Reta final do FILO 2023 traz vários espetáculos com diversão e reflexão crítica
Festival Internacional de Londrina termina domingo (2), depois de movimentar a cena local por 16 dias; programação ainda tem sete apresentações ao ar livre e em teatros da cidade

A edição 2023 do Festival Internacional de Londrina (FILO) termina neste fim de semana, mas ainda traz muitas atrações nas ruas e palcos da cidade. Até domingo (2), o público poderá assistir a sete apresentações de cinco espetáculos, com opções para crianças e adultos.
Nesta sexta-feira (30), às 19 horas, tem espetáculo de rua com o premiado grupo Clowns de Shakespeare, de Natal (RN), que apresenta “Ubu: O que é bom tem que continuar!” na Praça Tomi Nakagawa (próximo à avenida Leste-Oeste, entre as ruas Mato Grosso e Minas Gerais).
Com sátira política e um divertido jogo de metalinguagem, “Ubu…” fala de injustiças sociais, da disputa pelo poder e da manipulação de informações. Fruto da parceria entre os grupos Clowns de Shakespeare, Facetas e Asavessa, a montagem é inspirada no clássico “Ubu Rei”, de Alfred Jarry. De forma bem-humorada, o espectador irá se surpreender com os personagens Pai e Mãe Ubu, que, após fugirem da Polônia, ao terem sua tentativa de golpe frustrada, aportam em Embustônia, um país/lugar nenhum com ares latino-americanos. Nesse novo ambiente nonsense, entre influencers e cachos de bananas, eles continuam sua saga alucinada e insaciável pelo poder.

Logo depois, às 21 horas, na Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura da UEL (Av. Celso Garcia Cid, 205), a atriz Nena Inoue, de Curitiba (PR), compartilha com o público do FILO o resultado de uma investigação sobre ancestralidade, seu suposto passado indígena e as mulheres de sua família. O espetáculo “Sobrevivente” tem dramaturgia e direção de Henrique Fontes, que pesquisou registros familiares para reconstruir o caminho da historiografia da artista por meio do teatro documental.
Nena, que é descendente de japoneses, acredita que a montagem é uma forma de honrar todas as mulheres que tiveram suas histórias apagadas, principalmente as afrodescendentes e indígenas que não tiveram suas histórias oficializadas. “Eu me exponho, abro meu peito para que outras mulheres percorram as minhas/suas artérias para descobrirem quem somos”, afirma. “É uma história que dialoga com todos”, diz.
Na manhã desta sexta-feira (30), ocorreu a primeira apresentação da performance “Mil Litros de Preto – A Maré está Cheia”, que a artista Lucimélia Romão, da Bahia, reapresenta neste sábado (1), às 11h30, no Calçadão de Londrina (em frente ao Cine Teatro Ouro Verde). Em cena, uma piscina plástica de 400 litros, rodeada por 60 baldes etiquetados e cheios de um líquido vermelho – representação do volume de sangue de pessoas negras assassinadas diariamente pela polícia no Brasil.
A partir da necessidade urgente da performer em abordar a violência que o estado hegemônico opera diariamente sobre os corpos dissidentes, “Mil litros de preto” relata com veemência o cenário de abandono, muitas vezes sub-humano, em que é mantida a população negra no Brasil. O foco é o genocídio da juventude preta, cujos direitos básicos são negados. Como um grito contra a barbárie, a intervenção choca, toca, emociona.

Magia, afeto e resistência
No sábado (1) e no domingo (2), a programação do FILO convida a uma viagem com “Jasmim e a Última Flor”, espetáculo solo que a atriz e palhaça Lily Curcio, do Seres de Luz Teatro (Campinas) apresenta às 19 horas, no Espaço Villa Rica. Jasmim é um ser exilado dos povos extintos, nômade, sobrevivente e portadora da esperança simbolizada nesta flor. Juntas, elas lutam pela sobrevivência, com coragem para viver, sonhar e rir.
Ao se deparar com uma realidade depredada, em que a humanidade devorou a si mesma, Jasmim cuida da flor e zela amorosamente por ela. Um ato de resistência, lirismo e diálogo diante de situações adversas.
Para encerrar o FILO 2023, também com apresentações no sábado e domingo, o grupo Clowns de Shakespeare (RN) leva ao palco do Cine Teatro Ouro Verde, às 20h30, o espetáculo “Abrazo”, uma fábula sem palavras sobre encontros, despedidas, exílio, opressão, afeto e liberdade. Voltada a toda a família, com ênfase no público infanto-juvenil, esta é uma aventura por um pequeno país, onde quase tudo é proibido.
Um lugar cheio de regras, onde não é permitido abraçar. Livremente inspirado em “O Livro dos Abraços”, de Eduardo Galeano, este espetáculo transporta para o universo da criança temas complexos como ditadura, guerras e proibições. Os ingressos para os espetáculos estão à venda no site filo.art.br ou na plataforma Sympla.
A programação do FILO traz ainda os últimos bate-papos desta edição. No sábado, às 16 horas, Lucimélia Romão fala sobre a pesquisa e a trajetória de “Mil Litros de Preto – A Maré Está Cheia”. No domingo, às 14 horas, é a vez do Clowns de Shakespeare contar mais sobre as montagens “Ubu: O que é bom tem que continuar!” e “Abrazo”. As conversas, abertas ao público, acontecerão no café do Sesc Cadeião (Rua Sergipe, 52), com entrada gratuita.
Texto: Assessoria de Imprensa do FILO 2023