Cidadão

Biografia de Oswaldo Diniz será lançada nesta sexta-feira

Jornalista, músico, artista e designer, Diniz marcou época na Londrina dos anos 1960 e 70; 120 exemplares serão distribuídos gratuitamente

Nesta sexta-feira (20), será lançada a biografia “Vou Lá e Faço: A Vida-Obra de Oswaldo Diniz”. Ela conta a história do jornalista, músico, artista e designer que marcou os anos 1960 e 1970, em Londrina. O livro foi escrito pelos jornalistas Felipe Melhado, Gabriel Daher e Teixeira Quintiliano e dedica-se a reavivar essa figura fundamental da história cultural londrinense, mas cuja vida e obra são raramente lembradas e pouco conhecidas das novas gerações.

Devido à pandemia viral,não haverá um evento de lançamento, mas o livro será distribuído a partir de sexta-feira, em dois pontos da cidade: na Loja Ciranda (Rua Hugo Cabral, 656) e no Nosso Sebo (Rua Paraíba, 205). Atualmente, os dois estabelecimentos funcionam em horário comercial, de segunda à sexta, das 10h  às 17h e, aos sábados, das 9h às 13h. Serão entregues, gratuitamente, 120 exemplares. Depois, a obra será vendida a R$ 40,00, no site do Grafatório (www.grafatorio.com). A tiragem total foi de 700 exemplares que, em breve, também estarão disponíveis para empréstimo nas bibliotecas públicas de Londrina.

A biografia tem patrocínio da Prefeitura Municipal de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROMIC). A classificação indicativa é de 14 anos. Ela é resultado de meses de pesquisas, consultas a jornais antigos, acervos particulares e de entrevistas com familiares, amigos, fãs e colegas de trabalho de Diniz. Tanto à pesquisa quanto à autoria foram realizadas a seis mãos, ou seja, por Felipe Melhado (jornalista e editor), Gabriel Daher (jornalista) e Teixeira Quintiliano (jornalista, músico e documentarista). O posfácio foi assinado pelo jornalista e historiador, Tony Hara. Em 142 páginas, fotos e depoimentos retratam a vida e o trabalho de Oswaldo Diniz, com ênfase em sua atuação em Londrina. O texto é um perfil biográfico com toques ensaísticos, uma leitura leve e veloz que pode ser feita em único dia.

A obra é um lançamento da Grafatório Edições, o design do livro foi assinado por Maikon Nery e Gustavo André, e inspirado na visualidade de revistas contraculturais dos anos 1960 e 70. A sobrecapa traz uma coletânea de notas escritas por Diniz e publicadas, originalmente, na Folha de Londrina. Já a impressão é artesanal, feita em serigrafia pelo Estúdio Kilz.

Sobre Oswaldo Diniz – Nascido em 1940, em Paraguaçu Paulista, no interior de São Paulo, Oswaldo Diniz mudou-se para Londrina no início dos anos 1960. Em um momento em que a cena teatral da cidade começava a fervilhar, seu espírito atirado e o jeito meio punk de produzir arte fizeram dele um dos realizadores mais capazes da cena local. Entre as diversas montagens que foram sucesso de público e de crítica, Diniz dirigiu peças transgressoras, revolucionárias para aquela Londrina de modos conservadores, servis, e que então era amplamente favorável à ditadura militar. Entre suas principais realizações estão as montagens de Revolução na América do Sul, de Augusto Boal, e de O Assalto, de José Vicente. Ambas peças foram vencedoras, em 1968 e 69, das duas primeiras edições do Festival Universitário de Londrina, uma mostra competitiva que daria origem ao celebrado FILO.

