Cidade

Cadeião Cultural será presente de aniversário para Londrina

Nova unidade cultural transforma a identidade de uma das principais construções da cidade que, por décadas, abrigou um presídio

 

No dia de seu 80º aniversário, 10 de dezembro, Londrina receberá um presente que vai fortalecer a cultura da região. O Sistema Fecomércio Sesc Senac Paraná vai inaugurar amanhã, às 19h30, uma nova unidade do Sesc no município, o Sesc Cadeião Cultural (Rua Sergipe, 52 – Centro). O prédio, único remanescente da década de 1930 em Londrina, ficou fechado mais de duas décadas.

O Sesc Cadeião Cultural abrigará aulas de diversas áreas artísticas, como dança, música e cinema e um espaço para exposições. Um teatro foi incorporado às atrações que serão oferecidas ao público. Algumas celas e paredes foram preservadas em seu estado original, para que as novas gerações conheçam a antiga realidade do presídio.

No solário, onde os presos disputavam réstias de sol, funcionará o Café-escola do Senac, concebido para se tornar ponto de encontro do público apreciador das artes em geral. O café-escola simboliza a homenagem do Senac aos que desbravaram a região e transformaram Londrina na Capital Mundial do Café.

O presidente do Sistema Fecomércio Sesc Senac PR, Darci Piana, salienta que com a instalação da unidade cultural do Sesc, Londrina ganha e o Sesc também. “O local, com suas grades e paredes grossas, símbolo de isolamento, passará a ser um espaço para a difusão da cultura e intercâmbio de ideias, arte e conhecimento”, destaca Piana.

História

O prédio serviu como cadeia pública por mais de 50 anos, tempo em que ficou conhecido como Cadeião da Rua Sergipe.

Depois da transferência dos presos, no início dos anos 1990, o governo chegou a tentar demolir a construção. A tentativa não deu certo porque os professores e alunos de arquitetura da Universidade Estadual de Londrina (UEL) resistiram, comandados pelo arquiteto e professor Marcos Barnabé. O escritor Domingos Pellegrini juntou-se ao grupo. O trator, depois de arrancar apenas o reboco de uma das paredes, foi desligado.

Livro “A arte da transformação”

Além de ser responsável pela não demolição do prédio, Pellegrini foi repórter policial da Folha de Londrina durante anos e entrevistou, dentro da cadeia, muitos criminosos. Ele relata essa experiência e as mudanças pelas quais o prédio passou no livro “A arte da transformação”, que será lançado no dia da inauguração do Sesc Cadeião Cultural.

Pellegrini conta no livro que, em cima do trator, pronto para derrubar o Cadeião, estava o então Secretário de Segurança, José Tavares. O tratorista, ao ver as pessoas em frente ao veículo, desligou o motor e disse para o Secretário: “– Sinto muito, doutor, mas contra gente eu não posso ir!”.

A construção estava salva.

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