Inscrições abertas para aperfeiçoamento em terapia comunitária
Unidades Básicas de Saúde ofertam diversas opções para a comunidade, como auriculoterapia, dançaterapia, terapia comunitária e rodas de conversa
A Prefeitura de Londrina, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, abriu inscrições do curso para suporte e aperfeiçoamento aos servidores formados em Terapia Comunitária Integrativa. Os servidores interessados em participar da “Oficina de Matriciamento em Práticas Integrativas e Complementares (PIC)” podem se inscrever até o dia 25 de fevereiro pela plataforma de Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), no endereço moodle.londrina.pr.gov.br/moodle/login/.
Podem participar os profissionais da saúde capacitados em Terapia Comunitária Integrativa, sejam eles nutricionistas, fisioterapeutas, educadores físicos, médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, farmacêuticos ou dentistas. A intenção é que eles tenham um espaço para troca de informações, de experiência e de aprendizado, através de uma participação interdisciplinar que permitirá a ampliação de seu campo de conhecimento e a qualificação das ações realizadas no atendimento à comunidade.
Para a coordenadora do Programa de Terapia Comunitária Integrativa, Jucelei Pascoal Boaretto, o matriciamento é uma forma de aperfeiçoamento profissional. “É uma maneira de o serviço prestado pelos profissionais de saúde ser aperfeiçoado, deles tirarem as dúvidas que surgem no dia a dia do trabalho e também para adquirirem novos conteúdos”, explicou.
O curso acontecerá no dia 23 de fevereiro, a partir das 7h30, no auditório da Secretaria Municipal de Ambiente (SEMA), localizado na Rua da Natureza, 155, no Jardim Piza. Ao todo, serão seis horas de aulas e trocas de experiências, sendo que todos os inscritos que participarem receberão certificado. Os interessados podem se inscrever até um dia antes do curso, se ainda houver vagas disponíveis.
Medicina Complementar – Em Londrina, a Secretaria Municipal de Saúde estimula o fortalecimento do uso das práticas integrativas complementares na Atenção Básica em Saúde, por meio do desenvolvimento de diversas ações como as rodas de conversa com os usuários de álcool e outras drogas em tratamento, aulas de dançaterapia com pessoas acima de 60 anos, atividades de auriculoterapia para atendimento do consultório de rua às pessoas que vivem em situação de rua e oficinas de terapia comunitária para servidores públicos municipais.
Além disso, através dos grupos de atividades ofertados pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), nas Unidades Básicas de Saúde, a população pode participar de atividades em grupo como meditação, automassagem, autocuidado, dançaterapia, e receber tratamentos em homeopatia, auriculoterapia, acupuntura sistemática e arte terapia.
Cada grupo do NASF desenvolve as atividades de acordo com a especificidade da comunidade atendida em sua localidade, pois o objetivo é realizar uma intervenção coletiva visando à criação e o fortalecimento dos laços sociais. Para isso, os profissionais da saúde aproveitam os recursos da própria comunidade para criarem soluções ao enfrentamento das dificuldades do grupo, servindo de espaço de acolhimento e favorecendo a troca de experiências entre as pessoas por meio da partilha, do resgate da identidade, da restauração da autoestima e autoconfiança e da ampliação da percepção individual e coletiva.
Bons exemplos – O grupo do NASF para tratar pessoas com dores crônicas, desenvolvido na Unidade Básica de Saúde do Conjunto Cafezal, é um dos exemplos de utilização das Práticas Integrativas e Complementares (PICs). Nele, os profissionais de saúde utilizam a terapia comunitária, a auricoloterapia, as rodas de conversa, as práticas de meditação, automassagem e autocuidade para trabalharem a mudança de hábitos e de emoções.
O grupo acontece às quartas-feiras, a partir das 10 horas, no salão da Igreja Metodista, que fica a duas quadras da UBS Cafezal. Sempre a cada 15 dias, sendo que neste intervalo, acontecem as rodas de conversa.
