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Estudantes do projeto social Orquestra Popular Camponesa participam do FIML

Jovens vêm de acampamentos e assentamentos da região para oficinas formativas e apresentações do Festival de Música

Uma turma de seis educandos e educandas do projeto social Orquestra Popular Camponesa, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná, estão participando das atividades do Festival Internacional de Música de Londrina (FIML). O projeto de educação e prática musical coletiva funciona há quatro anos em acampamentos e assentamentos rurais no estado e já se apresentou em eventos em Maringá, Curitiba e Ortigueira. Nestas férias escolares, os jovens instrumentistas representam dois dos quatro núcleos da Orquestra e, no FIML, integram as oficinas de Violino, Viola de Arco, Percussão Sinfônica, Samba, Violoncelo e Contrabaixo acústico. Além das oficinas, a turma assiste regularmente aos ensaios da orquestra do Festival e aos espetáculos da programação.

Este é o primeiro ano em que a Orquestra Camponesa participa do tradicional festival londrinense. Para o coordenador da Orquestra Popular Camponesa, Igor de Nadai, trazer os educandos e educandas para o FIML é uma grande conquista. “Primeiro porque são jovens que nunca tiveram acesso a eventos dessa magnitude, muitos nunca tinham entrado em um teatro”, explicou.

Foto: Divulgação

Segundo ele, além da socialização do acesso à música, a participação é uma oportunidade de conhecer as potências do trabalho musical e das trocas com outros instrumentistas. “As oficinas reúnem músicos de projetos sociais de todo o Brasil. É uma oportunidade de os nossos jovens verem esse amplo universo da prática e do estudo da música”, avaliou.

Do campo para a cidade

Na segunda-feira (14), a turma começou o dia cedo, com uma viagem pelas estradas de terra que saem do Assentamento Eli Vive, onde funciona o núcleo mais antigo da orquestra. Com aulas no espaço da Escola Municipal do Campo, Trabalho e Saber, o núcleo Eli Vive tem 120 educandos, dos quais 80 são crianças de seis a nove anos matriculadas em turmas regulares de canto coral e outros 40 são alunos de cordas friccionadas (violão, viola de arco, violoncelo e contrabaixo), cordas populares (violão e viola), percussão, sopros (flauta, trompete, trompa e trombone).

Para a participação dos jovens no Festival, a comunidade do assentamento se organizou e viabilizou um carro, o que possibilitou a viagem dos cinco educandos. A aluna Eloísa dos Santos toca viola de arco há um ano e meio e lembrou que, no começo, estava apreensiva. “Eu estava nervosa e meus pais apreensivos por eu sair de casa para viver uma experiência que a gente nunca tinha experimentado”, contou. Depois de dos dias de prática e estudo a jovem de 17 anos se sente recompensada “Eu pude tocar um pouco do repertório para a professora Flávia, e foi ótimo, ela me elogiou em muitos pontos, me corrigiu, e se tudo der certo pode ser que eu me apresente com a orquestra do Festival”, contou emocionada.

Foto: Divulgação

Além dela, a violinista Clara Isabeli também relatou estar contente com a participação, apesar das dificuldades. “Eu achei bem difícil no primeiro dia. A gente vê que são pessoas que estudam há muito tempo e que se dedicam bastante, isso deixa a gente um pouco insegura em alguns momentos”, explicou. Clara é educanda de um núcleo mais recente do projeto, que funciona há dois anos no acampamento Herdeiros da Luta de Porecatu, na cidade de Porecatu, a cerca de 90 quilômetros de Londrina. Lá o núcleo funciona nas salas de madeira da escola itinerante e tem aulas de Violino, Cello, Viola de Arco e Contrabaixo. “Nesse segundo dia ainda não tive coragem de me apresentar para a professora, mas ver as pessoas me fez desejar continuar me dedicando para alcançar a excelência musical como elas”, disse.

O maestro da Orquestra, Fernando Campaner, que também é professor de cordas, avaliou que a participação no Festival Internacional de Música cumpre o papel de aproximar os educandos desse universo novo que, segundo ele, muitas vezes só conhecem pela mediação do projeto. “A gente sabe que o acesso à música de excelência está restrito ao meio urbano, aos grandes centros e a Orquestra Popular Camponesa quebra essa lógica. Mas a gente não consegue fazer tudo, participar do Festival é um jeito de ampliar os horizontes das turmas, incentivar mais o estudo, inspirar e fortalecer”, comentou.

