Prefeitura homenageia Prestes Maia nomeando Parque Ecológico no Lago IV
Francisco Prestes Maia foi o autor da primeira lei a se preocupar com a proteção dos fundos de vales e a estabelecer as regulamentações sobre os loteamentos em Londrina; Lei Municipal nº 133/1951 foi uma das pioneiras no Brasil
Na manhã desta terça-feira (7), o prefeito Marcelo Belinati e o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), Tadeu Felismino, anunciaram o envio do Projeto de Lei Municipal que denomina a área do entorno do Lago Igapó IV como Parque Ecológico Francisco Prestes Maia. A ação é uma homenagem ao arquiteto e urbanista e engenheiro civil que elaborou a primeira Lei de Zoneamento Urbano de Londrina e uma das pioneiras no Brasil.
Além do anúncio feito pelo prefeito, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul) promoveu o debate “Diálogos Urbanos 2021”, no auditório da Prefeitura de Londrina. A transmissão do evento está disponível na página do Ippul no Facebook (www.facebook.com/ippul.londrina).
Prestes Maia foi contratado pelo primeiro prefeito eleito de Londrina, Hugo Cabral, para elaborar um plano urbanístico para Londrina. Além de um plano viário, o material continha as primeiras normas de parcelamento, uso e ocupação do solo para a cidade. Assim, em 1951, o arquiteto e urbanista previu a proteção dos fundos vales urbanos, determinando margens não edificáveis de 30 metros ao longo dos mais de 100 cursos d’água. Fato, este, que ajudou a preservar até hoje os diversos fundos de vale de Londrina.
Consequentemente, a homenagem ao arquiteto, urbanista e engenheiro civil marca também os 70 anos da promulgação da Lei Municipal nº 133/1951, elaborada por ele. Essa foi uma das primeiras do Brasil a se preocupar com a proteção dos fundos de vales e a estabelecer as regulamentações sobre os loteamentos do município de Londrina. “Essa é uma homenagem que Londrina devia ao Prestes Maia, que teve um papel tão importante na vida da cidade. Ele foi o autor da lei que permitiu que Londrina crescesse de maneira sustentável, sem perder qualidade de vida. Foi uma lei pioneira no Brasil e, graças a isso, permitiu que a cidade partisse de 30 mil habitantes para os 600 mil que temos hoje. E a cidade flui, funciona e tem poucos problemas comparativamente com outros municípios”, disse o presidente do Ippul.
Segundo o professor de arquitetura da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Fausto Carmelo de Lima, Londrina foi a primeira cidade do Brasil a fazer a preservação dos fundos de vale, o que apareceu no país somente com a Lei nº 6766, que é a lei de loteamento e que estabeleceu os mesmos parâmetros que já eram adotados em Londrina, para se evitar as inundações nas cidades.
Para o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, é importante que a população sempre esteja atenta aos cuidados que o desenvolvimento urbano do Município requer, seja participando de debates como o realizado hoje pelo Ippul ou sugerindo, criticando e ajudando a melhorar as políticas públicas, como vem acontecendo com os debates para a elaboração do Plano Diretor de Londrina e do Masterplan. “O Plano Diretor é uma grande oportunidade para o crescimento da cidade, onde temos que conciliar as opiniões divergentes para chegarmos a um ponto de equilíbrio, com menos burocracia e mais preservação do meio ambiente e qualidade de vida para todos. É a maior oportunidade que temos de discutir a lei geral e prepararmos Londrina para os próximos anos”, disse Marcelo.
Sobre o Parque Ecológico – O Projeto de Lei assinado hoje pelo prefeito visa criar a área do fundo de vale do entorno do Lago Igapó IV um Parque Ecológico. Naquela região, a Prefeitura de Londrina tem feito um grande projeto de revitalização, que contempla toda a hidrobacia do Cambezinho. Essas ações abrangem desde o início da hidrobacia, nas proximidades da Sociedade Rural do Paraná (SRP), e chega até o lago do Parque Municipal Arthur Thomas.
Ela abrange cinco lagos em áreas públicas, que são: Parque Arthur Thomas e os Lagos Igapó I, II, III e IV, além de um lago em uma área privada, nas proximidades da SRP. Isso torna a hidrobacia do Cambezinho a maior bacia dentro do perímetro urbano. Entre os seis lagos, o Lago Igapó IV o menor deles e servirá de laboratório. “Os lagos são os principais ativos ambientais, de lazer e de turismo do Município. Por isso, queremos aplicar esse projeto piloto no Igapó IV e testar as soluções baseadas na natureza”, disse Felismino.
Dessa maneira, para o desassoreamento do lago, por exemplo, ao invés de retirar os sedimentos e transportá-los para outro local distante, busca-se uma solução para depositá-lo nas proximidades e maneiras para que isso não volte a acontecer, como implantando caixas e sistemas de drenagem de água. “O desafio para os próximos anos do Município é o cuidado dos fundos de vale e das áreas para a população poder usufruir e habitar. A revitalização usando as soluções baseadas na natureza é uma proposta de ocupação desses espaços. É um novo jeito de pensarmos a ocupação dos fundos de vale. Então, será uma experiência que veremos como ela evolui. A expectativa é boa e sempre ficamos ansiosos, torcemos para que ela funcione”, disse Lima.
Sobre o homenageado – Prestes Maia foi uma pessoa notória em sua área. Foi duas vezes prefeito da cidade de São Paulo, nos anos 1930 e 1960, e um dos responsáveis pela consolidação da profissão de arquiteto e urbanista, ajudando a criar na maior cidade do Brasil o Plano de Avenidas de São Paulo. Também integrou a Sociedade de Arquitetura de Lisboa e a Sociedade de Arquitetos do Uruguai, onde publicou diversos trabalhos e foi professor universitário. Além do legado arquitetônico, Prestes Maia deixou um acervo de mais de 12 mil livros, que atualmente integram a Biblioteca Municipal Francisco Prestes Maia, em Santo Amaro (SP).