De acordo com a fisioterapeuta do NASF 3, Maria Luiza Cleto Dal Col, com a aplicação dessas práticas é possível observar uma melhora significativa no quadro dos pacientes. “Vemos bastante resultado com o uso das práticas integrativas. Alguns pacientes conseguem reduzir o uso de medicamentos e mudarem os hábitos que geram a dor crônica”, explicou a fisioterapeuta.
Além desse grupo, os profissionais oferecem a arteterapia desde 2014. Ela começou a ser utilizada no atendimento às pessoas em situação de rua, através do programa consultório de rua. Depois, foi usada também para ajudar os alcoólicos a superarem o vício com a bebida. Atualmente, todas as pessoas que viviam em situação de rua e que estavam sendo tratadas com arte terapia conseguiram superar essa situação e voltaram para suas casas. Dos alcoólicos, apenas um não procurou ajuda no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), outros pararam de ingerir bebidas alcoólicas e outros ainda estão controlando o vício.
Para Maria Luiza, essa mudança advém do fato de a arteterapia ajudar as pessoas a repensarem sua vida e a refletirem sobre suas escolhas. Isto porque, durante a atividade de desenho e pintura em papel, elas podem falar sobre seus sentimentos, pensamentos e emoções, fazendo assim uma análise da própria vida.
A intenção agora é levar a arteterapia para pacientes que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC). Os interessados em participar podem procurar a UBS do Cafezal, que fica na Rua Abraham Lincoln, 65, no Conjunto Cafezal II, região sul. Conforme a demanda, os profissionais do NASF 3 farão o atendimento.
Os pacientes da UBS Panissa/Maracanã também contam com a equipe do NASF 5, que desenvolve algumas PICs. Nas quintas-feiras, a partir das 15 horas, o educador físico da unidade realiza a dançaterapia no salão do Centro Comunitário do bairro. A intenção é utilizar a dança para promover a atividade física e a integração social entre os pacientes, por isso não são ensinadas técnicas coreografadas, mas sim passos do dia a dia e que remontam à cultura daqueles que participam, como movimentos praticados na lavoura, por exemplo.
Essa ação também é realizada semanalmente nas Unidades Básicas de Saúde do Alvorada, do Jardim Bandeirantes, do Jardim Tókio e do Parque Universitário. Todos os pacientes que dão entrada nas unidades de saúde passam por uma avaliação dos profissionais do NASF, que observando a necessidade os encaminham para o grupo de atividade.
Os profissionais do NASF 5 também desenvolvem a auriculoterapia, nas segundas-feiras, às 8 horas, no Centro Comunitário do Panissa, para ajudar as pessoas que sofrem com alguma enfermidade mental. Além deles, essa técnica da medicina complementar também é usada no tratamento do tabagismo. Por meio de grupos trimestrais, as unidades do Alvorada, Panissa, Jardim Bandeirantes e Tókio ajudam as pessoas a largarem a dependência psicológica do consumo de tabaco.
Segundo a nutricionista do NASF 5, Helen Aline de Aguiar Cristofani, em 2016, foi feita uma avaliação para aferir a taxa de pessoas que largaram o vício com o cigarro, comparando entre pessoas que usufruiram da auriculoterapia e outras que não o fizeram. Houve um aumento considerável no número de interrupção do tabagismo no grupo que utilizou a auriculoterapia. “Os pacientes que aceitam utilizar a prática integrativa relatam que ela alivia os sintomas do vício, como a ansiedade e o nervosismo. As vantagens do seu uso são várias, porque a auriculoterapia é um método não invasivo e sem efeitos colaterais como aqueles que têm em medicamentos”, disse.
As Práticas Integrativas e Complementares foram estabelecidas pelo Ministério da Saúde, governo federal, através da Portaria 971, desde 2006. Mas a Prefeitura de Londrina vem investindo desde 2002. No início de 2017, o Ministério da Saúde publicou novas portarias para ampliar o uso das PICs no Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo novos serviços que aqui já são realizados.
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