Índice de infestação de dengue na cidade é de 0,5%
Resultados são referentes ao quarto e último LIRA do ano, que visitou 8002 residências; lixo é o principal foco do mosquito em Londrina
O setor de endemias da Diretoria de Saúde Ambiental divulgou, na tarde de hoje (27), o resultado do quarto Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (Lira) do ano. Um total de 15 técnicos e 32 coordenadores do setor, além dos agentes de endemias da Secretaria Municipal de Saúde, visitaram 8002 imóveis na cidade, entre os dias 18 e 21 desse mês. O Índice de Infestação Predial (IPP) do mosquito da dengue ficou em 0,5%, número que é considerado satisfatório para o Ministério da Saúde (o estado de alerta se caracteriza a partir de 1% de infestação).
A região leste da cidade foi considerada a mais problemática. A média de infestação nas regionais ficou em 1,01%, com destaque para a região do Marabá, que está em estado de alerta desde o levantamento anterior, em agosto. Os bairros no entorno da Vila Ricardo e do Novo Amparo também apresentaram índices altos de infestação. A região leste como um todo mais que dobrou o IPP em relação ao levantamento passado, quando tinha alcançado 0,47%.
Outra região que preocupa a Secretaria de Saúde em relação à dengue é o norte da cidade. O índice lá ficou em 0,6%, idêntico ao levantamento realizado em agosto. As regiões dos bairros Milton Gavetti e Aquiles apresentaram os maiores índices, e receberão atenção especial do setor de endemias. A região sul, apesar de ter quadruplicado o índice em relação a agosto, ainda está dentro dos padrões do Ministério. O Lira atual aponta 0,44% de infestação.
Na região oeste, o índice diminuiu. No levantamento de agosto, a infestação era de 0,37%, e, agora, em outubro, caiu para 0,33%. Apesar disso, a região do Tókio apresentou um aumento preocupante: em agosto, a infestação era nula, e nesse levantamento já está em 1,12%. A região central também apresentou queda no índice, que em agosto estava registrado em 0,3%, e caiu para 0,1% em outubro.
O índice total da cidade fechou em 0,5%, o que representa um aumento em relação ao levantamento de agosto (0,47%). Em comparação com o mesmo período do ano passado, no entanto, o índice caiu pela metade. Em outubro de 2009, o Lira apontava 1% de infestação.
Também foi apresentado o levantamento do número de casos de dengue na cidade desde dezembro do ano passado. No total, foram 1908 casos comprovados, e dois óbitos. Desses, 15 casos foram de dengue hemorrágica. A região central apresentou o maior número de casos da doença, com 812 pessoas. Foi seguida pela região leste, com 542; pela região oeste, com 230; a região norte apresentou 150 casos; a região Sul, 162 casos; e a zona rural da cidade, 12 casos.
O secretário de Saúde, Agajan Der Bedrossian, foi enfático ao esclarecer que os principais focos da doença são resultado do descuido dos londrinenses. “O lixo acumulado nos quintais, nos jardins, nas igrejas e nas empresas é responsável por 40% da infestação de mosquitos. 25% dos mosquitos foram encontrados em vasos, pratos e recipientes de plantas, e outros 20% em barris e tanques ao nível do solo. Enquanto não mudar a cultura, o comportamento das pessoas, a gente pode colocar 500, mil, dois mil agentes de endemias para trabalhar, que nós não vamos conseguir controlar o quadro”, ressaltou.
Bedrossian ainda fez um alerta ao feriado de Finados, comemorado no próximo dia 2, quando as pessoas vão aos cemitérios depositar flores. “É tudo o que o mosquitinho da dengue adora: vai estar calor, vai ter água das plantas, e vai ter um monte de gente circulando. Inclusive os horários de maior movimento nos cemitérios são o começo da manhã e o fim da tarde, que coincidem exatamente com os horários de maior atividade dos mosquitos. Todo cuidado é pouco nessa situação”, alertou o secretário.
Próximas ações
Além do levantamento do índice, a Diretoria de Saúde Ambiental divulgou as atividades que pretende implementar a partir dos resultados do Lira. Além de efetivar as reuniões com técnicos para definição dos rumos, o setor de endemias pretende reforçar as parcerias com a sociedade civil e estimular o trabalho comunitário. As áreas de risco e os casos suspeitos serão priorizados, com bloqueio e eventual utilização do fumacê.
Entre os destaques, está a adoção de uma nova medida do Ministério da Saúde, que determina a troca do insumo utilizado no combate ao mosquito. Agajan Der Bedrossian justificou a medida. “Os seres vivos, animais, até vegetais, têm capacidade de adaptação. Ao longo do tempo, o mosquito da dengue foi se adaptando, se “acostumando” ao veneno do larvicida. Agora, com esse novo insumo, mais eficiente, pretendemos combater o mosquito de forma mais eficaz”, explicou o secretário.
Foto: Luiz Jacobs