Cidadão

Livro convida o leitor a explorar outras dimensões

“Intergalático”, do fotógrafo londrinense Guilherme Gerais, mostra imagens produzidas ao longo de quatro anos; projeto contou com patrocínio do Promic

 

livro.intergalatico A jornada de um suposto personagem em busca de algo, contada por meio de fotografias. Imagens misteriosas, evasivas, que remetem a universos internos e externos. Memórias, sonhos, miragens. O livro “Intergalático”, do fotógrafo Guilherme Gerais, é um caleidoscópio que leva o leitor a desbravar diferentes dimensões. “Essas dimensões estão no olhar de cada um, na forma pela qual cada pessoa se relaciona com as fotografias. Para o livro, essas ‘camadas’ são extremamente importantes, pois ditam um ritmo para o trabalho, colocam-no sempre em movimento, despertam sensações no leitor”, explica o autor.

A obra, que será lançada na quarta-feira (10), às 19h30 no Maquinótico (Avenida Garibaldi Deliberador, 714), é resultado de um trabalho realizado durante 4 anos (de 2011 a 2014), em diferentes cidades. “O livro não menciona em quais cidades foram feitas as fotografias, porque é importante não situar o leitor, geograficamente falando, mas sim fazer com que ele se sinta em um local desconhecido, inabitado, que sirva de cenário para a história”, conta Gerais.

Liberdade criativa

As imagens de “Intergalático” são fruto do uso de várias técnicas de composição fotográfica, que buscam causar diferentes sensações no leitor. “Fiz algumas das fotos com filme ISO 3200 (de alta sensibilidade), que dão um efeito bem granulado nas fotografias. Essas fotos mais ‘granuladas’ foram agrupadas todas no começo, criando uma espécie de prelúdio. Elas servem para abrir o livro, dando um clima fundamental para todo o trabalho”, exemplifica o artista.

Além do conhecimento fotográfico, Gerais utilizou-se de influências estéticas de diferentes meios para livro intergalatico compor o livro. “A minha vontade era de experimentar e convergir linguagens. Comecei a pesquisar projetos gráficos de algumas graphic novels. Nessas graphic novels, pude encontrar formas muito inteligentes de contar uma história com uso de elementos gráficos. Então surgiu a ideia de transformar o livro em um jogo. A capa do livro é um tabuleiro. Cada capitulo é organizado com fichas desse jogo. É um jogo com o leitor”, revela. Outra linguagem presente na obra são as ilustrações, realizadas pelo artista gráfico Arthur Duarte, que acompanham as fotografias. O projeto também contou com a participação do cineasta Rodrigo Grota, que contribuiu com um texto que faz parte da obra, além de ajudar na divulgação.

Durante a produção de “Intergalático”, o artista buscou dar espaço à criatividade, evitando prender-se a padrões rígidos. “O livro não tinha um roteiro, mas tive por muito tempo uma lista com várias ideias, que iam surgindo ao longo do processo. Algumas levei adiante, outras não. Eu tentei não controlar 100% todo o processo do livro, deixando o acaso participar do processo criativo também, assim como não escolhi ir a todas as cidades que fotografei.”

Essa liberdade criativa estende-se ao leitor, que pode interpretar as fotografias de diferentes formas. “Eu penso que, em qualquer trabalho, é sempre importante deixar espaços a serem preenchidos. Quando isso acontece, a obra ganha outra dimensão. Eu sempre gostei mais dos trabalhos que ficaram comigo depois de um tempo do que aqueles que te entregam tudo de imediato. São as obras que você pode revisitar, e elas ainda têm algo de incompleto. Permitem novas leituras, novas descobertas”, conclui o autor.

Promic

Para viabilizar a publicação do trabalho, Gerais contou com o patrocínio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic). “Foi fundamental, pois sem ele eu não teria o livro impresso. Com o Promic, pude auto-publicar o livro, sem precisar bater na porta de editoras, o que poderia ter resultado em mudanças no produto final. Toda a verba do programa ficou na cidade, com profissionais e empresas daqui”, explica.

Sobre o autor

Guilherme Gerais nasceu em Londrina, em 1987, e formou-se em Artes Visuais pela Unopar. Durante a graduação, interessou-se por fotolivros, tendo criado um fanzine fotográfico que contava as histórias de estudantes moradores de repúblicas da cidade. Este trabalho, que foi apresentado como monografia de conclusão de curso, acabou por ser a experiência que ensejou a criação de “Intergalático”.

Gerais também tem experiência no campo da produção cinematográfica. Em 2012, atuou como diretor de fotografia nos curta-metragens “Sylvia”, de Artur Ianckievicz, e “O Castelo”, de Rodrigo Grota. No ano seguinte, trabalhou em seis curtas metragens. Em 2014, prepara-se para fotografar “Leste Oeste”, de Rodrigo Grota, que será seu primeiro longa-metragem.

 

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