forma bastante efetiva”, destacou a diretora do Museu Histórico de Londrina, Regina Alegro.
As fotos escolhidas representam todas as partes da cidade. Há pelo menos uma imagem de cada bairro, distrito ou região.
A abertura do evento, cuja entrada é franca, contará com homenagens aos pioneiros, um café da manhã promovido pela Associação dos Amigos do Museu e apresentação da Banda de Metais e Percussão Arte & Vida, sob coordenação do maestro Claudemir Trevisan.
Após o período no Museu Histórico, que se encerra no dia 30 de novembro, a exibição será realizada em outros espaços da cidade. Haverá exposições no saguão da Prefeitura e na Biblioteca Pública Municipal. “Cada uma dessas exibições mostrará fotos diferentes e inéditas. Temos muitas imagens ótimas, e estamos abertos a convites de espaços públicos e particulares que desejem ajudar a contar a história de Londrina”, disse Hylea.
Ao término das exposições, as fotografias serão doadas ao Museu Padre Carlos Weiss.
Memória afetiva
Enquanto a historiografia londrinense é bastante rica em relação às décadas de 30 e 40, que compreendem o período pioneiro da cidade, as épocas mais recentes ainda não foram registradas de maneira tão aprofundada. O projeto pretende amenizar esta lacuna. “Muitos desses registros estavam nas gavetas das famílias, e agora serão compartilhados com a comunidade. Essas imagens raras mostram eventos e o cotidiano da cidade entre as décadas de 1950 e 1980”, frisou a diretora do Museu.
Uma considerável vantagem de se abordar este período histórico é que grande parte das pessoas envolvidas nas fotografias ainda está viva. Assim, é mais fácil contextualizar as imagens, e registrar as memórias que estão relacionadas a elas. “Após selecionarmos as fotos, entrevistamos as famílias que as haviam enviado. Algumas pessoas chegaram a falar por mais de duas horas, relembrando os tempos antigos. Além de um registro histórico, é uma coletânea de memórias afetivas”, relata a responsável pelo Londrina Memória Viva.
A maioria das fotos retrata pessoas comuns, pertencentes às mais de 40 etnias que colonizaram a cidade, e abrange, entre outras, imagens registradas em distritos rurais e festas populares.
No próximo ano, o Londrina Memória Viva planeja lançar um livro de fotografias, também focado no período abrangido pela exposição.
Foto: acervo Londrina Memória Viva