Educandos e educandas das turmas de Canto Coral se apresentam no Dia da Família na Escola, na Escola Municipal do Campo, Trabalho e Saber, no assentamento Eli Vive I.

Sobre a Orquestra Popular Camponesa

A Orquestra Popular Camponesa é um projeto de educação musical e prática orquestral coletiva voltado a crianças e jovens em áreas de Reforma Agrária, Acampamentos e Assentamentos da reforma agrária no Paraná. O projeto funciona há quatro anos e hoje são cerca de 280 crianças e jovens camponeses que estudam canto, instrumentos de corda, sopro e percussão em suas comunidades rurais.

A Orquestra funciona em Londrina, no assentamento Eli Vive; em Porecatu, no acampamento Herdeiros da Luta de Porecatu; em Arapongas, no Assentamento Dorcelina Folador, e em Cascavel, no assentamento Valmir Mota. Em todos estes espaços, as aulas ocorrem em contraturno, no espaço das escolas e com contribuição de músicos dos centros urbanos da região.

A Orquestra Popular Camponesa tem patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura de Londrina (Promic), da Prefeitura de Londrina; da Lei Paulo Gustavo do Estado do Paraná (no núcleo de Porecatu) e do projeto do Instituto Federal do Paraná, por meio da Secadi/ Ministério da Educação.

Circuito alternativo do 45º FIML

O Circuito Alternativo do Festival Internacional de Música de Londrina traz Mateus Gonsales Trio convida Sergio Reze nesta quinta-feira (17), no pub irlandês Flannigan’s (Avenida Waldemar Spranger, 1.116). O show começa às 21h30, é gratuito e apresenta um repertório que transita entre o jazz moderno, a música brasileira e composições autorais.

O pianista e compositor Mateus Gonsales, líder do trio, é um dos expoentes na cena instrumental do sul do Brasil. No Flannigan’s, se apresenta ao lado de dois grandes músicos: Diogo Burka, integrante do trio no contrabaixo, e o baterista Sérgio Reze, como convidado. Mateus Gonsales leva ao palco arranjos próprios, os quais repercutem em performances de obras inéditas, carregadas de lirismo e virtuosidade.

A apresentação é uma oportunidade para o público londrinense vivenciar uma performance instrumental de altíssimo nível, com participações especiais de músicos que fazem parte da programação artística do 45º FIML.

Assinatura

A 45ª edição do FIML é promovida pelo Governo do Estado do Paraná – Secretaria Estadual de Cultura; Prefeitura de Londrina, via Secretaria Municipal de Cultura (SMC); Associação de Amigos do Festival Internacional de Música de Londrina, com o apoio institucional da Universidade Estadual de Londrina/ Casa da Cultura.

Realização: Ministério da Cultura/Governo Federal (projeto viabilizado através da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet).

Patrocínio: Programa Municipal de Incentivo à Cultura, da Secretaria Municipal de Cultura de Londrina; Unimed Londrina; Sanepar/Governo do Paraná; Husker; Grupo Marajó; Consórcio União; Dentalclean, e Sinpro Londrina.

Patrocínio direto: Itaipu Binacional.

Apoio direto: Secretaria de Estado do Turismo (Setur).

Apoio Institucional: Prefeitura Municipal de Arapongas/Secretaria Municipal da Cultura; Associação Médica de Londrina; Instituto de Educação Infantil – Escola IEIJ; Colgio de Aplicação UEL; Colégio Estadual Hugo Simas; Banda Marcial Marcelino Champagnat; 1ª Igreja Batista de Londrina; Crillon Palace Hotel; Crystal Palace Hotel; LDN Grill; UEL FM, 107,9 e Folha de Londrina.

Apoio Institucional de projetos inclusivos: Projeto PRIMA (PB); Conservatório de Tatuí (SP); Projeto Vale Música (ES); Projeto Sons do Nosso Lar (AL); Projeto Orquestra Maré do Amanhã (RJ); Projeto Arte & Vida (PR); Projeto Flua Cultura (PR); Escola de Música da Rocinha (RJ); Aprendiz Musical (RJ); Jovenil del Sodré (Uruguai ); Orquestra Jovem Itaguaí (RJ); Orquestra Jovem da Grota (RJ); Orquestra Jovem Rio Grande do Sul; Rede Brasileira de Prática Musical Reflexiva; Universidade Federal do RN; Instituto Zeca Pagodinho (RJ).

Texto: Assessoria de Imprensa do MST, Isabela Cunha; Assessoria de Imprensa do FIML.

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