Prefeitura assina convênio para a construção da Ecometrópole

Administração municipal já participava das propostas defendidas pelo instituto há um ano e meio; projeto engloba ações ambientais que serão executadas na cidade
Transformar Londrina em referência nacional na gestão urbana ambiental. Esse é o objetivo do convênio assinado hoje (12) pelo prefeito Barbosa Neto, durante coletiva semanal. O documento envolve a Prefeitura de Londrina e o Instituto Ecometrópole e tem a pretensão de disseminar as propostas ambientais a empresas, comércios e, sobretudo, inseri-los no comportamento dos moradores.
A assinatura do convênio marca a entrada da Prefeitura no Programa, que começou há um ano e meio, com forte apelo na educação ambiental para adultos. Centenas de moradores, em grupos, universidades, empresas e escolas já assistiram às palestras e participaram da Caminhada de Bacia da Ecometrópole, poderoso instrumento que mostra in loco a conexão de qualquer área da cidade e o comportamento das pessoas e do comércio com o estado de saúde ambiental dos córregos e das ruas.
“Esse sonho vai se transformar em uma realidade fantástica para Londrina. O momento positivo vivido pela cidade reflete, principalmente, quando se trata do Ecometrópole. Um dos exemplos é a construção da Central de Tratamento de Resíduos (CTR), local que servirá de exemplo para o Brasil e o mundo”, afirmou Barbosa Neto.
Segundo o secretário do Meio Ambiente, José Novaes Faraco, o interesse da administração municipal em firmar a parceria era antiga. “Já emitimos R$ 600 mil reais em 40 autuações feitas pela Sema em dois meses, o que representa uma quantia impressionante e define a necessidade da conscientização da população. Educando e procurando melhorar o meio ambiente, esse é o objetivo da Sema”, disse o secretário.
Uma outra ação desenvolvida pelo instituto foi a divisão de Londrina em quatro grandes áreas urbanas, baseada nas imagens do programa virtual Google Earth, de acordo com as bacias hidrográficas. Nelas, se “encaixam” os 84 rios e córregos que cortam o território. Outros 600 córregos estão na área rural de Londrina. “O conceito é gerir a cidade a partir das águas, colocando os córregos urbanos como termômetro do nosso desenvolvimento”, disse um dos articuladores do Ecometrópole, o ambientalista João das Águas.
Uma série de sinalizações ambientais criadas pelo Ecometrópole, para bueiros, postes e outros locais serão incentivadas como alternativa às restrições da aprovação do Cidade Limpa. A sinalização ambiental mostra aos cidadãos as bacias do local e para qual córrego vão resíduos de lavagens de carros, calçadas e o destino do lixo, que a população joga pela cidade que, após entrarem nas bocas-de-lobo (bueiros), atingem os cursos hídricos de Londrina. “O desafio é mobilizar uma série de elementos, para que as pessoas entendam o funcionamento da cidade e como isso impacta os rios”, afirma o articulador.
João das Águas lembrou que a “ecomobilização” é fundamental para o sucesso da iniciativa. “Muitos hábitos rotineiros das pessoas são prejudiciais à natureza e a população nem sabe. Se uma pessoa deixa de varrer seu quintal, ou de conter a terra de seu terreno vazio, a chuva leva todo esse material pelos bueiros e, nos córregos, é o que provoca parte da poluição e o assoreamento”. Todo o efetivo da Guarda Municipal – 200 agentes -, 40 professores da rede municipal de ensino, funcionários da CMTU e do Ippul, além da Secretaria de Educação, já participaram de atividades ou palestras do Programa em Londrina.
O ambientalista disse que diversas atividades, como palestras, debates e campanhas, que estão em curso, serão ampliadas para levar à população os conceitos do projeto. “Queremos que os funcionários públicos, empresas e cidadãos gostem, entendam falem e pratiquem a verdadeira sustentabilidade”, pontuou. “E a prefeitura tem muitos desafios nesse campo”.
No convênio, a Prefeitura assume a tarefa de planejar e estimular municípios da chamada Região Hidrográfica de Londrina (RHL), um dos conceitos do Ecometrópole, para um trabalho conjunto de desenvolvimento sustentável. “Não adianta nada cuidar só de Londrina, se o Ribeirão dos Apertados, que nasce em Arapongas, é poluído desde a sua origem e, 10 km depois, já chega contaminado ao nosso município”, explica Luiz Penteado Figueira de Mello, presidente do Instituto Ecometrópole.
Para o assessor da Ordem Urbana e Rural do Município, Wanderley Batista, administrar conscientemente é administrar ambientalmente. “Poderemos levar os conceitos do projeto a programas municipais, como o Multitarefa, ou incluí-los no conteúdo programático das escolas da Rede Municipal de Ensino. São muito amplas as possibilidades”, analisou. Batista citou alguns exemplos de países que adotaram a prática ambiental como guia de seu governo. “Na América Central, por exemplo, temos o exemplo da República Dominicana, nação que se preocupou com essas questões, e o Haiti, infelizmente, é um dos lugares mais pobres do mundo, por não ter preservado o seu ambiente”, argumentou.
O assessor esclareceu que o acordo será praticado pontualmente, por meio de programas de ação em cada área. “Agora, temos uma união de forças para enfrentar problemas urbanos e ambientais. Trata-se de uma forma moderna de administração pública, que dialoga e se alia a setores privados”, observou. “É uma proposta de estabelecimento de uma legítima Ecometrópole, com a cultura da ecocidadania”.
Mais informações sobre o Instituto Ecometrópole em www.ecometropole.org.
Fotos: Luiz Jacobs




