Cidade

Exposição artística conta a história e trajetória do Choro em Londrina

A mostra reúne 41 produções em bordado, além de documentos, fotos, instrumentos musicais e vídeos, entre outros, desde a década de 1930 até hoje

Tendo a arte do bordado como linguagem para mostrar ao público as memórias e a cronologia do Choro londrinense, a exposição “Londrina e o Choro no Fio da Agulha” será aberta nesta quarta-feira (18), no Museu Histórico (rua Benjamin Constant, 900, Centro). O evento é aberto à comunidade e começa a partir das 19h30, convidando todos a conhecerem os trabalhos, além do som de uma roda acústica de chorinho ao vivo.

Cerca de 40 bordados contam a história desse gênero musical na cidade, desde os primeiros sinais, entre as décadas de 1930 e 1940, até os dias atuais. A mostra, que ficará aberta para visitação até o dia 26 de novembro, tem curadoria da professora Olinda Evangelista e reúne trabalhos de 37 bordadeiras e bordadores de vários estados brasileiros, como Santa Catarina, Ceará, São Paulo, Paraná, Tocantins e Rio de Janeiro. Além das capitais desses estados, os bordados também vieram de cidades do interior como São João da Boa Vista (SP), Resende (RJ), Águas da Prata (SP) e Ourinhos (SP).

Foto: Divulgação

A iniciativa é do Clube do Choro de Londrina, que já desenvolveu e segue promovendo ações com o patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), e do Museu Histórico de Londrina. Conta com apoio da Apoio de UEL FM, Folha de Londrina, Robson Molduras, Carlos Pereira Luthier, Instituto de Desenvolvimento de Londrina (Codel) e regional Flor do Café.

Para narrar a trajetória do Choro na cidade e ampliar os horizontes de percepção dos observadores, a exposição também reúne, além do cenário artístico com bordados, documentos, fotos, instrumentos musicais que pertenceram a pioneiros, recortes de jornais e outros materiais com memórias afetivas ligadas a essa expressão musical que se consolidou no município ao longo das décadas. Haverá ainda uma integração virtual pela qual será exibido, por exemplo, o documentário Londrina Sorri para o Choro e outras produções em vídeo.

Foram bordadas partituras de composições autorais, como Chorando por Londrina, do bandolinista/cavaquinista Alberto Barroso (in memorian), e a composição Terno, do violonista Maurício Carrilho, homenageando o Clube do Choro de Londrina.

Foto: Divulgação

Um dos destaques do trabalho é a topografia do Choro londrinense, contemplando locais onde o gênero se apresentou e criou história, como o Grêmio Recreativo, onde se podia ouvir o repertório da famosa Orquestra do Gervásio; o Edifício Júlio Fugantti (onde foi fundado o Clube do Choro em 30 de março de 1976); Cine Teatro Ouro Verde; Shopping Com-Tour; Hotel Bourbon; os restaurantes Dona Menina e Brasiliano; o bar Madalena; o antigo Sabor e Ar. Também são mencionados locais onde já ocorreram as Oficinas de Choro, como os colégios estaduais Marcelino Champagnat e José de Anchieta – este último oferece atualmente aulas gratuitas de Choro.

Além disso, personalidades que contribuíram fortemente para que o gênero criasse raízes na cidade são lembradas: Frederico Bellinato (fundador e bandolinista “Cabeção”); Valmor Aparício (cavaquinista “Gaúcho”); Paulo Zamariano; Roberto Guerra Neto; Bráulio (trompetista conhecido como “Mão-de-Onça”); Liberto Resta (violinista); Giovani Faria (cavaquinista “Fininho”); André Vercelino e Frederico Henning (respectivamente pandeirista e bandolinista radicados no RJ); Guilherme Villela; André Coudeiro; Osório Perez e as contribuições importantíssimas que as mulheres deram ao Choro londrinense, remontando à década de 1970, a exemplo de uma de suas pioneiras, Hylea Ferraz.

Discos produzidos por londrinenses não ficaram fora da mostra, como Choros Inesquecíveis (2002), do Clube do Choro de Londrina; Café no Sangue (2005); Lucas Fiuza e regional Maria Boa (2017) e Nazareth na Terra do Café (2020) do Quarteto Ancestral.

Além dos bordados, os visitantes terão acesso a uma linha do tempo que abarca parte substancial do histórico do Choro londrinense, com as primeiras partituras e composições, como, por exemplo, o Chorinho Conversa do flautista pioneiro Antônio Scalassara, de 1935; o período em que os “chorões” tocavam na então TV Coroados em horário nobre, aos sábados, entre 1964 e 1973; a fundação do Clube do Choro em 1976 e as Oficinas de Choro, patrocinadas pelo Promic em tempos mais recentes.

Segundo a professora Olinda Evangelista, curadora da mostra, que também é bordadeira, a ideia da exposição nasceu de um encontro com Osório Perez, coordenador do Clube do Choro. “O Osório já possui vasta experiência tocando e divulgando o Choro, atuando em projetos culturais e formativos. Tivemos a ideia de conversar para trazer às pessoas a memória desse gênero e fomos amadurecendo o projeto, utilizando parte do riquíssimo acervo que o músico possui e contando com a colaboração de vários outros, incluindo famílias dos pioneiros que iniciaram essa história lá atrás. Fui convidando bordadeiras que topassem contar conosco essa trajetória, e quase 40 pessoas se dispuseram a contribuir. Enxergo no bordado uma forma importante de expressão da beleza humana. E nada melhor que possibilitar a exposição em um espaço tão importante como o Museu Histórico”, relatou.

Oficina de Choro em Londrina, iniciativa do Clube do Choro. Foto: Divulgação

Conforme Evangelista, quem for apreciar o conjunto exposto neste local terá aprendizados sobre como o Choro se desenvolveu na cidade, podendo assistir a vídeos e conhecendo composições em nível local e canções nacionais importantes que deram visibilidade ao gênero. “Mesmo sendo uma cidade ainda jovem, a região de Londrina já tinha o cavaquinho desde 1929, por exemplo, antes mesmo da fundação oficial do município. Os bordados e vários outros materiais reunidos vão transmitir informações e conhecimentos sobre o nosso Choro, especialmente quanto a sua evolução a partir de meados de 1970. Trata-se de uma história muito interessante e todos estão convidados a saber mais sobre ela”, salientou.

O coordenador do Clube do Choro, Osório Perez, disse que a proposta de trabalhar com o bordado está ligada à intenção que o projeto tem de aproximar o Choro de outras linguagens que não estejam diretamente relacionadas à música. “É muito importante alçar o Choro para ambientes diferentes. Já estivemos com o projeto em vários outros em espaços da cidade. As artes manuais, como o bordado, são versáteis e tem forte apelo estético, por isso pegamos esse gancho, que veio da sagacidade e vontade da Olinda Evangelista em fazer as coisas acontecerem. Tudo isso confluiu para a exposição dar certo. Revisitamos cada geração do Choro londrinense e é uma sensação muito boa recontar essa história a partir de uma perspectiva cronológica, mostrando o que ocorreu em cada período. É muito legal ter a oportunidade de utilizar parte dos arquivos antigos que guardo e preservo com grande carinho, e agradecemos imensamente a cada um que cedeu seus materiais e se empenhou em construir este processo a várias mãos”, destacou.

Visitação – O público londrinense pode conferir de perto a exposição “Londrina e o Choro no Fio da Agulha”, até 26 de novembro, no Museu Histórico, de terça à sexta, das 9h às 17h30; aos sábados, das 9h às 17h; e aos domingos, das 13h às 17h

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