Cidadão

Londrina registra primeira morte por dengue hemorrágica

Vítima era homem de 60 anos que não procurou assistência médica ao apresentar os sintomas; Secretário de Saúde reforça que população precisa se mobilizar para evitar o alastramento da doença


“Gostaria de anunciar que, lamentavelmente, foi confirmada a primeira morte por dengue em Londrina este ano”, declarou o Secretário Municipal de Saúde, Agajan Der Bedrossian, ao divulgar hoje (dia 24) que um senhor de 60 anos, morador de uma edícula nos fundos de um supermercado do conjunto Armindo Guazzi, região leste da cidade. Foi a primeira morte em sete anos por esse motivo, visto que a última ocorrera em 2003, na maior epidemia da doença registrada no município.
Segundo o secretário, o óbito ocorreu no último dia quatro. O homem havia se queixado com vizinhos, 48 horas antes, de sentir febre e dores no corpo. Depois, ficou desaparecido e foi encontrado, no dia do falecimento, enrolado em cobertores de sua morada, em estado semi-consciente e com febre de mais de 40 graus.
O indivíduo foi prontamente levado pelo SAMU à Santa Casa de Londrina, mas não resistiu. Foi efetuada a coleta de material para exames sobre causa da morte, que foram feitos em laboratório de Cascavel. O resultado, que saiu em 13 de fevereiro, foi averiguado por um comitê formado por diretores de epidemiologia da Secretaria de Saúde e membros do departamento de epidemiologia da 17ª Regional de Saúde de Londrina, para só então haver a confirmação.
Pelos sintomas apresentados – além de febre alta, havia manchas na pele e sangramentos na boca e nariz -, conclui-se que o homem sofreu de dengue hemorrágica. Porém, não há como confirmar se ele já havia sofrido com a doença antes, pois o indivíduo morava sozinho, não tinha familiares e nunca foi diagnosticado com a enfermidade. Sua última consulta em uma unidade de saúde municipal fora em 2007.
O secretário alertou que se tratou de um caso de negligência e que o descaso e o descuido com a dengue podem levar à morte. “O homem não procurou atendimento médico em nenhum momento, conforme verificamos em nossos registros. Foi uma fatalidade que poderia ter sido evitada, mas que mostra que, se não tomarmos cuidado, a dengue mata mesmo”, falou.
Na visão de Agajan Der Bedrossian, a vítima foi negligente duplamente, tendo em vista que, além de não buscar atendimento, foram encontrados diversos criadouros do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus que provoca a dengue, em sua residência, que foram prontamente exterminados por agentes da Secretaria Municipal de Saúde.
Atualmente, Londrina apresenta 44 casos confirmados da doença (dois terços são de pessoas de fora do município), o que, segundo Bedrossian, é um número relativamente baixo com relação a outras cidades, inclusive de menor porte. Mas enfatizou que, se a população não intensificar os cuidados preventivos, os números podem subir. “Não podemos lutar sozinhos. Os cidadãos têm que se conscientizar e fazer a sua parte, eliminando de suas casas, ou empresas, qualquer elemento que possa se tornar foco do mosquito”, disse.
O secretário frisou que apenas na zona rural de Londrina não houve detecção de alguém infectado, e que todas as regiões do perímetro urbano têm casos confirmados em número semelhante. “isso mostra que, independente de região e classe social, a doença está se alastrando e precisamos evitar”.
Por fim, Agajan Der Bedrossian afirmou que o trabalho de alerta e conscientização da Secretaria de Saúde continuará, de maneira ainda mais intensa. “Em locais onde são localizados criadouros do Aedes aegypti é feita a orientação inicial e, depois de uma semana, em nova visita, se constatarmos que a situação não foi mudada, aplicamos multa”, explicou.
O que é a dengue
A dengue é uma doença infecciosa aguda, causada por um vírus e que possui quatro sorotipos (Denv-1, Denv-2, Denv-3 e Denv-4). É transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais do mundo e, por isso, afeta também o Brasil. As epidemias se alastram geralmente durante o verão, após períodos chuvosos, já que o transmissor se reproduz em ambiente onde há acúmulo de água limpa e parada.
O quadro clínico do indivíduo contaminado pela dengue é amplo e pode acarretar desde uma simples síndrome febril até quadros graves de hemorragia e choque que podem levar ao óbito. No primeiro caso, o diagnóstico será o de dengue clássica, ou febra da dengue. Na segunda forma, mais grave, trata-se de dengue hemorrágica, ou febre hemorrágica da dengue.
Os sintomas geralmente se apresentam no terceiro dia após a picada. Na forma clássica, que é a mais comum, eles são febre alta, dores de cabeça, no corpo e nas juntas, na parte de trás dos olhos, além de manchas vermelhas espalhadas pelo corpo. Caso o paciente que já esteja com suspeita ou diagnóstico confirmado da enfermidade apresente dores fortes e contínuas na barriga, vômitos constantes e sangramentos na boca e nariz, o seu quadro clínico pode ter avançado para a dengue hemorrágica. As alterações corpóreas persistem até o 15º dia, mas a doença em si tem duração média de cinco a seis dias.
(Londrina, 24 de fevereiro de 2010)
 

Etiquetas
Mostrar mais

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo
Compartilhamentos