Londrina debate políticas para prevenção da violência contra a mulher
Novo espaço ao Centro de Atendimento à Mulher, um Mapa Municipal da Violência, e a criação de uma nova Vara Maria da Penha foram algumas das propostas
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No último sábado (9), a Câmara Municipal de Londrina reuniu diversas autoridades para debater a violência contra a mulher e meios de se prevenir o surgimento de novos casos. A mesa-redonda intitulada “Avanços e Desafios da Rede Municipal de Enfrentamento à Violência contra a Mulher”, teve início às 9 horas e fez parte das atividades da 27ª Semana Municipal da Mulher, organizada pela Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres (SMPM).
O objetivo do encontro foi apresentar a situação atual de mulheres, crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica e sexual no Município de Londrina e debater medidas que possam ser implementadas para a diminuição desses casos. De acordo com a secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Nádia Oliveira de Moura, para tratar do assunto, está sendo elaborado um plano nacional de prevenção à violência.
Já na esfera municipal a intenção é fortalecer os serviços ofertados pela rede de enfrentamento à violência para a prevenção e proteção à mulher. Para isso, um novo espaço para o Centro de Atendimento à Mulher, que fique na região central da cidade, e facilite o acesso e a busca pelo serviço está em tramitação. A Prefeitura de Londrina, por meio da SMPM, também busca a construção de um Mapa da Violência Municipal, que identifique os números de casos, as formas de violência e as regiões em que essas agressões mais acontecem.
Isso porque, segundo Nádia, não há um banco de dados que unifique as informações trazidas pela SMPM, pelo Ministério Público do Paraná (MP/PR), a Vara Maria da Penha e a Delegacia da Mulher. “Estamos buscando um aprimoramento das informações para caminharmos no fortalecimento das políticas. Para que a gente aprimore cada vez mais os serviços de atendimento às mulheres, temos que fortalecer os serviços de prevenção e proteção à mulher. Queremos um Município onde as mulheres tenham qualidade de vida, que possam andar pela cidade e viver com suas famílias sem terem o problema da violência”, disse.
A intenção é que os poderes Executivo, Judiciário e Legislativo participem da criação do Mapa da Violência e auxiliem na construção de políticas públicas eficientes. Segundo a promotora de Justiça, do MP/PR, Suzana Lacerda, é fundamental debater a questão da violência contra a mulher nas escolas, de forma a educar os futuros adultos para que eles saibam distinguir comportamentos que não são aceitáveis e, dessa maneira, se tornem homens conscientes, que respeitem as mulheres, e adultas que se forem vítimas consigam denunciar nos órgãos competentes.
Atualmente, segundo Suzana, a maioria dos casos de violência doméstica e sexual contra meninas e mulheres acontece com menores de 14 anos, o que equivale a 52%. “O que a gente observa é que a maioria dos casos de violência doméstica abarca a violência contra as meninas. Os números mostram que, quando meninas de 12 a 14 anos são vítimas de violência doméstica ou há violência dentro da família, esses casos aparecem na escola de alguma forma, ou porque a criança não dorme ou o rendimento escolar não é bom. E não falar sobre isso impossibilita que esses casos venham à tona”, ressaltou.
A promotora de Justiça ainda explicou que muitas crianças e adolescentes estão aprendendo sobre o sexo dentro de casa, com os pais, com os padrastos, os tios e os avós ao vivenciarem situações de violência doméstica e não saberem que tal comportamento não é o adequado em relação a mãe. “A criança acha que um empurrão, um puxão de cabelo, um beliscão, um palavrão ou palavras depreciativas para a mãe seriam um comportamento normal, por isso é preciso que se fale da questão da violência nas escolas”, finalizou Suzana.
De acordo com dados do Fórum Nacional de Segurança Pública, apresentados durante a mesa-redonda, dentre a atitude da mulher em relação à agressão mais grave sofrida nos últimos 12 meses, 22% procuraram um órgão oficial para denunciarem, 29% procuraram orgão não oficial e 56% das vítimas ainda se calam por diversos motivos, como por medo, falta de crebilidade na Justiça, pelos filhos ou ainda por não ter condições financeiras para se manterem sozinhas.
