EM Maestro Roberto Pereira Panico realiza formações de IA para alunos e professores
Projeto conduzido em parceria com Unopar, UEL e IFPR incentiva uso de ferramentas de Inteligência Artificial para pesquisas estudantis e práticas pedagógicas
Para ampliar o conhecimento de alunos e professores sobre as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) e seus usos, a Escola Municipal Maestro Roberto Pereira Panico, localizada no Jardim São Vicente Palotti (zona leste), tem trabalhado essas tecnologias em suas práticas pedagógicas.
Realizado desde 2024, o projeto é conduzido em parceria com a pesquisadora em IA e professora Ana Mauricéia Castellani, da Unopar, e pelos grupos de pesquisa Somos e Plural, da mesma instituição. Também integra a iniciativa o Grupo de Estudos e Pesquisas em Didática, Aprendizagem e Tecnologias (DidaTIC), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), através da professora Dirce Aparecida de Moraes. Participa, ainda, o professor Flávio Navarro Fernandes, do Instituto Federal do Paraná (IFPR) – Campus Londrina.

Segundo a diretora da escola, Thatiane Verni Lopes de Araújo, as formações oferecidas aos docentes da unidade abordaram métodos para utilizar a Inteligência Artificial de modo a otimizar o planejamento das atividades de ensino. “Temos usado muito, por exemplo, para a organização da nossa feira de ciências. Ao elaborar os projetos de pesquisa, que são direcionados a cada grupo de alunos, os professores utilizaram essas tecnologias para fazer um melhor uso do tempo. Durante as capacitações e oficinas ministradas, eles aprenderam mais sobre os recursos da IA”, disse.
Na sequência, esse conhecimento começou a ser repassado pelos professores aos alunos da unidade. As ferramentas utilizadas são Chat GPT, Gamma (voltada à criação de apresentações) e Suno (que possibilita a geração de músicas de diferentes estilos).
Araújo contou que as crianças têm produzido canções cujas letras são geradas pelo Chat GPT e transformadas em música pelo Suno. Essas canções se relacionam com os conteúdos trabalhados em sala de aula. “Fizemos músicas sobre as festas juninas, a feira de ciências que será em agosto e a educação no trânsito, entre outros temas. Inclusive, estamos usando essas canções como o sinal de intervalo da escola”, salientou.

Além das músicas, os alunos utilizam as ferramentas de IA como coorientadoras para a pesquisa, durante as atividades realizadas na Sala Makerspace da escola, que enfocam as áreas de ciência e tecnologia.
A diretora da escola sublinhou que, nos últimos dias, as crianças tiveram a oportunidade de interagir com um robô que, através da IA e sensores, consegue ter conversas verbais com os usuários. O dispositivo, fabricado na China, foi cedido pela empresa londrinense Xyron.
Ainda conforme Araújo, todos os cerca de 500 alunos da unidade, do P5 ao 5º ano, participam de atividades que envolvem o uso da Inteligência Artificial. “Também estamos testando uma plataforma de IA do grupo Somos, que visa oferecer vários recursos tecnológicos e materiais para auxiliar o trabalho dos professores”, pontuou.
Ela destacou que os professores buscam explicar aos alunos a importância de elaborar prompts de comando corretos e detalhados para utilização nas ferramentas de IA. “Incentivamos que eles tenham o senso crítico para avaliar as respostas fornecidas pelas ferramentas de IA e entendam que elas não são uma verdade absoluta. O aluno vai utilizar a IA para fornecer orientações gerais sobre a sua pesquisa, mas também precisa se basear em outras fontes para obter a informação. É muito positivo ver que as crianças já aprenderam que podem utilizar a inteligência artificial para fazer pesquisas sobre seus próprios interesses, mesmo que esses conteúdos não sejam trabalhados em sala de aula”, afirmou.

A aluna do 5º ano Gabriela Kiataque Santi, de 10 anos, disse que já tinha tido contato com a Inteligência Artificial através de sua irmã, que a ensinou a usar o Chat GPT. Segundo ela, a IA pode ajudar bastante nas pesquisas e no aprendizado. “Eu aprendi a fazer a raiz quadrada e a raiz cúbica no Chat GPT, e aprendi melhor o português. Além disso, a nossa professora fez uma música muito legal com a Inteligência Artificial. Também quero experimentar fazer poemas e músicas”, realçou.
Apresentação dos resultados – Para discutir os resultados do projeto, Araújo estará em Curitiba de 16 a 18 de julho, participando do evento VI Fenda Dixital – Inteligência Artificial Generativa e os Novos Desafios na Educação, organizado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Na ocasião, ela vai apresentar dois estudos dos quais é coautora: “A Inteligência Artificial como Coorientadora no Desenvolvimento da Escrita Científica de Alunos do Ensino Fundamental” e “Parcerias que Transformam: Inteligência Artificial, Formação Docente e Produção Digital na Educação Básica”.

Outras iniciativas na área da tecnologia – Desde 2018, a Escola Municipal Maestro Roberto Pereira Panico conta com a Sala Makerspace, que foi implantada em conexão com a pesquisa de mestrado de Araújo. Envolvendo atividades de contraturno nos campos da ciência, tecnologia, artes, engenharia e matemática, o espaço incentiva os alunos a criarem soluções para problemáticas locais. Essas iniciativas são apresentadas inclusive em eventos externos, como a Feira de Profissões da Universidade Estadual de Londrina (UEL).
Além disso, os projetos desenvolvidos pelos alunos são inscritos em editais. Uma dessas iniciativas foi selecionada para participar do Garotas STEM, parceria do British Council com a Fundação Carlos Chagas que busca impactar meninas que, ainda em idade escolar, enfrentam os desafios para seu engajamento nas áreas de ciências. Através de recursos recebidos do British Council, foi possível implantar uma incubadora de ideias na escola, onde os projetos de pesquisa das crianças são testados e validados em atividades conduzidas na língua inglesa.
A unidade conta, ainda, com o Espaço 4.0, localizado em um container, onde há tecnologias como impressoras 3D e equipamentos de robótica. Mais recentemente, a escola foi credenciada como um ambiente de inovação pelo Sistema Estadual de Ambientes Promotores de Inovação do Paraná (Separtec), e recebeu um incentivo de cerca de R$ 100 mil para investimentos na área de tecnologia. “Nosso objetivo é nos tornarmos um hub na área de inovação”, conclui a diretora Thatiane de Araújo.




