Saúde promove capacitação para abordagem em Infecções Sexualmente Transmissíveis
Encontro tem como objetivo qualificar a assistência ao usuário com suspeita ou portador de ISTs, especialmente a sífilis; em 2016, foram diagnosticados 248 casos de sífilis na cidade
A Prefeitura de Londrina, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), realiza nesta terça-feira (16), das 7h30 às 13 horas, capacitação para Abordagem Integral em Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) – Sífilis. O treinamento terá continuidade no dia 23 de maio, no mesmo horário. Devem participar enfermeiros, médicos e farmacêuticos da rede municipal de saúde, e de maternidades de Londrina. O evento será realizado no campus Piza da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR).
O objetivo é prover o melhor atendimento possível aos usuários da rede pública de saúde, tendo em vista que a sífilis é considerada problema mundial de saúde pública. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 12 milhões de pessoas sejam infectadas com a doença todos os anos, apesar das diversas medidas de prevenção existentes e tratamento de baixo custo.
Dentre os grupos de pessoas infectadas, o mais preocupante é de mulheres grávidas, pois podem transmitir a doença ao feto, causando a sífilis congênita, e provocando graves consequências na gestação, no feto e no recém-nascido. Para prevenir este quadro, por meio da organização e planejamento de ações, foi criado em Londrina o Grupo Técnico em Doenças Sexualmente Transmissíveis no Município, em conjunto com a equipe do Observatório da Sífilis.
O Grupo Técnico elaborou o protocolo de Abordagem IST na Atenção Básica, disponível no Portal da Prefeitura, link https://goo.gl/DZiaof. O trabalho foi desenvolvido em parceria pela Diretoria de Serviços Complementares em Saúde (DSCS) e Diretoria de Ações Primárias em Saúde (DAPS) da SMS, Departamento de Saúde Coletiva da Universidade Estadual de Londrina (UEL), e conta com apoio de outras diretorias e instituições.
Segundo a coordenadora em Saúde do Adulto da DAPS, Juliana de Oliveira Marques, a capacitação irá abordar este protocolo de atendimento. “Será feita uma apresentação do seu conteúdo, e também a respeito das várias doenças que ele aborda, principalmente a sífilis. Temos que considerar que estamos vivenciando uma epidemia de sífilis, e por isso vamos discutir questões como diagnóstico, tratamento, entre outras questões”, afirmou.
Cada capacitação terá dois dias de duração. Uma segunda turma será realizada nos dias 17 e 24 de maio, das 13h30 às 19 horas. “É uma capacitação voltada ao profissional que atende e acolhe o paciente suspeito ou portador de ISTs. Nosso objetivo é qualificar a assistência, para que o profissional tenha um olhar diferenciado em seu atendimento. Isso vai permitir que o usuário receba um melhor acolhimento, o profissional vai saber interpretar melhor o resultado dos exames, e tudo isso vai impactar de maneira positiva no atendimento a essas pessoas”, explicou Juliana.
Números – Em Londrina, os números de pessoas infectadas com sífilis têm aumentado a cada ano. Em 2012, foram confirmados nove casos de pessoas infectadas. O número progrediu para 78 casos positivos em 2013, 112 em 2014, e 244 em 2015. O número mais expressivo foi no ano de 2016, com 248 confirmações.
Dentre as gestantes, em 2010, 29 mulheres foram diagnosticadas com a doença. O número subiu para 65 em 2013, e em 2016 foram 135 gestantes diagnosticadas. No decorrer deste ano, já foram 20 casos confirmados. E nos casos de sífilis congênita, onde o bebê nasce infectado com a doença, também têm aumentado. De 25 casos confirmados em 2010, o índice saltou em 2016 para 60 casos.
Teste Rápido – Pessoas com suspeita de infecção por doenças sexualmente transmissíveis, ou com comportamento de risco, podem realizar o teste rápido. O serviço é realizado por profissionais capacitados em Aconselhamento e Testagem Rápida para HIV/AIDS, sífilis, hepatites B e C. O resultado é liberado de 15 a 30 minutos após o exame.
Segundo o enfermeiro do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), Edvilson Lentine, o atendimento para realização do teste rápido envolve algumas etapas. “Primeiro, fazemos o aconselhamento pré-teste, para verificar o motivo da vinda do paciente. Depois da realização do teste, com entrega do resultado e laudo, é feito novo aconselhamento. O objetivo é sanar as dúvidas frente aos resultados, orientar sobre as doenças e formas de prevenção. Por fim, são oferecidos os preservativos, masculino e feminino”, afirmou.
Segundo o enfermeiro, a maioria dos usuários solicita a realização dos exames pensando no risco de contrair HIV/AIDS. “De forma geral, ainda há pouca preocupação e informação sobre as demais doenças, como a sífilis e hepatites. É preciso refletir sobre os riscos, saber como se dá a transmissão dessas doenças e construir uma nova postura para que as pessoas mudem esse comportamento de risco. E essa mudança é o mais difícil”, ressaltou Lentine.
O teste rápido pode ser realizado em quarenta Unidades Básicas de Saúde (UBSs), localizadas na área urbana e rural de Londrina, e também no CTA. Além destes locais, o teste rápido é oferecido em seis hospitais de Londrina, inclusive na Maternidade Municipal Lucilla Ballalai, duas clínicas psiquiátricas, no Hospital Doutor Anízio Figueiredo (Zona Norte), e nas Penitenciárias Estaduais de Londrina (PEL I e II).