Violência contra criança e adolescente é tema de debate em Londrina

Intenção é fortalecer a luta no combate à violência praticada contra criança e adolescente; em Londrina há 1.216 casos em acompanhamento
A Prefeitura de Londrina, por meio da Secretaria de Assistência Social em parceria com as Secretarias de Educação e Saúde, realizou hoje (19), no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), um debate referente ao 18 de maio, Dia Nacional do Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O debate contou com o apoio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA).
Na abertura do evento, a secretária municipal de Assistência Social, Télcia Lamônica de Oliveira citou os casos de violência contra crianças e adolescentes em Londrina, atendidos pelo Centro de Referência Especializado em Assistência Social, CREAS III. Segundo ela, hoje existem 1.216 casos em acompanhamento. A maioria, 706 casos (58%), é de vítimas de violência sexual. Dos 706, 432 são contra meninas (62%) e 274 contra meninos.
Télcia citou também que em 62% dos casos a violência é praticada no contexto familiar. “A maioria dos
casos acontecem com pessoas que têm vínculo com a criança, que têm contato com ela e podem se aproximar”, destacou. A violência física aparece em segundo lugar nos tipos de violências praticadas, com 287 casos, que representam 23% dos atendimentos. Destes, 147 são meninas e 140 meninos.
Depois vem negligência, que registra o número de 71 casos, 6% dos atendimentos, e 71 casos de crianças e adolescentes em situações de rua, que é uma forma mais agravada da violência (6% dos casos). Também há 59 casos de violência psicológica ou emocional (5% dos casos) e 22 atendimentos de violência múltipla.
A secretária também citou a região sul e Londrina como a região de maior incidência ou de maior notificação dos casos, seguida da norte, leste, centro, oeste e rural. Sobre os autores dos abusos, Télcia informou que 171 são genitores (pais biológicos), 98 padrastos, 32 irmãos, 30 tios, 29 primos, 26 avós e duas madrastas.
A secretária disse que o trabalho está sendo feito para que se tenha uma rede de proteção fortalecida. “Precisamos ter um olhar para esta criança, que consiga identificar e entender os sinais que ela dá de que está sofrendo alguma forma de violência, para que nós consigamos encaminhar os casos”, ressaltou. Télcia citou que, além dos três conselhos tutelares existentes, está sendo implantado o quarto conselho tutelar, que vai possibilitar maior celeridade no acompanhamento e recebimento dos casos.
“Temos muitas lutas para serem feitas ainda e uma delas é para que se tenha, em Londrina, uma vara específica exclusiva para apuração dos crimes praticados contra a criança e adolescente”, ressaltou a secretária. Hoje a Vara Maria da Penha congrega, além dos crimes contra as mulheres e idosos, os contra crianças e adolescentes.
Após o pronunciamento da secretária foi apresentada uma peça teatral, chamada Ponto de Parada,
encenada por alunos da Escola Municipal de Teatro, que mostrou casos de violência contra crianças e adolescentes. A peça foi realizada com apoio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic). Em seguida teve a palestra “Violência contra a criança e o adolescente: Impactos e formas de enfrentamento”, com a psicóloga e mestre em psicologia e sociedade, Cristina Fukumori. A promotora vinculada à Vara de Infância e Juventude, Yara Raquel Faleiros Guariente, e a promotora vinculada à 6ª Vara Criminal Maria da Penha, Suzana Lacerda, fizeram uma palestra sobre o papel do Ministério Público na garantia de direitos das crianças e adolescentes em situação de violência.
Participaram do evento, representantes dos serviços da Educação, Saúde, Assistência Social, Conselheiros Tutelares, representantes da SEDS e do CMDCA. Também estiveram presentes as vereadoras Elza Correia, Lenir de Assis e Sandra Graça.
18 de maio
A secretária municipal de Assistência Social, Télcia Lamônica de Oliveira, explicou o motivo da escolha do dia 18 de maio para marcar o Dia Nacional do Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Segundo ela, nesta data, em 1973, no estado de Espírito Santo, uma criança de 8 anos, chamada Araceli, foi para a escola e desapareceu. Seis dias depois seu corpo foi encontrado desfigurado e com marcas de violência sexual. Na investigação do crime 14 pessoas foram assassinadas porque os possíveis autores eram de famílias influentes. Existia suspeita do envolvimento da mãe no crime. Em função da crueldade do crime, em 2000, foi sancionada a lei 9.970, que institui o 18 de maio como Dia Nacional de Combate e Enfrentamento à Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Fotos: Luiz Jacobs