No entanto, a popularidade de Diniz na cidade, para além da vida teatral, era devida principalmente a sua atuação na mídia local. Ainda nos anos 1960, ele foi um dos principais nomes da TV Coroados, o Canal 3, primeira emissora de televisão do interior do Brasil. Ao lado do carioca David Conde, nos primórdios da teledramaturgia brasileira, Diniz produzia e dirigia peças que eram encenadas ao vivo na televisão local. Mas foram seus programas musicais que marcaram época na TV: Bossa Total, um programa dedicado à MPB que ele dirigia e apresentava junto de sua irmã Maria Lúcia Diniz, e Ala Jovem, uma espécie de versão local da Jovem Guarda, que ele produzia e apresentava com o irmão Edson Diniz e a cantora Marta Santos. Na aurora do rock’n’roll, Ala Jovem recebeu e divulgou inúmeras bandas de jovens de Londrina e de toda a região, dando grande impulso à cultura roqueira no Norte do Paraná.

Além de fazer enorme sucesso na TV, Oswaldo Diniz ainda trabalhou como radialista na Rádio Alvorada, onde comandou diversos programas de música e de entretenimento. No início dos anos 1970 fez parte da Folha de Londrina. No jornal, começou como designer gráfico num momento que o veículo se modernizava e, mais tarde, acumulou a função de jornalista. Diniz era colunista do jornal e foi o criador e editor do Caderno 3, de cultura e variedades. Em um momento de liberação dos costumes, o caderno trazia conteúdos antenados, modernos e às vezes polêmicos, como os retratos de homens seminus que estamparam a primeira página. Como jornalista do impresso registrou importantes momentos da cultura local, como o Festival Colher de Chá e o show Na Boca do Bode, além de ter atuado como designer nas primeiras edições do Brasil Mulher, um dos primeiros jornais feministas do país, editado em Londrina, por sua amiga Joana Lopes.

Após dez anos em São Paulo, Diniz retornou a Londrina no início da década de 1980, quando abriu um bar e lanchonete chamado Pão, Filé & Cia. Por um breve período, o bar se tornaria um dos redutos preferidos dos artistas, jornalistas e intelectuais da cidade. O fim da empreitada deu-se com o falecimento precoce de Diniz, em julho de 1984, aos 44 anos, com complicações no esôfago. Embora na época o diagnóstico fosse algo incerto, tudo leva a crer que Diniz tenha se tornado uma das primeiras vítimas do HIV em Londrina, o que consternou a todos os seus amigos, colegas de trabalho e admiradores.

Por onde passou, Diniz deixou marcas singulares com seu talento, seu faro para novidades, sua erudição pop, seu gosto plural e sem preconceitos e seu ímpeto realizador. Por isso ele cativou uma pequena multidão de amigos e de fãs na cidade. No entanto, ele também causou vários dissensos em Londrina: no teatro, foi acusado de ser um subversivo pela direita e de ser demasiado reacionário pela esquerda militante. A crítica ao seu trabalho feita pela esquerda mais ortodoxa foi o que levou Diniz, inclusive, a abandonar sua carreira nos palcos. Na televisão, antes da Tropicália embaralhar a polarização que existia entre a MPB e o rock, Diniz já transitava com desenvoltura entre esses estilos à frente dos programas Bossa Total e Ala Jovem, o que incomodava as cabeças mais binárias da cidade. Como homossexual assumido, ele incomodou também a mentalidade machista da província. E nos anos 1970, nas páginas da Folha de Londrina, ele foi um crítico criterioso dos ídolos da nascente contracultura, postura que desconcertava aqueles que o julgavam como um entusiasta acéfalo de tudo o que estava na moda.

Contatos para a imprensa: Maria Lúcia Diniz (irmã do biografado/musicista): (11) 94817-4852; Felipe Melhado (autor/editor): (43) 9 9111-2322 / (43) 9 9995-2788 (WhatsApp); Gabriel Daher (autor): (11) 9 4633-2259; Teixeira Quintiliano (autor): (43) 9 8418-3260.

Texto: Assessoria de Imprensa

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Dayane Albuquerque

Gestora de Comunicação - Jornalista da Prefeitura Municipal de Londrina, especialista em Comunicação Organizacional

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