Londrina inicia vacinação da população em situação de rua contra Covid-19
Além da vacina, a Secretaria de Assistência Social garante o acolhimento desse público nas Casas de Passagem MMA e Morada de Deus e realização Operação Noite Fria com o micro-ônibus do Município

Começou, na manhã desta sexta-feira (2), a vacinação das pessoas que estão em situação de rua em Londrina. O grupo recebeu as doses da vacina Janssen, da fabricante Johnson & Johnson, e agora, com apenas essa dose, eles estão imunizados. Para acompanhar de perto a vacinação, a secretária municipal de Assistência Social, Jacqueline Marçal Micali, e o secretário municipal de saúde, Felippe Machado, estiveram no Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP), que fica na Rua Dib Libos, 25, esquina com a Av. Celso Garcia Cid, na região leste.
Além da aplicação da vacina no Centro POP, paralelamente, os servidores da Prefeitura de Londrina estão imunizando os cidadãos que se encontram abrigados. Aproximadamente 785 doses do produto foram destinados às pessoas em situação de rua. Somente na manhã de hoje, a expectativa era vacinar 70 indivíduos e outros 30 na parte da tarde. Amanhã (3), outros 150 devem receber o imunizante nos acolhimentos. Além desses, outros receberão a vacina nas ações da Operação Noite Fria.
“Muito provavelmente vamos conseguir completar o público-alvo com as vacinas da Janssen, levando-se em conta que alguns já receberam a vacina anteriormente, seja por comorbidade ou pela idade, e se necessário, a gente faz algum remanejamento de outro grupo, para atender a população em situação de rua, nesse momento”, ressaltou o secretário de saúde, Felippe Machado.

De acordo com a secretária municipal de Assistência Social, Jacqueline Micali, a escolha do produto da fabricante Johnson & Johnson deu-se ao analisar as condições e a probabilidade de retorno desse público para o recebimento de uma segunda dose, caso fosse necessário. Como existe uma dificuldade de encontrá-los, devido ao estado de itinerância dessas pessoas, a solução encontrada foi a administração das doses únicas.
“Hoje é um dia histórico, de muita felicidade e alívio para todos nós, porque vivemos dias muito tensos com os moradores em situação de rua. Desde o ano passado, estamos fazendo um operação muito grande para que não houvesse mortes por coronavírus e, por isso, montamos uma casa Covid-19 somente para os moradores em situação de rua”, disse a secretária.

No momento, a Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) está intensificando a Operação Noite Fria para atender aqueles que mais precisam. Segundo estimativa da pasta, aproximadamente 1.000 pessoas estão em situação de rua no Município.
Uma delas é Thays Lorraine de Lima, de 22 anos, que está nas ruas há nove meses, depois de ser expulsa de casa por ser usuária de cocaína desde os 14 anos. Ela, que sofre com asma, contou que pegou chuva e frio sem ter um agasalho ou cobertor para se esquentar nesses últimos dias. Desde ontem, quando conheceu o serviço do Centro POP conseguiu dormir em paz, no serviço de pernoite que o Município oferece.
“Estou muito feliz. Parece que é uma nova vida. Estava esperando pela vacina há tempo, mas achei que a gente da rua não ia ter. Aí ontem, elas do Centro POP falaram e eu contei que tinha asma, fui umas das primeiras a tomar a vacina. Estou muito feliz. Dormi no pernoite, tomei banho e a vacina e agora quero ver se consigo passagem para ir para São Paulo, para morar com a minha prima, porque na rua não consigo não”, desabafou Thays Lorraine.
Outro cidadão, que foi um dos primeiros a receber a vacina no Centro POP, foi Marcos Antônio Patrocinio, de 46 anos. Recentemente, ele conseguiu um emprego de servente de pedreiro e espera superar a vida nas ruas, que vem levando há mais de 4 anos, quando se divorciou e começou a usar drogas. Segundo Patrocinio, o medo tem sido o sentimento mais constante, desde quando iniciou a pandemia do Coronavírus. Isso porque, ele viu dois amigos – que estavam na mesma situação – morrerem devido à Covid-19.

Além disso, sabe-se que devido ao frio e os perigos de se viver nas ruas, é comum que as pessoas se aglomerem em grupos para se sentirem mais protegidas e para se manterem aquecidas. “A gente nunca fica sozinho na rua. A gente tá num lugar dormindo, daí de madrugada chegam os irmãos e não tem como mandar embora, porque eles tão no mesmo barco que a gente. Dá muito medo porque uns usam máscara, outros não, daí a gente acaba muito exposto. Mas, agora, graças a Deus tomei a vacina”, contou aliviado o morador.
O controle das pessoas que já foram vacinadas está sendo feito através do cartão do Sistema Único de Saúde (SUS) e por meio do serviço de Consultoria na Rua. Além desses serviços para o atendimento da população em situação de rua, a Prefeitura de Londrina ainda oferece à Casa Covid-19 e os acolhimentos para noites frias.
A Casa Covid-19 é um prédio da Assistência Social, que atende a população com suspeita e os casos leves que tenham a confirmação da infecção pelo coronavírus desde janeiro desse ano. Nesse espaço, os cidadãos são testados e quando positivados para a Covid-19, tem um espaço adequado para ficarem e manterem o isolamento. Se os acolhidos positivados apresentarem sintomas mais graves da doença, eles são encaminhados ao atendimento médico-hospitalar mais adequado. Há 15 vagas para esse atendimento.

Operação Noite Fria – A Operação Noite Fria começou em 15 de junho e, agora, conta com um micro-ônibus. Com ele, os servidores da assistência social circulam pelas ruas da cidade, buscando as pessoas que queriam pernoitar em algum dos serviços de acolhimento. Nessas unidades, os acolhidos têm direito a tomar banho e a se alimentar, e a Assistência Social os ajuda para retornarem ao seio familiar.
Além disso, eles passam por atendimentos especializados com a equipe psicossocial e, quando necessário, são encaminhados para outros serviços. “Nosso intuito é que essa população saia das ruas. Por isso, nos acolhimentos, eles têm serviço de banho, alimentação e retorno familiar. É muito importante que a população saiba que há um serviço e não apenas um barracão com colchão para as pessoas dormirem. É um serviço de atendimento e garantia da proteção social, com dignidade e cidadania”, reforçou a secretária de assistência social.
Atualmente, há 90 vagas para o acolhimento nas instituições Casa de Passagem Ministério de Missões e Adoração – MMA e Casa de Passagem Morada de Deus, que são parceiras da Prefeitura de Londrina. A partir de hoje (2), quem for acolhido nessas unidades poderá permanecer no local, não apenas por pernoite, mas sim permanentemente.
Como ajudar – A população que quiser ajudar, pode chamar a equipe da Operação Noite fria pelo (43) 99991-4568 para acolher a população em situação de rua. O serviço funciona de segunda a sexta-feira, das 8h até meia-noite, e aos sábados, das 9h às 20h. O serviço aceita chamadas telefônicas a cobrar também.
Para a imprensa: outras informações podem ser obtidas com a secretária municipal de Assistência Social, Jacqueline Micali, pelo telefone (43) 3378-0024.