Município amplia oferta de atendimentos em “medicina alternativa”
Serviço, ofertado em 35 das 54 Unidades Básicas de Saúde, abrange Acupuntura, Auriculoterapia, Homeopatia, entre outras práticas
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) triplicou, em 2017, o número de Unidades Básicas de Saúde (UBSs) que ofertam as Práticas Integrativas e Complementares (PICs), conhecidas popularmente como “ramos da medicina alternativa”. O objetivo é reconhecer, valorizar e incorporar, ainda mais, as práticas ao cotidiano do Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo um atendimento integral ao usuário.
Atualmente, o serviço é ofertado em 35 das 54 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do Município, por mais de 50 profissionais da Atenção Básica e Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB). Isso inclui nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos, médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, farmacêuticos e dentistas.
Em Londrina, a população pode ter acesso às práticas da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), que inclui Acupuntura – técnica que consiste em introduzir agulhas metálicas em pontos precisos do corpo do paciente, para tratar diferentes doenças ou promover a analgesia, e Auriculoterapia, que trata disfunções físicas, emocionais e mentais através de estímulos em pontos específicos da orelha. É oferecida ainda a Homeopatia, que envolve o tratamento do indivíduo com substâncias altamente diluídas.
Também a Arteterapia – que utiliza as artes plásticas como meio para recuperar ou melhorar a saúde mental, o bem-estar emocional e social da pessoa; Dançaterapia – uso da dança e do movimento em um processo terapêutico que promove a integração emocional, cognitiva, física e social do indivíduo; Terapia Comunitária Integrativa – metodologia que proporciona o encontro entre as pessoas para que conheçam melhor a si e à comunidade em que vivem; e Meditação – prática que, por meio de um conjunto de técnicas, busca treinar a focalização da atenção.
Outra inovação do Município, em 2017, foi a inserção da auriculoterapia no atendimento a pessoas em situação de rua, através do programa Consultório de Rua. Segundo a coordenadora dos Programas de Terapia Comunitária Integrativa e Consultório na Rua, Jucelei Pascoal Boaretto, a prática já vem trazendo resultados positivos a estes pacientes. “Embora o tratamento seja de longo prazo, já percebemos que alguns diminuíram o vício a substâncias psicoativas e apresentaram melhoras em dores agudas. Este ano continuaremos prestando o serviço para estes usuários, bem como as rodas de terapia comunitária para eles”, destacou.
Dados – Alguns números, relacionados ao último quadrimestre de 2017, chamaram a atenção da Secretaria Municipal de Saúde, demonstrando que os usuários têm se beneficiado dos atendimentos com as PICs, apesar de não haver o número total de atendimentos relacionados às práticas integrativas no ano passado. Segundo os dados, 388 pacientes foram atendidos através de alguma prática integrativa na UBS Piza, por meio do Grupo de Dor. Na UBS Vivi Xavier foram 214 realizados atendimentos, sendo 84 no Grupo de Tabagismo e Outras Queixas.
Além disso, 45 pessoas foram atendidas no Grupo de Fisioterapia e 56 individualmente, na UBS Jardim Leonor. Na unidade básica do Eldorado foram 208 pacientes assistidos, entre atendimentos no consultório médico, no Grupo de Tabagismo e em domicílio. Outras 65 pessoas receberam atendimento pela fisioterapeuta na UBS San Izidro, também em grupo, e 112 na UBS Ernani Moura Lima.
Outro dado relevante se refere aos atendimentos nas Rodas de Terapia Comunitária Integrativa, onde as pessoas conversam entre si, com a mediação dos terapeutas que trabalham questões como a construção da resiliência, superação de conflitos, melhora da autoestima, fortalecimento de laços sociais e alívio do sofrimento. Em 2017 foram registradas 4.194 participações nas rodas, mais que em 2016, quando foram atendidas 4.023 pessoas.
Segundo Jucelei, além do esforço que a SMS e os servidores têm feito para oferecer mais práticas integrativas aos munícipes, a ampliação de serviços em Londrina também foi possível graças a oferta, pelo Ministério da Saúde (MS), no ano passado, de um curso sobre Auriculoterapia, que permitiu a participação de 33 servidores municipais. A formação foi ministrada pela Universidade Federal de Santa Catarina na modalidade semipresencial, com 75 horas à distância e 5 presenciais.
Sobre a política – A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC) foi instituída em 2006, por meio da Portaria nº 971 do Ministério da Saúde. Na ocasião foram instituídas cinco PICs. No ano passado, o MS publicou uma nova portaria (849/2017), incluindo outras 14 práticas, totalizando atualmente 19 PICs.
Em Londrina, desde 2002 a administração municipal vem executando as práticas. Para 2018, o objetivo da SMS é implantar a Política Municipal de Práticas Integrativas e Complementares, a fim de normatizar as PICs dentro do serviço público, direcionar melhor as práticas e mensurar os resultados. “As práticas podem ser usadas para tudo, desde a Atenção Básica até a Média e Alta Complexidade. Com uma política municipal instituída, poderemos criar protocolos e dar diretrizes ao trabalho dentro do Município”, explicou Jucelei.
A coordenadora ressaltou ainda que a cidade só tem a ganhar com isso. “Além de ampliarmos o acesso à saúde e promovermos, ainda mais, a valorização do indivíduo de acordo com princípios da universalidade, integralidade e equidade, permitindo que o usuário encontre conforto em sua dor ou sofrimento, o Município poderá melhorar seu atendimento em saúde, otimizando recursos e oportunizando que o gestor faça uma gestão ampliada dos serviços”, destacou.
Jucelei lembrou ainda que o objetivo da prática não é substituir a alopatia (sistema ou método de tratamento com o uso de remédios) e sim complementar o trabalho desenvolvido pelos profissionais, oferecendo outras alternativas aos pacientes. “As Práticas Integrativas e Complementares aumentam a quantidade de recursos que podem ser utilizados pelo cidadão e colaboram para que a medicina se torne cada vez mais humanizada. Ela possibilita que o paciente tenha mais acesso à saúde, já que ele pode ser atendido por outros profissionais da área, além do médico, que ajudarão em sua evolução”, finalizou.
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