Na tentativa de diminuir o número de novos casos na cidade, o Ministério Público propôs uma maior divulgação da Lei Maria da Penha e a criação de grupos reflexivos para os homens agressores, com base nos modelos bem-sucedidos que já existem em São Paulo, Rio Grande do Norte, Goiás e no Mato Grosso. A reincidência de agressões por parte de homens agressores que participam de trabalho reflexivo fica em torno de 2%, segundo o MP.
Outra demanda que está sendo pleiteada em Londrina é a criação de uma segunda Vara Maria da Penha e de uma Delegacia da Mulher 24 horas por dia. Para isso, nesta quarta-feira (13), representantes do Poder Judiciário e Legislativo de Londrina vão a Curitiba, para um encontro com o desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira. “Vamos a Curitiba para levarmos a demanda de uma nova Vara Maria da Penha em Londrina para o desembargador e estamos tentando uma agenda com o governador do Paraná para emendarmos com a necessidade de uma Delegacia da Mulher 24 horas, que é de suma importância para nós, porque pode ser que até as 18 horas ninguém tenha sido agredida e pode ser que dali em diante, duas, 10 ou 15 mulheres sejam. Além disso, pretendo continuar conversando com as entidades, sociedade e os poderes públicos para trabalharmos na prevenção à violência e na conscientização do agressor”, disse a vereadora Daniela Ziober.
Outras ações – Além dessa mesa-redonda, a 27ª Semana Municipal da Mulher apresenta diversas atividades durante esta semana e nas próximas. A programação completa pode ser acessada pelo https://goo.gl/2v8FKD.
Oficinas na Casa da Mulher (Rua Valparaíso, 189 – Parque Guanabara)
- Segunda-feira (11/03)
Oficina de Boneca de Pano – com Laudicéia Coutinho, das 14h às 16h, para o primeiro encontro.
Oficina de Beleza Natural – com Paula Teodoro do CMDM, das 14h às 16h. Organização do Coletivo Feminista Classista Marielle Franco.
Oficina de Pomada Natural – com a ministrante Nathália Yuri, das 16h às 18h, com organização do Coletivo Feminista Classista Marielle Franco.
- Quarta-feira (13/03)
Oficina de Ovo de Colher e Bombons de Chocolate – na Casa da Mulher (SMPM), com turmas nos dias 13, 20 e 27/03, das 14h às 16h, com a professora Sônia Gerin.
- Quinta-feira (14/03)
Oficina de Pacth Apliqué- com Rosemary Oldemberg, das 14h às 16h. O curso terá aulas também nos dias 21 e 28 de março, no mesmo local e horário.
Oficina de Cestaria em Jornal para Páscoa- com a ministrante Ângela Maria Firmino, das 14h às 16h. Haverá aulas também nos dias 14 e 26 de março e 02 de abril.
- Quinta-feira (14/03)
Palestra Juntas Somos Mais Conscientes – sobre Feminicídio, com a palestrante Liange Doy, que conversará com os participante das 14h às 16h, na Avenida das Torres, 630 – Alto da Boa Vista. A organização é do CAMAR e da SMPM.
Roda de Conversa Juntas Somos Mais Confiantes – com a psicóloga Lisnéia Rampazzo que tratará do tema “Autoconfiança”, a partir das 8h30, na Belagrícola, que fica na Rua João Huss, 74.
- Sexta-feira (15/03)
Oficina de Modelagem de Roupas – com Tereza Urbano, das 14h às 16h, na sede da Casa da Mulher.
Palestra Juntas Somos Mais Fortes – sobre Feminicídio, com a palestrante Liange Doy, que abordará o assunto 10h30 e 15h30, na Escola Municipal Odessio Franciscon, que fica na Rua Osmy Muniz, 750, no Jardim Hilda Mandarino.
Texto: Ana Paula Hedler